Delcídio: base governista não crê na tese do mensalão e da "compra de consciências"
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, senador Delcidio Amaral (PT-MS), informou nesta quinta-feira (30) que os parlamentares da base governista devem apresentar votos em separado ao relatório final elaborado pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para modificações em relação aos indiciamentos, a alguns pontos sobre fundos de pensão e à existência do mensalão.
- A idéia é desconectar os saques (nas contas de Marcos Valério) das votações. O dinheiro pode ter sido usado para outras coisas, mas não houve caracterização de compra de consciências - disse.
Delcídio afirmou que não há como provar a utilização do dinheiro sacado para induzir deputados a votarem com o governo. Em sua opinião, houve formação de caixa dois e outros saques que precisam ser investigados pelo Ministério Público. O senador ressaltou que vai existir ponderação e conversa e espera que não seja apresentado um relatório paralelo, "o que é muito ruim". Também afirmou que não devem ser acrescentados novos pedidos de indiciamento
- A intenção do PT é ajustar o texto - informou.
Dono da verdade
Já o relator da CPI, Osmar Serraglio, disse que aceita modificações na peça elaborada porque "não é o dono da verdade", mas que ninguém apresentou ainda a ele sugestões. O deputado explicou que não há como contar ao certo o número de indiciamentos sugeridos, porque há alguns genéricos, como o pedido de "responsabilização dos diretores da GDK", a empresa que deu um Land Rover ao ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira.
- Não sabemos quem era na época. Isso deve ser investigado - explicou
Serraglio também negou ter sofrido pressões, que tenha sido "condescendente" com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - ao não culpá-lo como "conivente", como já tinha sido cogitado - ou que o tenha citado por algum motivo de "disputa eleitoral".
- Fiz o que tenho, o que soube. Ele foi informado e pediu ao ministro Aldo Rebelo para investigar - explicou
Aldo Rebelo, deputado que atualmente é presidente da Câmara, na época era ministro da Articulação Política. Sua atuação na busca da verdade sobre o mensalão não foi questionada ou investigada pela CPI.
Responsabilização
O sub-relator de Fundos de Pensão, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), afirmou que os parlamentares já participaram de uma reunião - que não foi confirmada por outros - para tentar um ajuste no relatório final de Osmar Serraglio. Ele adiantou que o PFL tem poucas demandas de natureza política, mas algumas técnicas.
- Temos disposição para o diálogo, nem impondo obrigações, nem criando vetos - afirmou.
O deputado informou que a manutenção da conceituação do mensalão é "sagrada" para o PFL e que não se exclui a possibilidade de colocar ou tirar algum pedido de indiciamento, "desde que tenha a justificação técnica".
Já o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que o PSDB vai apresentar voto em separado para pedir a responsabilização do presidente Lula, pois, em sua opinião, o "Planalto foi a matriz dessa relação promíscua" (o mensalão). Ele vai pedir também o indiciamento do dirigente da Caixa Econômica Federal responsável pela aquisição da carteira de crédito consignada do Banco BMG. Há suspeitas de que o dinheiro pago adiantadamente também abasteceu o valerioduto.
30/03/2006
Agência Senado
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