Opção do Brasil é pela paz, afirma Amorim



O Brasil insistirá em sua posição contrária à deflagração de uma guerra contra o Iraque, anunciou nesta quinta-feira (27) o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante audiência pública promovida no Plenário do Senado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Mas o governo brasileiro reconhece, segundo o chanceler, que hoje é pequena a possibilidade de solução da questão de forma pacífica.

- Raras vezes na história, a diplomacia brasileira se viu confrontada com uma situação tão séria de risco de guerra, mas até que o primeiro tiro ocorra acreditamos que a guerra seja evitável. Esta pode até ser entendida como uma atitude ingênua, mas vamos defender a paz enquanto for possível, mesmo porque essa guerra não interessa, de nenhuma maneira ao Brasil - declarou o ministro Celso Amorim, após fazer um histórico dos conflitos relacionados com o Iraque em sua exposição inicial.

Segundo o ministro, os problemas iniciaram-se em 1990, quando o Iraque invadiu o Kuwait, e a Organização das Nações Unidas (ONU) determinou sanções contra aquele país, exigindo que as armas de destruição em massa iraquianas fossem desativadas. Como o Iraque não atendeu às determinações desde então, narrou Celso Amorim, aconteceram várias crises, impasses e dificuldades nos trabalhos dos inspetores da Organização dos Estados Unidos (ONU) sobre os arsenais daquele país.

Atualmente, explicou o ministro, a questão principal reside no fato de os Estados Unidos alegarem que o Iraque, além de não se desarmar, teria ligações com o terrorismo e possuiria um chefe de Estado não confiável - Saddam Hussein. Por isso, acrescentou Amorim, os Estados Unidos apresentaram uma resolução ao Conselho de Segurança da ONU, com apoio da Inglaterra e da Espanha, que possibilita o uso da força contra o Iraque.

Por outro lado, esclareceu o ministro, os demais países do conselho recusaram a autorização e decidiram pela intensificação das inspeções no Iraque. Esta é, de acordo com Celso Amorim, a disposição do Brasil, que tem intensificado as conversações com os países membros do conselho, defendendo a solução pacífica.

Ele disse que o aspecto político de difícil superação no conflito, relacionado com a alegada falta de confiabilidade no governo de Hussein, é o -verdadeiro pano de fundo que transcende as demais causas das dificuldades atuais-.

- Existe uma ambigüidade clara nesta questão. De um lado, existe a necessidade de desarmamento do Iraque. De outro, permanece uma dúvida quanto ao grau de confiabilidade nos propósitos de Saddam Hussein. Até o próximo dia 7 de março - quando os inspetores apresentarão um novo relatório sobre as armas do Iraque à ONU - o Brasil continuará atuando no sentido de encontrar uma saída de paz para o conflito - disse ele.



27/02/2003

Agência Senado


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