Jorge Gerdau aponta custo da "não-competitividade" sobre produção



Ao expor uma visão empresarial sobre o impacto da crise financeira mundial no Brasil, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau, lamentou que o país não costume calcular o custo da "não-competitividade" sobre seu setor produtivo. Segundo afirmou, essa "não-competitividade" é estimulada pela tributação imposta às exportações; pela demora na aprovação de reformas estruturais, como a tributária e a trabalhista; e por investimentos precários do poder público em infra-estrutura.

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Em audiência conjunta das comissões de Assuntos Econômicos e de Acompanhamento da Crise Financeira e da Empregabilidade, presidida pelo senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), o empresário, creditou a esse cenário de não-competitividade a permanência do Brasil como exportador de matéria-prima em detrimento de produtos manufaturados. Como empresário do ramo siderúrgico, de cadeia produtiva mais longa, Jorge Gerdau testemunhou as dificuldades decorrentes da burocracia estatal; da tributação pesada sobre imobilizados e energia elétrica; dos encargos financeiros incidentes sobre o capital; e da oneração da folha de pagamento dos funcionários.

- Em cenário de crise, essa "não-competitividade" brasileira vem à tona e atrapalha nossa participação no mercado externo - afirmou.

O primeiro passo para a conquista de uma isonomia concorrencial no exterior, conforme assinalou, é zerar o imposto de exportação. Ainda na opinião do empresário, não é possível tributar quem recorre a empréstimos bancários seja para adquirir um bem durável, seja para investir em sua produção. Jorge Gerdau foi taxativo ao sustentar que a tributação deve sempre incidir sobre o consumo final.

No tocante à questão trabalhista, o presidente do Grupo Gerdau defendeu a flexibilização das regras contratuais. O fato de empresários e trabalhadores não poderem negociar alterações na carga de trabalho, fixada em 44 horas semanais pela Constituição federal, é algo que deixaria o Brasil fora da realidade internacional, disse ele.

Quanto aos investimentos, Jorge Gerdau considerou irrisório que o governo brasileiro, que tem participação em 60% do Produto Interno Bruto (PIB), invista o equivalente a apenas 1% da riqueza total produzida pelo país. Já o setor produtivo, que responde por 40% do PIB, investe o equivalente a 17% dessa riqueza.

- Com a atual carga tributária, o certo seria investimento governamental da ordem de 4% do PIB - avaliou.

Requerimento

Ao final da audiência pública conjunta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e da Comissão de Acompanhamento da Crise Financeira e de Empregabilidade, foi aprovado requerimento da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) para realização de audiência pública sobre a regulação imposta pelo Código Florestal Brasileiro às Áreas de Proteção Permanentes (APAs) e sobre o alcance territorial da legislação ambiental no país. De acordo com Kátia Abreu, a CAE foi a quinta comissão permanente a aderir ao amplo debate que será realizado em Plenário no próximo dia 29 de abril, às 9h30.



14/04/2009

Agência Senado


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