Delegado diz em subcomissão que Operação Pororoca foi iniciada há dois anos



O delegado da Polícia Federal (PF) Tardelli Boaventura explicou que as investigações sobre a chamada Operação Pororoca começaram há cerca de dois anos, motivadas por denúncias de possíveis irregularidades na licitação do porto de Santana (Macapá), feitas pelo Ministério Público. A informação foi fornecida pelo delegado, que comanda as investigações, durante audiência pública nesta quarta-feira (8) da subcomissão temporária da Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) destinada a acompanhar as apurações da PF.

De acordo com o delegado, de posse de autorização judicial, a PF local fez o monitoramento telefônico dos suspeitos e descobriu o envolvimento do empresário Luiz Eduardo Pinheiro Correa em obras irregulares. Este empresário não participou das obras do porto, mas de diversas outras, esclareceu Tardelli. No total, foram 16 obras e R$ 103 milhões envolvidos, informou.

- A Polícia Federal constatou que, no esquema utilizado, o empresário procurava ou era procurado e expunha interesse em realizar determinada obra. O estado e o município, que não dispunham de recursos suficientes, conseguiam recursos pela celebração de convênios com parlamentares de Brasília, com a garantia de que aquela obra seria executada por sua empresa. - declarou o delegado.

Tardelli disse também que a Operação Pororoca identificou delitos de fraude no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) e constatou que dados falsos foram inseridos no sistema da Receita Federal de Macapá.

A Polícia Federal encaminhou os diálogos gravados à procuradoria do estado que, por sua vez, encaminhou-os ao procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, contou Tardelli, acrescentando que as fitas indicam que alguns parlamentares tiveram contato com o empresário citado. Ele não revelou nomes.

A senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), presidente da subcomissão, dirigiu a reunião. O depoimento foi também acompanhado pelo senador João Alberto Souza (PMDB-MA), relator da subcomissão.



08/12/2004

Agência Senado


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