Debatedores criticam incentivo ao aumento do consumo e alertam para impacto ambiental



Mudanças no padrão de consumo e planos educacionais voltados para a sustentabilidade são aspectos que devem ter mais atenção do governo e da sociedade. A recomendação foi feita por especialistas em audiência pública realizada pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC) nesta terça-feira (19).

Anúncios publicitários, políticas de energia e consumo foram alvos de críticas dos convidados do debate que marcou a abertura dos trabalhos da comissão deste ano e celebrou o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, comemorado em 16 de março.

O senador Cristovam Buarque criticou a redução das tarifas de energia concedidas pelo governo.

- A medida vem na contramão porque, ao invés de incentivar a redução, incentiva o maior consumo de energia – argumentou.

O secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, defendeu uma mudança no padrão de consumo que traga equilíbrio entre sustentabilidade e desigualdade social. De acordo com ele, no Brasil o consumo de energia é desigual e contribui para a disparidade social.

- Nós temos a desigualdade mundial dentro do Brasil. Uma parcela da população tem um consumo muito alto de energia e uma grande maioria da população tem consumo de energia muito baixo. Não é justo que essa parcela de consumo alto fique isenta de qualquer pressão para a redução deste consumo – explicou Pinguelli.

Ele também chamou a atenção para a baixa qualidade do transporte público, que eleva a emissão de gases poluentes, já que incentiva o uso do transporte individual.

- Eu vejo nisso uma tendência inevitável. Infelizmente, o que pode compensar isso é um bom serviço de transporte público, ainda muito precário na maioria de nossas cidades. A ausência do transporte de massa acaba levando ao uso do automóvel – disse Pinguelli.

O coordenador do Programa Educação para Sociedades Sustentáveis, da organização não-governamental WWF Brasil, Fábio Cidrin, falou sobre a transformação das reflexões em ações a favor da sustentabilidade. Ele pediu que as pessoas tenham mais sensibilidade ao consumir e lidar com as propagandas publicitárias.

- As pessoas já estão conscientes, mas precisam de mais sensibilidade. Os recursos naturais são finitos. E a gente bombardeado por propaganda pra consumir coisas que nós não precisamos. Na infância, principalmente, isso traz grandes prejuízos – disse Cidrin.

Também estiveram presentes à audiência, presidida pelo deputado Sarney Filho (PV-MA), o secretário-executivo da Agência de Notícias dos Direitos das Crianças, Veet Vivarta; e o diretor do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Nilo Sergio de Melo Diniz.



19/03/2013

Agência Senado


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