Debates sobre síndrome de Down e transplante ósseo encerram Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência



Encerrou-se, na noite desta quinta-feira (13), o ciclo de debates da 3ª Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência. No evento, foi realizado um talk show com a jornalista da TV Senado, Solange Calmon, que contou com a presença do cineasta Evaldo Mocarzel, idealizador do documentário Do Luto à Luta, inspirado em sua filha com síndrome de Down, Joana Mocarzel, atriz que participou da novela da TV Globo, Páginas da Vida, com a personagem Clarinha.

De acordo com o Evaldo Mocarzel, o cinema é um importante instrumento de inclusão social. Para ele, a falta de informação sobre a síndrome de Down foi o maior obstáculo no processo de aceitação da doença, por isso, resolveu fazer o documentário.

- O objetivo foi, de alguma maneira, atenuar esse susto inicial para que outras pessoas não criassem os monstros que criei por falta de informação - disse Mocarzel.

O documentário mostra a realidade cotidiana das pessoas que vivem com a síndrome. Nele são exibidas histórias daqueles que lutaram para vencer o preconceito e, hoje, levam a vida normalmente, namorando, trabalhando, com as dificuldades que qualquer um tem. "Esse conceito de normalidade precisa ser radicalmente revisado", diz o cineasta para demonstrar que ser diferente é normal. "Tem pessoas que têm deficiência na alma", reitera.

Também participou do evento o diretor regional da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, no Distrito Federal, Messias Ramos Costa. Ele falou da importância da linguagem de sinais para o crescimento não só dele, como de muitos outros que têm essa limitação.

- Hoje eu trabalho, fiz magistério e tudo isso foi possibilitado através da língua de sinais. Com ela pude interagir com a sociedade - afirmou.

Também participaram do talk show a artista plástica Melina Pedroso e o assistente parlamentar Luciano Ambrósio, que é portador de deficiência visual em alto grau.

Transplante ósseo

Outro debate importante que ocorreu nesta tarde, foi sobre o transplante ósseo. De acordo com o chefe-substituto do banco de ossos do Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), Rafael Augusto Prinz, o maior problema desse tipo de transplante no Brasil é o desconhecimento da população sobre o assunto. Segundo ele, o instituto tem a maior capacidade instalada no país para armazenamento e processamento de tecidos músculos-esqueléticos, porém, ressalta, os ultracongeladores que armazenam os ossos estão vazios.

- Para se ter idéia, 80% dos estudantes da área de saúde desconhecem que podem doar ossos. Imaginem o resto da população - ponderou Prinz.

Existem dois tipos de doadores, segundo o chefe-substituto do Banco de Ossos do Into. Podem ser os doadores cadáveres, que sofreram morte encefálica ou parada cardíaca, e os doadores vivos, por exemplo, uma pessoa que teve artrose e precisou colocar uma prótese. Neste caso, é necessário retirar a cabeça do fêmur para fazer essa substituição.

A grande questão, na avaliação de Prinz, é que qualquer doação de tecido só pode ser realizada se houver autorização da família. "Não adianta ir em cartório e dizer que quer ser um doador, porque somente a família pode autorizar a doação", explicou. Atualmente, lembrou ele, existem 1,4 mil pessoas aguardando por cirurgia de transplantes ósseos. Em, 2007, informou, foram beneficiados 69 pacientes com esse tipo de cirurgia.

O banco de ossos do Into é o único banco público desse tipo no Brasil. Segundo o chefe-substituto, em qualquer outro banco de tecidos é necessário pagar para armazenar e distribuir o osso. De acordo com Prinz, vale ressaltar que é obrigação do instituto reconstituir, após a doação, o corpo do doador de forma que sua aparência seja totalmente conservada.Ele destaca que um doador pode beneficiar até 15 pessoas.

Nesta quinta-feira também foi exibido o filme sobre a formação de professores em educação inclusiva, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB).



13/12/2007

Agência Senado


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