Custo dos transportes afeta competitividade de produtos
O segundo dia do seminário Cadeias Globais de Valor e Agenda Comercial no Século XXI, promovido pela Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais (Dinte) e coorganizado pelo instituto norte-americano Center of Concern, reuniu os participantes do primeiro dia para uma mesa-redonda.
A conversa teve o objetivo de sintetizar os painéis anteriores e girou em torno da inserção brasileira no sistema de comércio internacional. O técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Ivan Oliveira, destacou que o debate sobre as cadeias de valor está vinculado à agenda de competitividade.
Segundo ele, alguns empecilhos tornariam os produtos brasileiros menos competitivos no mercado internacional. “É muito baixo o investimento em infraestrutura no país, seja em portos e aeroportos. Isso ocasiona que o custo do transporte no Brasil, por exemplo, permaneça altíssimo. É mais caro transportarmos uma carga de São Paulo para Santos do que de Nova York para São Francisco”, ressaltou.
Marcelo Nonnenberg, também técnico do Ipea, fez coro à afirmação de Oliveira e ainda ressaltou: “É fundamental que a gente pense em redução do custo dos transportes. É algo crucial”, afirmou.
O diretor da Dinte, Renato Baumann, corroborou a afirmação dos colegas e trouxe o aspecto da geografia da América do Sul como um fator que dificulta as trocas comerciais.
“O contato com os principais centros de comércio (América do Norte, Europa e Ásia) só pode se dar pelo mar. Já pelo interior do continente, só por meio de hidrovias e ferrovias. É uma geografia ingrata”, disse.
Agenda comercial
Juan Blyde, representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (IDB), exemplificou a dificuldade de integração entre os países latinoamericanos citando o caso do Chile.
“A principal zona portuária chilena e o Rio de Janeiro estão separados por mais de sete mil km. É um grande desafio a integração latinoamericana”, acrescentou.
Sandra Rios, do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes) salientou que a dificuldade de aproximar o Brasil e os países vizinhos vai muito além da geografia. “Falta uma integração produtiva no MERCOSUL. Ainda não completamos a agenda básica de integração comercial”, reforçou.
Nanno Mulder, representante da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, destacou que a aproximação comercial entre os países sul-americanos pode trazer benefícios para a região.
“Há complementaridade entre a economia de nossos países. Precisamos passar das fronteiras. O que falta mesmo é uma agenda regional”, disse.
Fonte:
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
06/02/2014 18:18
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