Cristovam volta a pedir que Renan se licencie do cargo
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) voltou a defender, em discurso nesta quarta-feira (15), o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do cargo. Na sua opinião, isto é necessário para que o Senado comece a recuperar a credibilidade que perdeu diante da opinião pública brasileira.
Cristovam defendeu ainda outros pontos para a recuperação da credibilidade do Senado, todos eles dependentes, porém, do primeiro, que é o licenciamento de Renan. Seu discurso repercutiu entre a maioria de seus pares, governistas e de oposição, que manifestaram,ao longo de mais de uma hora, preocupação com a crise vivida pelo Senado.
O senador por Alagoas é acusado de ter se beneficiado de recursos da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão alimentícia à jornalista Mônica Velloso, com quem tem uma filha fora do casamento. A essa acusação, somaram-se outras duas, de favorecimento à Schincariol, que comprou fábrica do seu irmão, deputado Olavo Calheiros; e a da compra de duas rádios e um jornal, em sociedade com o usineiro João Lyra, por intermédio de "laranjas".
Entre os pontos defendidos por Cristovam está o fim da obstrução; os senadores trabalharem de segunda a sexta-feira durante 15 a 30 dias seguidos, o que chamou de anti-recesso; uma agenda para discutir problemas estruturais do país; mudança no comportamento dos parlamentares, com maior solidariedade aos problemas dos cidadãos; e a modernização dos trabalhos do Senado.
- Não é difícil perceber hoje que o Senado está em baixa; que há uma quebra da confiança da opinião pública em nosso desempenho; a mesma desconfiança em relação ao nosso papel. Não podemos continuar muito tempo mais nessa crise de confiança; ou tomamos medidas e começamos um programa imediato que permita recuperarmos a confiança ou corremos o risco de, na rua, sermos repudiados pela opinião pública - disse Cristovam.
Apartes
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) assinalou que aceitar licenciar-se do cargo seria um imperativo "de natureza ética e moral" para Renan e disse esperar que o presidente da Casa atendesse à solicitação de Cristovam, uma vez que não há previsão constitucional ou regimental que exija dele essa atitude.
Tasso Jereissati (PSDB-CE), sugeriu que o presidente Renan se licenciasse, permitindo que as atuais inquietações possam "ir embora", e as votações sejam retomadas em clima de normalidade, do qual o maior beneficiado seria o próprio Renan, conforme afirmou.
Flávio Arns (PT-PR) propôs a aprovação de mudança regimental para que quando algum membro a Mesa for objeto de averiguação tenha obrigatoriamente que se afastar "para evitar que confusões semelhantes aconteçam no futuro".
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que se o licenciamento ainda não foi assimilado por Renan, "é hora de o presidente e seus conselheiros chegarem a essa conclusão".
Valter Pereira (PMDB-MS) destacou a preocupação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa de não incorrer em ilegalidades, o que avalia, seria muito mais danoso aos trabalhos do que não tomar nenhuma decisão.
Marconi Perillo (PSDB-GO) dirigiu-se diretamente ao presidente Renan pedindo a ele que avaliasse a possibilidade de se licenciar, "com sensatez e equilíbrio".
José Agripino (DEM-RN), que propôs a obstrução das votações enquanto Renan permanecer no cargo, disse a obstrução é uma necessidade de o parlamento se afirmar.15/08/2007
Agência Senado
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