Cristovam compara Congresso brasileiro ao americano e pede movimento suprapartidário de combate à corrupção
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse em Plenário que a crise financeira dos Estados Unidos provocou-lhe diversos sentimentos, entre os quais o de alerta. Chamou a atenção do parlamentar a incapacidade de o Congresso americano superar as divergências e ter, segundo ele, "enterrado o bipartidarismo", deixando a solução para o aumento do teto da dívida americana para a última hora, momentos antes da extinção do prazo, no dia 2 de agosto.
Comparando o Congresso brasileiro ao americano, Cristovam pediu que os parlamentares deixem de lado as divergências político-partidárias e apoiem de modo suprapartidário as medidas de combate à corrupção que a presidente Dilma Rousseff vem tomando. O senador referia-se ao afastamento de, até o momento 19 integrantes do Ministério dos Transportes, após denúncias de superfaturamento e cobrança de propina pelo Partido da República (PR) nas obras do setor.
- Nunca antes, como se costuma dizer, um presidente demitiu 20 ou 22 pessoas sob suspeita. [Com] um gesto como esse, não é possível que a gente não dê um recado à presidenta e ao Brasil: aqui no Senado ela terá apoio para essa faxina que se propôs a fazer e que esperamos que vá além do que foi feito, onde for necessário - afirmou.
Cristovam manifestou temor diante da imprevisibilidade do que poderia acontecer economicamente no mundo, se o Congresso e o Executivo norte-americanos não chegassem a um consenso. Mencionou ainda sua "inveja" ao perceber o poder decisório da Câmara de Representantes daquele país em definir os rumos dos Estados Unidos enquanto no Brasil o Executivo simplesmente desconsidera o que é feito no Congresso.
O senador também relatou "ter sentido tristeza" ao perceber o que seria o esfacelamento do bipartidarismo norte-americano, pela perda do exemplo de uma nação com democracia forte. Ele observou que, ao final, o bipartidarismo norte-americano se reconstituiu e os parlamentares chegaram a um acordo para o pagamento da dívida.
Ao detalhar a necessidade de a crise norte-americana ter provocado nele o sentimento de alerta, Cristovam Buarque discorreu sobre a dificuldade de o governo brasileiro conciliar a necessidade de controlar a inflação e manter uma alta taxa de juros. A ideia de baixar a taxa de juros e interferir na taxa de câmbio para evitar a constante apreciação do real frente ao dólar e, com isso evitar o processo de desindustrialização no país, disse, também tem efeitos perversos, como a possível escalada inflacionária.
- É preciso lembrar que a Grécia é o único país hoje no mundo que paga juros pela dívida maiores do que os pagos pelo Brasil. A Grécia paga 5,47% e nós pagamos 5,1%. O tamanho da dívida brasileira nem é dos maiores quando comparado com o de outros países, mas a taxa de câmbio é muito maior porque gastamos mais do que deveríamos, mas se gastamos menos crescemos menos - desabafou.
Em aparte, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-PA) manifestou apoio à ideia de Cristovam de que a oposição deve apoiar as medidas adotadas pela presidente de combate à corrupção.
01/08/2011
Agência Senado
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