Críticas de ministro a Lula geram polêmica entre senadores



O senador José Jorge (PFL-PE) defendeu a demissão do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, pelas críticas que o ministro teria feito ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por anunciar obras sem consultá-lo e para as quais não há dinheiro. Segundo nota publicada na edição desta quinta-feira (29) do jornal Folha de S. Paulo, Alfredo Nascimento teria desabafado a deputados e senadores do Mato Grosso do Sul que "não agüento mais o presidente, ou ele não me agüenta mais".

- Ou o presidente Lula demite o ministro ou comprova que não tem autoridade - opinou José Jorge.

Logo em seguida, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) sugeriu que, antes da demissão, fosse oferecida ao ministro a possibilidade dele esclarecer ou desmentir as afirmações. Ele comentou não acreditar que o ministro, que renunciou ao mandato de prefeito de Manaus (AM) e está há poucos meses no cargo já tenha se cansado do presidente da República.

O vice-líder do governo, senador Hélio Costa (PMDB-MG), pediu que os senadores da oposição não transformassem a sessão "em mais um momento de críticas absurdas dirigidas ao presidente". Ele sugeriu que, em vez de tentar explorar politicamente o caso, os parlamentares deveriam convidar Alfredo Nascimento a comparecer ao Senado para se explicar. José Jorge respondeu que não fez críticas, apenas repercutiu nota publicada pela Folha.

A oradora que ocupou a palavra logo em seguida, a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), criticou a Mesa por ter permitido que o senador José Jorge falasse sem estar devidamente inscrito. Ela lamentou que "pessoas pedem a palavra em condição nenhuma e falam o que querem". Como a senadora negou-se a conceder um aparte para José Jorge se explicar, o presidente da sessão, senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO), explicou que, segundo o regimento, ela não poderia dar aparte a nenhum outro senador, para não se configurar discriminação.

Ao término do pronunciamento de Ideli, José Jorge reafirmou que não pretendia fazer uma crítica direta ao presidente da República, mas apenas informar um fato que considera grave, noticiado por um dos principais jornais do país. Já o senador Heráclito Fortes lamentou a não concessão do aparte pela senadora petista.

- Implantou-se a ditadura do discurso monocórdio, onde um líder foge do debate quando o argumento naturalmente lhe foge. A partir de agora, pelo que se prenuncia, vamos ter aqui verdadeiras ladainhas onde não se pode sequer trocar idéias ou não se pode contestar - afirmou Heráclito.



29/04/2004

Agência Senado


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