Cristovam quer criar comissão para acompanhar possibilidade de guerra civil na Bolívia



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu nesta sexta-feira (11), em pronunciamento da tribuna, a criação de uma comissão específica ou mesmo a formação, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), de grupo de estudos com o objetivo de acompanhar a crise interna na Bolívia, que pode levar o país a uma guerra civil a partir de agosto, caso a assembléia constituinte não declare a binacionalidade do país.

- O Senado não pode ficar alheio a essa possibilidade. Não podemos ser surpreendidos, para não ficarmos paralisados diante dessa guerra - alertou Cristovam.

Em seu pronunciamento, Cristovam explicou que a guerra civil poderá ocorrer porque a parte rica da Bolívia, comandada pelos grupos da chamada Meia Lua (região que vai da parte sul até o oeste do país), deseja tornar-se independente. O movimento separatista é motivado, segundo o senador, pela política populista do presidente Evo Morales, voltada somente para os pobres, que ocupam 70% do território daquele país, em detrimento das regiões mais prósperas.

Como lembrou o parlamentar, em agosto encerra-se o prazo de trabalho da assembléia constituinte da Bolívia, convocada no final do ano passado, e os representantes da região mais desenvolvida economicamente do país exigem que a nova Constituiçãotransforme a Bolívia num país binacional, separando e respeitando os direitos de diferentes regiões e, em conseqüência, dando autonomia à região da Meia Lua.

Recém-nomeado membro do Parlamento do Mercosul, o senador pelo Distrito Federal afirmou que o assunto é preocupante e que as repercussões para o Brasil são muito mais sérias do que as da crise criada pelo governo boliviano com relação à Petrobras. A empresa se viu obrigada a vender à Bolívia suas duas refinarias instaladas naquele país após a decisão do atual governo boliviano de nacionalizar o setor de gás natural.

- A crise tem prazo: agosto. Se a assembléia constituinte não previr a transformação da Bolívia num país binacional, poderá ocorrer a guerra civil. Isso, na fronteira do Brasil, pode representar uma das maiores tragédias nas nossas relações exteriores - alertou Cristovam.

Segundo o parlamentar pelo PDT,não adianta ao Brasil, neste momento, ficar indignado diante do que fez o governo boliviano em relação à Petrobras, pois é preciso olhar as relações entre os dois países sob a perspectiva do futuro.

- Fomos condenados a viver com a Bolívia e outros países vizinhos e não adianta querer pensar que podemos fazer o que queremos. Temos que atravessar os problemas pontuais e manter um bom relacionamento - aconselhou Cristovam, para quem o Brasil não pode ter outro comportamento que não seja o de ajudar a Bolívia a sair desse conflito interno.

Em aparte, vários senadores se pronunciaram. Para Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da CRE, a comissão tem a obrigação de discutir e acompanhar essa crise interna da Bolívia. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) destacou que uma guerra civil na Bolívia traria "conseqüências inimagináveis" para o Brasil.

O líder do DEM, José Agripino (RN), afirmou que sua preocupação é quanto à política populista do presidente Evo Morales, que, avaliou, está causando, dentro da Bolívia, o movimento separatista, e no Brasil, uma "situação de humilhação diplomática".

Valter Pereira (PMDB-MS) lembrou que o rompimento unilateral de contrato da Bolívia com o Brasil pode abrir um precedente a ser copiado por outros países vizinhos, como o Paraguai, cujos candidatos ao governo já estariam, segundo o parlamentar, pregando o endurecimento das relações comerciais com o Brasil.

11/05/2007

Agência Senado


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