Cristovam: se Lula e Amorim conseguirem concessão do Irã, Brasil será protagonista nas negociações pela paz
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) desejou ao presidente Lula e ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, êxito no encontro com o presidente do Irã, Mahoud Ahmadinejad, com quem o governo brasileiro espera estabelecer um diálogo sobre o programa nuclear do Irã. Para o senador, se o presidente e o chanceler conseguirem uma concessão do Irã, o Brasil "terá dado o maior salto de protagonismo nas negociações mundiais pela paz em toda a história":
- Se essa viagem conseguir trazer a paz, se conseguir fazer o mundo respirar com tranquilidade diante do que vai fazer o governo iraniano daqui para frente com seu poder de controlar a tecnologia do enriquecimento do urânio, se o governo brasileiro, se o presidente Lula e o ministro Celso Amorim conseguirem fazer o mundo respirar aliviado, a presença lá fora será graças a eles, mas também do Brasil inteiro.
Cristovam disse ter a impressão de que não foram percebidas até agora a importância e as possibilidades dessa viagem ao Irã, mas somente os riscos. Ele reconheceu que é um risco muito grande tomar uma posição contra a corrente mundial e admitiu que ninguém tem certeza do que o Irã fará com o urânio enriquecido. Para o senador, o medo e a tensão são justificáveis, e o mundo inteiro tem de estar preocupado com a proliferação de armas nucleares, seja em relação ao Irã ou a qualquer outro país.
O parlamentar disse ainda que uma leitura cuidadosa dos jornais indica que já deve haver alguma coisa positiva acordada com o presidente do Irã e mostra mudanças na reação dos outros países. Ele observou que os governos americano e francês já manifestaram seu entendimento de que o governo brasileiro é a última chance do Irã. E completou:
- Espero que a gente possa amanhã ou depois ler nos jornais que o Brasil teve um papel fundamental, na medida em que conseguiu do governo iraniano um gesto na direção de dar as garantias que permitam dizer: graças ao governo Lula, graças ao Brasil e à sua intervenção no cenário internacional, pelo menos o Irã não vai continuar como a proliferação de armas nucleares - disse. O senador desejou ainda que Lula e Amorim, em nome do Brasil e dos brasileiros, se transformem em "fazedores da paz".
Cristovam acrescentou que, terminadas as conversas em torno da questão do programa nuclear, o presidente Lula deve dar o passo seguinte: entabular negociações para que o Irã possa, observadas todas as especificidades religiosas que tenha, respeitar os direitos humanos. Para Cristovam, é inadmissível que as mulheres não tenham os seus direitos respeitados, que não haja liberdade para a opção sexual, que a liberdade religiosa não seja absolutamente plena, que a liberdade de imprensa esteja cerceada.
Em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) expressou sua apreensão em relação às denúncias de desrespeito aos direitos humanos no Irã. Já o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), referindo-se ao "déspota iraniano", disse temer que a visita do presidente Lula ao Irã possa significar para muitos "um aval, um estímulo, a consagração daquilo que tem que ser repudiado pelos democratas em todo o mundo".
Ao final do seu discurso, Cristovam afirmou que, na hipótese de nada der certo na conversa entre os presidentes do Brasil e do Irã, Lula poderá dizer: "Eu tentei e a partir de agora posso me sentar ao lado de quem quer impor sanções ao Irã".
14/05/2010
Agência Senado
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