Cristovam quer revolução educacional para completar Lei Áurea



"Precisamos tomar consciência de que não somos diferentes, hoje, dos parlamentares do tempo da abolição da escravatura". O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) comparou que, da mesma forma que senadores durante a sessão que aprovou a Lei Áurea tentaram protelar a decisão argumentando que a libertação dos escravos inviabilizaria a agricultura e causaria prejuízos ao país, hoje em dia parlamentares alegam falta de recursos para adiar uma revolução na educação do país que garanta escolas com a mesma qualidade para os filhos dos ricos e os dos pobres.

- Mudaram as palavras: antes eram escravos, agora são meninos de rua; antes eram senzalas, agora são pontes, acampamentos e refugiados. Acabou a possibilidade de vender seres humanos, mas continua a permanência do desemprego. A chave de tudo está em garantir que no país a escola será igual. Pobres e ricos não precisam ter carro, comida ou roupas iguais, mas é imprescindível que eles tenham educação com a mesma qualidade - afirmou Cristovam Buarque.

Da mesma forma que a Lei Áurea, proposta pela princesa Isabel, determinava o fim da abolição em todo o território nacional, em vez de delegar a responsabilidade da decisão para os estados e municípios, disse Cristovam, o governo federal deve assumir a responsabilidade, que hoje é das prefeituras, de garantir o ensino básico para toda a população.

Na avaliação do senador, são necessários R$ 7 bilhões por ano para o país conseguir dar o salto na educação que necessita. Ele disse que não é difícil conseguir esses recursos em um país no qual a estatal Petrobras acumulou um lucro de R$ 26 bilhões, em 2006, e o Congresso e o Judiciário gastam, anualmente, respectivamente R$ 5 bilhões e R$ 15 bilhões. Sua idéia é priorizar a educação na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

- Primeiro alocamos os recursos que serão destinados à educação, depois discutimos quem vai perder, se o Congresso, a Justiça, as estradas ou os portos. Temos que colocar a educação em primeiro lugar, pois é a única forma de completarmos a abolição - disse Cristovam.

Em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) sugeriu a recriação do cargo de inspetor de ensino federal para fiscalizar a qualidade do ensino público. Presidindo a sessão, o senador Romeu Tuma (DEM-SP) apoiou as propostas apresentadas por Cristovam Buarque e declarou que a luta do parlamentar não será em vão.

14/05/2007

Agência Senado


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