Dados do Banco Mundial mostram que desigualdade de gênero atrasa economia, diz Marta Suplicy
A senadora Marta Suplicy (PT-SP) afirmou que o esboço do Relatório de Desenvolvimento Mundial 2012: Igualdade de Gênero e Desenvolvimento, divulgado nesta semana pelo Banco Mundial, mostra que a desigualdade de gênero continua atrasando o desenvolvimento do planeta. Os dados demonstram ainda, estranhou a senadora, que "homens são frequentemente percebidos como superiores em exercer poder político".
- Vejam só, as pessoas continuam vendo os homens como líderes políticos e econômicos melhores que as mulheres. Isso em pleno século 21 - lamentou a senadora, depois de afirmar que tanto homens quanto mulheres são igualmente aptos para exercer "sua voz política pelo voto".
Esse mesmo estudo, pontuou Marta Suplicy, constata que, se não houvesse discriminação de gênero no mercado de trabalho a produtividade aumentaria até 25% em todo o mundo.
No mercado de trabalho brasileiro, disse a senadora, os homens ainda correspondem a 70% dos empregadores, 53% dos trabalhadores por conta própria e 53% dos assalariados. Já no mercado informal, 72% são mulheres. A desigualdade de gênero também aparece no meio rural, acrescentou Marta Suplicy: apenas 11% dos proprietários de terra no país são mulheres.
Conforme os dados citados pela senadora, a desigualdade de gênero é mundial e continua na maioria dos setores: as mulheres têm menos acesso a serviços e infraestrutura básicos, como saúde, educação e creches.
Apesar da situação nada animadora, destacou Marta Suplicy, o relatório do Banco Mundial também mostra que as mulheres estão estudando cada vez mais. Entre 1970 e os dias atuais, o número de universitários homens passou de 17,7 milhões para 77 milhões, enquanto o número de universitárias passou de 10,8 milhões para 80,9 milhões. Mas os salários das mulheres continuam mais baixos que os dos homens, acrescentou.
- Sobre a presença de mulheres na política, o relatório traz uma notícia interessante: poucos países têm restrições legais à ocupação de cargos públicos pelas mulheres, mas, mesmo assim, a presença feminina em postos em parlamentos é muito pequena e o progresso nos últimos 15 anos tem sido lento - informou.
De acordo com o Banco Mundial, disse Marta Suplicy, as mulheres representavam 10% de todos os parlamentares em 1995, passando para 17% em 2009. A situação brasileira é uma das piores das Américas: as mulheres parlamentares eram 5% em 1990 e 9% em 2010. Porém, mesmo assim, informou a senadora, a população brasileira é uma das que menos tem preconceito quanto à ocupação de cargos públicos por mulheres.
Dilma na ONU
Marta Suplicy aproveitou para elogiar o discurso da presidente Dilma Rousseff na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, primeira mulher a exercer essa honraria. O discurso inicial da sessão de abertura da Assembleia Geral da ONU é sempre feito por um brasileiro, desde 1947, quando o diplomata Oswaldo Aranha discursou na primeira sessão especial desse colegiado.
- Nossas meninas, nossas adolescentes, que veem uma mulher presidindo o Brasil, uma mulher que está abrindo a Assembleia da ONU, uma mulher que está indo tão bem. Essas meninas que antes tinham que perguntar: 'A mulher pode ser presidente?' agora estão vendo que não só podem, mas as mulheres conseguem fazer uma bela Presidência - disse Marta Suplicy.
21/09/2011
Agência Senado
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