Dados da Operação Saint Michel abrem caminho para investigar a Delta nacional, defende deputado



A CPI do Cachoeira deve receber nos próximos dias os dados da operação Saint Michel, realizada em abril pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A investida resultou na descoberta da tentativa do grupo comandado por Carlinhos Cachoeira de fraudar licitações de bilhetagem eletrônica no sistema de transportes de Brasília e região.

As informações, segundo o deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS), abrem caminho para o acesso da CPI a dados bancário e fiscal da Delta Construções em âmbito nacional. A quebra destes sigilos foi autorizada pela 5ª Vara Criminal de Brasília e inclui subsidiárias da empresa em outras partes do país além do Centro-Oeste.

– Estive hoje [terça-feira, 22] no Núcleo de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público onde atuam os promotores responsáveis pela Saint Michel. A vinda das informações dessa operação para a CPI vai comprovar que os diretores regionais Cláudio Abreu e Heraldo Puccini tinham autorização para operar as contas nacionais da empresa. Isso comprova a necessidade de se investigar a fundo a Delta nacional – disse o deputado oposicionista.

Também nesta terça-feira (22), pela primeira vez, o relator Odair Cunha (PT-MG), reconheceu haver indícios de que Cláudio Abreu podia movimentar contas da empresa com sede no Rio de Janeiro. A quebra dos sigilos da Delta em âmbito nacional e a convocação do ex-sócio da empresa, Fernando Cavendish, foi um dos principais pontos de divergência entre parlamentares da base de apoio ao governo e da oposição na última reunião administrativa da CPI realizada na quinta-feira (17). O assunto deve render novos debates nos dois próximos encontros da comissão, previstos para 24 de maio e 5 de junho.

Diante do silêncio de Cachoeira e da possibilidade de outros depoentes fazerem o mesmo, os integrantes da CPI já ressaltaram a importância das provas documentais:

- Somente agora estamos começando a receber as quebras de sigilo aprovados na semana passada. Estão chegando mais provas e estamos recebendo também servidores, policiais federais e promotores que ajudarão no trabalho. Não podemos nos fiar apenas nos depoimentos. Chegando as provas, temos que dar conta delas e provar o vínculo desta organização criminosa com agentes públicos – afirmou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Prisão

Nesta terça-feira (22), por três votos a um, o ministro da 5ª turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu manter o contraventor preso ao negar um habeas corpus impetrado pela defesa. Cachoeira está preso preventivamente desde 29 de fevereiro, após a operação Monte Carlo da PF.

Próximos passos

Para os próximos dias, são os seguintes os compromissos dos senadores e deputados da CPI mista e do Conselho de Ética, que analisa representação contra Demóstenes Torres (sem partido-GO) por suposta quebra de decoro parlamentar:

* Hoje (23/05), 14h: reunião do Conselho de Ética. A agenda previa o depoimento de Carlinhos Cachoeira, que já avisou que não irá. Ele falaria na condição de testemunha indicada pela defesa do senador Demóstenes Torres;

* Quinta-feira (24/05), 10h15: depoimento de Jairo Martins de Souza, Idalberto Matias de Araújo, o Dada; e Wladimir Garcez na CPI;

* Terça-feira (29/05), 9h15: depoimento de Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Conselho de Ética;

* Terça-feira (29/05), 14h: depoimento de Cláudio Abreu, ex-diretor regional da Delta Centro-Oeste na CPI;

* Quarta-feira (30/05), 10h15: depoimento de José Olimpio de Queiroga Neto, Gleyb Ferreira e Lenine Araújo de Souza na CPI;

* Quinta-feira (31/05), 10h15: depoimento do senador Demóstenes Torres na CPI.



23/05/2012

Agência Senado


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