Cristovam sugere movimento contra corrupção
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu em Plenário, nesta sexta-feira (26), a realização do movimento "corrupção nunca mais", similar ao "tortura nunca mais", feito na época da ditadura. O senador também recomendou ao governador de Brasília afastado, José Roberto Arruda, participar do movimento escrevendo um livro no qual conte tudo o que sabe sobre a corrupção na política brasileira.
Na avaliação de Cristovam, Arruda estaria em condições de contribuir com a luta contra a corrupção no país e, ao escrever sobre os meandros do processo de corrupção na política, poderá colocar Brasília na história do combate à corrupção no Brasil.
- O ideal é que muitos fizessem isso. Mas ele, hoje, está numa posição capaz de fazer isso. E ele, hoje, só tem a ganhar se fizer isso, em termos de respeito à opinião pública - disse Cristovam, ao afirmar que é possível fazer política com ética.
Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse concordar com o movimento sugerido por Cristovam e com a contribuição de José Roberto Arruda para o combate à corrupção. "Talvez deus esteja reservando a ele esse papel", disse.
Cristovam observou ainda ser necessário mudar o sistema eleitoral, o qual, segundo ele, é um "fábrica de corrupção". O senador pelo DF disse que o sistema vigente favorece a corrupção e até mesmo impele os políticos a ela ao aceitar, por exemplo, o financiamento de campanhas por empresários.
- É um equivoco acharmos que esse mal dos tempos seja apenas fruto da ação de indivíduos. Há um sistema que permite isso e a luta contra a corrupção exige uma revolução que mude o sistema - argumentou.
Para Cristovam Buarque, o movimento "corrupção nunca mais" precisa envolver toda a sociedade. Ele disse que é comum as pessoas apresentarem, em seus gestos cotidianos, comportamentos que não condizem com a ética. Como exemplo, ele citou o fato de empresários perguntarem aos clientes se querem a nota fiscal. O senador pediu ainda aos jovens brasilienses que perguntem a seus pais em quem eles votaram nas últimas eleições, bem como quais foram os critérios utilizados para a escolha.
Cuba
O parlamentar fez questão de protestar contra a passividade das autoridades cubanas que permitiram que o preso político Orlando Zapata Tamayo morresse em decorrência de uma greve de fome que durou mais de 80 dias.
- Manifesto meu descontentamento, meu repúdio pelo falecimento - na gloriosa ilha de Cuba, pela qual eu tenho tanta admiração - de alguém que fazia um protesto sob a forma de uma greve de fome. A morte desse senhor Tamayo, um pedreiro que lutava pelos direitos que ele considerava fundamentais - independentemente de serem ou não, eu até acho que sejam - merecem a nossa crítica. E eu faço essa crítica com o coração doendo, porque sou de uma geração que aprendeu a respeitar a luta de Cuba. Mas não posso deixar de manifestar o meu descontentamento - destacou o senador.
26/02/2010
Agência Senado
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