Delegado diz que está sendo perseguido por ter falado à CPI



O delegado Roberto Pimentel denunciou ontem à CPI da Segurança Pública que está sofrendo perseguição de integrantes da polícia civil por ter deposto à comissão em 31 de maio passado, quando levantou suspeitas sobre o envolvimento do ex-chefe de polícia, Luís Fernando Tubino, com o jogo do bicho. Segundo o delegado, no mesmo dia em que depôs, o Departamento de Polícia Metropolitana (DPM) expediu quatro ofícios solicitando sua transferência para diferentes funções administrativas. "Me atiraram de um lado para o outro sem dar explicação", disse. Dias mais tarde, foi realocado da área judiciária do Palácio da polícia para o plantão 13ª DP, na Zona Sul de Porto Alegre. Devido à ausência do serviço de defensoria pública no local e à precariedade das instalações, Pimentel interditou o setor de flagrantes da delegacia. Para sua surpresa, o diretor do DPM, delegado Conceição Cardoso, instaurou uma sindicância administrativa pedindo a remoção de Pimentel para o interior do Estado. "Como responsável pela DP, tenho direito de tomar as decisões que julgo mais adequadas. Por esta razão, não acredito ser este o motivo para a sindicância. É muita coincidência tudo isso ter acontecido após meu depoimento", deduziu. Pimentel trabalha há 20 anos na polícia e atualmente está locado na área judiciária da 13ª DP, sem poder exercer sua função. Conforme o presidente da CPI, deputado Valdir Andres, a comissão pode recorrer à Justiça para apurar as denúncias. "Não admitiremos que uma testemunha seja intimidada dessa forma. Certamente tomaremos providências jurídicas para coibir essa prática", declarou. A comissão estuda submeter Tubino, Cardoso e Pimentel a uma acareação. Cabos e Soldados- Antes de Pimentel, a CPI ouviu outros quatro depoentes. Guilherme Ribeiro, responsável pela reunião entre a diretoria da Lotergs e estrangeiros ligados ao jogo eletrônico, disse que não conhece os empresários. O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar (Abamf), Leonel Lucas de Lima, informou que 30% dos policiais moram em favelas e ganham cerca de R$ 300,00 por mês. Lima também revelou que a entidade não foi consultada sobre o novo Regulamento Disciplinar da Brigada Militar (RDBM), que tolera o bico na corporação. O coronel denunciou ainda que funcionários do Centro de Manutenção da Brigada, como mecânicos e armeiros, estariam sendo realocados para o policiamento de rua sem treinamento específico, devido à falta de efetivo. A inspetora Adélia Porto, presidente do Sindicato dos Escrivães, Investigadores e Inspetores de Polícia (Ugeirm), acusou a SJS de estar burocratizada. Sem aumento desde 1995, ela disse que a categoria vai receber um aumento real de apenas 23%, em 2003. Adélia também reclamou da falta de treinamento dos profissionais e de efetivo. "Estou há 20 anos sem cursos de aperfeiçoamento na minha área e o número de profissionais é a metade do ideal. Em 1969, tínhamos mais gente do que hoje", declarou.

09/28/2001


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