Cyro Miranda aponta risco inflacionário com perdas salariais e ganhos para o governo
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) criticou em Plenário a falta de clareza do governo sobre as medidas adotadas no combate à inflação. De acordo com o parlamentar, as previsões governamentais para a inflação diferem de boa parte dos analistas do mercado. Ele citou reportagem de O Globo, segundo a qual 80 analistas ouvidos pelo Banco Central subiram suas expectativas sobre a inflação pela quarta vez de 6% para 6,02% em 2011 e de 4,91% para 5% em 2012.
Ainda segundo Cyro, reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostra que cada aumento percentual de inflação gera um aumento de 0,61 na arrecadação governamental em impostos indiretos e ICMS.
- O fato é que o mercado volta a elevar a projeção de inflação para este ano que chega a 6,02%, numa demonstração clara de pouca confiança na política monetária e nas medidas prudenciais de restrição ao crédito - afirmou.
Conforme o senador, as cinco maiores agências do mercado apontam uma inflação de 6,41% no curto prazo e de 6,42% no médio prazo em 2011, e de 5% e 5,18% para 2012. Mencionou ainda o efeito nefasto da inflação que gera "ilusões de ganho" para governo, cidadão comum e para o comerciante.
- Esse quadro incerto gera uma atitude defensiva do mercado, a remarcação de preços, porque o empresário pequeno, médio ou grande se atemoriza diante da possibilidade de não conseguir repor estoques lamentou.
Taxa de juros
Em aparte, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ironizou, sugerindo que o discurso da oposição encontre um "eixo único". Segundo ele, em determinado momento, a oposição critica o relatório do BC e a adoção das medidas macroprudenciais para conter a inflação, como se estivesse sugerindo aumento na taxa de juros e uma política monetária mais austera. Porém, contraditoriamente, sugere um salário mínimo de R$ 600 e, em dado momento vai à tribuna para pedir a queda na taxa de juros.
- Não se combate a inflação só com aumento de juros. Na reunião com o presidente do Banco Central, muitas perguntas ficaram sem respostas. Não é uma sinalização de desastres, mas essas metas [de inflação] vêm se modificando dia a dia - respondeu-lhe Cyro Miranda.
07/04/2011
Agência Senado
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