Debatedores pedem melhor aproveitamento das potencialidades minerais da América do Sul



Os participantes da audiência pública realizada nesta segunda-feira (1) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) destacaram a abundância de recursos naturais da América do Sul e defenderam uma política continental que aproveite melhor essas fontes e traga um maior desenvolvimento regional.

A assessora da Secretaria-Geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Mônica Bruckmann, apresentou dados que revelam que países como os Estados Unidos possuem grande dependência econômica de minerais estratégicos que são importados, principalmente, da China e da América do Sul.

Bruckmann ressaltou a importância de minérios como o níbio, presente no Brasil, e o lítio, encontrado principalmente na Bolívia, Argentina e Chile, para os setores automobilístico, aeronáutico e naval e defendeu a industrialização desses minérios pelo continente em vez de apenas exportá-los como matéria prima.

- Será que a região vai se conformar sendo exportadora de lítio, de matéria prima sem valor agregado? Ou nós temos plenas capacidades de pensar em megaprojetos de baterias recarregáveis de lítio e, inclusive, megaprojetos para fabricação de veículos híbridos elétricos? – indagou.

Monica ressaltou que, para que a região desenvolva um projeto de industrialização de seus recursos minerais, é necessária uma grande integração entre os países, já que envolverá um conjunto de interesses extracontinentais.

A representante da Unasul destacou que a América do Sul tem, ainda, uma posição pivilegiada no que diz respeito à reserva de minerais fósseis, sobretudo petróleo e gás, contando com um grande potencial de produção de energia. Ela ainda mencionou a importância econômica e política das grandes reservas hídricas da região e da grande concentração de biodiversidade e ecossistemas.

- A Unasul vem intensivamente discutindo uma política e uma estratégia continental de aproveitamento desses recursos naturais para o desenvolvimento integral da região – disse.

Infraestrutura

O presidente do Instituto de Estudos Estratégicos para a Integração da América do Sul (Intersul), José Carlos de Assis destacou que a integração sul-americana é imperativa para proteção do sistema produtivo da América do Sul, mas ressaltou que sem uma infraestrutura adequada de transporte não existe integração e muito menos transformação de minérios em produtos industrializados.

- Se a gente tiver infraestrutura de transporte nós viabilizamos, realmente, a integração. Se não tivermos, esqueça. Não há possibilidade de integração sul-americana sem infraestrutura integrada de transporte. Agora, com essa integração, você facilita a mineração e a transformação – disse.

O ex-secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores e ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Samuel Pinheiro Guimarães Neto, afirmou que ter uma política comum da América do Sul em relação ao aproveitamento de recursos minerais e energéticos é algo extremamente difícil.

Samuel apontou ainda a necessidade de estímulo do Estado brasileiro à formação de geólogos, já que o conhecimento acerca dos recursos naturais do país depende desses profissionais.

- O conhecimento dos recursos naturais do país é absolutamente essencial. Terá o Brasil reservas de lítio ou não? Ninguém sabe porque aqui não há um mapeamento geológico – disse.



01/07/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Debatedores pedem leis que estimulem integração econômica da América do Sul

Pesquisa prevê melhor aproveitamento de corantes naturais

Debatedores pedem contrapartidas à desoneração da folha salarial

Debatedores pedem rejeição de projeto de lei que regula religião

Debatedores pedem mais empenho na busca de acordos comerciais

Debatedores pedem mudanças na renegociação de dívidas dos produtores rurais