Debate aponta necessidade de melhorar acesso de produtores a novas técnicas
Ana Amélia (ao centro) presidiu a audiência pública no Rio Grande do Sul
A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) realizou audiência pública nesta sexta-feira (14), na cidade de Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, para discutir o tema “O futuro da assistência técnica e da extensão rural no apoio aos produtores brasileiros”.
Durante a reunião, presidida pela senadora Ana Amélia (PP-RS), o diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Argileu Martins da Silva, fez uma exposição sobre o papel da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), instituição criada no final do ano passado para auxiliar pequenos produtores em projetos que contribuam para o aumento da produtividade no campo.
Segundo Argileu Martins da Silva, a importância da Anater pode ser facilmente compreendida quando se considera o relevante aumento no valor da produção, em reais por hectare, em propriedades de agricultores familiares que passaram a receber assistência técnica. Segundo ele, agricultores familiares sem assistência conseguem obter em média, R$ 639 por hectare; já os com assistência, R$ 2.309 por hectare.
Na avaliação do diretor do Ministério, uma das principais tarefas da Anater será a de viabilizar o acesso dos produtores rurais às tecnologias já disponíveis não apenas em entidades de pesquisa federais, como a Embrapa, mas também as estaduais e municipais.
Tecnologia e governantes
- A difusão de tecnologia ao homem do campo não pode ficar à mercê do prefeito. Por ser serviço de caráter educacional, não pode ficar sob a dependência da vontade do governante do momento, pois isso é política de Estado e não de governo - disse Argileu Martins da Silva.
Já o coordenador de Assistência Técnica e Extensão Rural do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Matheus Ferreira Pinto da Silva, falou sobre a contribuição do Senar na capacitação de técnicos extensionistas para atuarem junto aos produtores rurais. Conforme informou, o modelo de assistência técnica desenvolvido pela entidade está voltado não apenas para a transmissão de conhecimento e tecnologia de produção, mas também para a gestão do negócio, visando garantir sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Falando em nome da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Pedro Paulo Nienow destacou a importância da atuação dos órgãos de assistência rural junto a produtores com o objetivo de ampliar seu acesso principalmente a novas tecnologias e a linhas de crédito agrícola oferecidas pelo governo federal.
Pedro Paulo Nienow citou vários pontos considerados positivos pela Contag no projeto de criação da Anater, como por exemplo a autonomia concedida à entidade para gerenciar seu próprio orçamento. Contudo, ele reclamou do fato de a agência não atender exclusivamente a agricultura familiar, segmento responsável por mais de 70% dos alimentos consumidos no país.
Gervásio Paulus, diretor técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Rio Grande do Sul, apresentou um balanço da atuação da entidade no estado. Ele informou que a instituição enfrenta difícil situação financeira, em razão de débitos tributários com a União que ultrapassam R$ 2 bilhões, de acordo com informações da Receita Federal.
A senadora Ana Amélia ressaltou o trabalho que tem feito, juntamente com a bancada federal do Rio Grande do Sul com a finalidade de resolver o problema da dívida tributária da Emater-RS com a União.
14/03/2014
Agência Senado
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