Crivella é contra uso de recursos públicos para ajudar empresas de comunicação



O senador Marcelo Crivella (PL-RJ), membro da Comissão de Educação, é um crítico assumido da proposta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de criar um programa de socorro financeiro à mídia. Segundo ele, já houve no passado empresas que enfrentaram graves situações de crise econômica, mas nem por isso o governo federal abriu os cofres para emprestar dinheiro.

- É bom lembrar que as redes de televisão Tupi, Excelsior e Manchete não tiveram qualquer apoio do BNDES para contornar suas dificuldades financeiras e acabaram quebrando. Muitos trabalhadores da extinta Manchete estão até hoje sem receber seus direitos trabalhistas. Então, por que agora se falar em socorro financeiro à mídia, com os escassos recursos da sociedade brasileira? - indagou o senador.

Crivella reconhece que a maioria das empresas do setor de comunicação social vive dificuldades, provocadas pela baixa atividade econômica do país.

- Essa é, sem dúvida, a maior crise da história recente da mídia no Brasil. Houve um endividamento recorde do setor de comunicação, se fala em R$ 10 bilhões, praticamente surgido nos anos 90 porque as empresas se modernizaram e ampliaram instalações, captando recursos no Brasil e no exterior. Como não houve o desenvolvimento econômico esperado, frustraram-se as expectativas de faturamento da empresa.

Para o parlamentar carioca, é preciso diferenciar essas dificuldades daquelas causadas por "equívocos gerenciais" de determinados grupos.

- É o caso das Organizações Globo, que sempre adotaram uma atitude monopolista em relação ao mercado. A emissora chegava a pagar dez vezes o valor praticado no mercado para aquisição dos direitos de um determinado evento, muitas vezes sem sequer ter a intenção de exibi-lo, só como forma de impedir os concorrentes de fazê-lo - observou.

O senador Crivella citou como exemplo dos "equívocos gerenciais" o caso da compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de futebol.

- Até 1998, as redes de TV desembolsavam cerca de US$ 2 milhões cada uma para poder transmitirem o evento. A Globo pagou US$ 240 milhões para ter a exclusividade na transmissão dos Mundiais de 2002 e 2006. Isso realmente causa um grande endividamento, mas por falta de boa prática gerencial - concluiu.



01/04/2004

Agência Senado


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