Debate sobre acordo com o Vaticano levanta discussão sobre ingresso da Venezuela no Mercosul



A discussão sobre o acordo entre o Brasil e a Santa Sé acabou por alcançar outro acordo internacional a ser votado nos próximos dias pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE): o que trata do ingresso da Venezuela no Mercosul.

O tema foi introduzido pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que, em aparte ao senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), citou entrevista do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, aos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. De acordo com o senador, o prefeito disse ter sido vítima de um golpe de estado do presidente daquele país, Hugo Chávez. Mas, mesmo assim, pediu que o Brasil e os demais países-membros do Mercosul aceitem o ingresso da Venezuela no bloco econômico.

Eduardo Suplicy citou o trecho da entrevista em que Antonio Ledezma afirma que Hugo Chávez é muito mais perigoso se estiver isolado. O ex-prefeito disse, conforme Suplicy, que a oposição venezuelana considera positivo que Chávez esteja na Comunidade Andina, na Organização dos Estados Americanos (OEA), no Mercosul e em todos os fóruns internacionais "que possam pôr limites às suas ações".

Suplicy disse também que Ledezma pediu a Chávez que fizesse, na Venezuela, um Natal sem presos políticos. Arthur Virgílio disse que isso significa que a Venezuela não é uma democracia, "porque a democracia não se caracteriza por presos políticos". Mas ressaltou que a matéria é complexa e vai merecer um debate muito intenso.

Também em aparte, a Arthur Virgílio, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) - relator do acordo para o ingresso da Venezuela no Mercosul - afirmou que todos concordam com a importância, do ponto de vista comercial, do ingresso da Venezuela no Mercosul. Mas indagou se o Brasil, que tem um papel de liderança cada vez maior na América do Sul, não deveria "colocar um alerta" sobre a questão.

O relator afirmou ter recebido um relato de que milícias chavistas teriam invadido a Associação Hebraica da Venezuela, "pretensamente à procura de armas e de material subversivo". Essa invasão teria deixado a comunidade judaica na Venezuela bastante atemorizada, de acordo com líder da comunidade judaica de São Paulo. Esse líder disse que Chávez tem repetido várias vezes sua afinidade com o atual primeiro-ministro do Irã, que por sua vez tem negado repetidas vezes a existência do holocausto na 2ª Guerra Mundial.

- No momento em que esse senhor Ledezma dá esta entrevista, é evidente que devemos levar em consideração. Nosso desejo é que a Venezuela entre no Mercosul. Mas temos um papel a desempenhar e não podemos ficar como a Europa, que ficou tanto tempo omissa, assistindo determinados movimentos se avolumarem e fingir, por pragmatismos imediatos, que não estava vendo o que estava acontecendo - afirmou Tasso Jereissati.

Ao retomar seu discurso, Arthur Virgílio (PSDB-AM) afirmou que "todos acham que a Venezuela merece e precisa ingressar no Mercosul". Para ele, a dúvida é se o Mercosul resiste e sobrevive ao tempo em que sobreviver e existir no poder o "coronel Hugo Chávez".



07/10/2009

Agência Senado


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