Cristovam quer que indústria do Brasil passe de mecânica a tecnológica



Depois da crise de 1929, o presidente Getúlio Vargas criou as bases para transformar o Brasil de um país rural, agrícola e exportador em uma nação urbana, industrial e voltada para o mercado interno. Lembrando essa experiência, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que aproveite o momento para alterar a indústria brasileira de modo que ela passe de mecânica a tecnológica.

- No subterrâneo da sociedade há uma disputa entre dois projetos: o da economia produtora, depredadora da natureza, incompatível com o meio ambiente, e o de uma economia sustentável. Devemos sair da economia industrial mecânica para a economia da inteligência, do conhecimento. Aí está o futuro, como em 1930 estava na indústria mecânica: está na indústria do conhecimento, da produção do saber, ao mesmo tempo compatível e equilibrada com o meio ambiente - afirmou Cristovam Buarque.

Na avaliação do senador, discute-se muito o tamanho da crise, se ela é uma marola, uma marolinha ou um tsunami, e pouco se fala na sua verdadeira causa. Para Cristovam, os considerados vilões, os bancos, também foram os responsáveis pelas altas taxas de crescimento registradas na economia mundial nos últimos anos. Como a soma do que se produz tem um valor maior do que o dinheiro em circulação, as pessoas foram se endividando para comprar. Quando descobriram que não tinham como pagar as dívidas, quebraram.

Apesar de propor ao governo que modifique a base na qual está assentada a economia brasileira, Cristovam Buarque concordou com as medidas tradicionais já adotadas pelo governo Lula, entre elas a de preservar a indústria automobilística. O senador lembrou que Getúlio Vargas fez o mesmo quando autorizou a compra de milhares de sacas de café e mandou queimá-las, visando recuperar o valor do produto no mercado mundial e também para não interromper a produção no país.

- Mas Getúlio pensou mais do que isso: passou a proteger a indústria nacional, criou os instrumentos necessários para que este país se industrializasse e, de fato, mudou o Brasil. O presidente Lula precisa, sim, manter esses financiamentos para que não tenha quebra, mas tem que entender que o futuro não está por aí - opinou Cristovam.

O futuro, para o senador, está na exportação de ciência e tecnologia. Por isso o governo federal deve investir na criação de empregos nos setores tecnologicamente de ponta. Até o gasto para manter a indústria tradicional pode ser alterado. Cristovam sugeriu ao governo que, em vez de conceder vantagens fiscais às montadoras, compre ambulâncias, tratores, ônibus e transportes escolares.



15/04/2009

Agência Senado


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