Delcidio anuncia volta do Trem do Pantanal



O senador Delcidio Amaral (PT-MS) anunciou nesta quarta-feira (2) que, depois de sete anos, os 442 quilômetros da ferrovia que unem Campo Grande a Corumbá serão reestatizados. O trecho deixa de ser de propriedade da holding Brasil Ferrovias para voltar ao controle da União e do estado do Mato Grosso do Sul.

Para o senador, a decisão de voltar a transitar um trem de passageiros pelo Pantanal visa -trazer ainda maior interesse turístico para a região, que já é atração internacional-. Mas declarou não ver a idéia com entusiasmo, uma vez que a recuperação da ferrovia custará no mínimo R$ 300 milhões. Segundo ele, a Novoeste - empresa detentora da concessão, que integra a Brasil Ferrovias - deixou que o trecho fosse sucateado.

Será preciso, segundo o parlamentar, reconstruir 15 estações e suas vias de acesso, além de repor trilhos, dormentes, vagões e locomotivas. Ele citou denúncia do sindicalista Valdemir Vieira publicada pelo jornal Correio do Estado, segundo a qual 30 das 88 locomotivas que operavam no trecho foram desviadas para linhas paulistas, juntamente com 2 mil vagões mais conservados.

- A gravidade da situação é sobejamente conhecida e os responsáveis, tanto da parte da concessionária como do poder público, estão devidamente identificados. Tudo foi mapeado em duas CPIs, uma da Assembléia Legislativa do Mato Grosso do Sul e outra, mais recente, da Assembléia Legislativa de São Paulo - afirmou, pedindo a -punição exemplar dos responsáveis-.

A matéria do jornal acrescenta que, enquanto se pensa em reativar o trecho de Corumbá a Campo Grande, no outro lado da linha, que liga Campo Grande a Ponta-Porã, os trilhos estão sendo retirados e vendidos em São Paulo como ferro-velho. O representante sul-mato-grossense chamou ainda a atenção para muitas das estações da Novoeste, abandonadas, mas de -valor arquitetônico e cultural inestimável-.

Apesar de tudo, o senador considerou que -o retorno do Trem do Pantanal não pode mais esperar-, por serem -inquestionáveis os benefícios que a volta do transporte ferroviário poderá trazer, a curto prazo, para a economia e para a população de Mato Grosso do Sul e de toda a região-. Há vontade política para isso, faltando, porém, -encontrar uma fórmula eficaz de participação da sociedade, por meio das chamadas Parcerias Público-Privadas (PPP)-, afirmou, lembrando que o Ministério do Planejamento trabalha na criação de um fundo de investimentos que captará recursos privados para aplicação em obras de infra-estrutura.

Em aparte, o senador Tião Viana (PT-AC) afirmou que o setor ferroviário -foi o mais violentado- nas privatizações feitas pelo governo anterior. O senador Roberto Saturnino (PT-RJ) parabenizou o senador por trazer ao Senado um fato que não vem sendo devidamente noticiado. O senador Mão Santa (PMDB-PI), por sua vez, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que convoque Delcidio para compor seu Ministério. O senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) disse que a privatização -nada resolveu- na questão ferroviária em seu estado. Já o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) reconheceu que o presidente Fernando Henrique Cardoso, de seu partido, -não foi muito feliz- nas privatizações do setor ferroviário, evitando, porém, classificá-las como -um desastre-.



02/07/2003

Agência Senado


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