Demostenes: declaração de Marta Suplicy é tão preconceituosa quanto a de José Graziano



O senador Demostenes Torres (PFL-GO) solidarizou-se nesta quinta-feira (16) com todos os parlamentares da Região Nordeste ao repudiar declaração da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, que atribuiu a -uma manobra dos nordestinos contra a cidade de São Paulo- o adiamento de um empréstimo no valor de R$ 493,807 milhões, decidido ontem pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Para o senador, a declaração de Marta reflete a mesma maneira de pensar do ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano, que atribuiu aos imigrantes nordestinos o aumento dos índices de violência e criminalidade nas grandes cidades.

- Foi um ato gratuito, violento e preconceituoso. É uma inconseqüência, com a mesma noção de ignorância agressiva do ministro Graziano. Ela esquece que existem requisitos a serem cumpridos antes de aprovarmos um empréstimo - afirmou.

Demostenes explicou que a CAE apenas decidiu pedir informações ao ministério competente sobre a capacidade de endividamento da prefeitura de São Paulo antes de aprovar ou não o empréstimo, -senão nós todos estaríamos ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal-.

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse estar -estarrecido- com a declaração de Marta Suplicy e enfatizou que não é possível rasgar a Lei de Responsabilidade Fiscal para atender a prefeita.

- É uma injustiça com o nosso partido e com o Senado. O que ela quer é intimidar para conseguir aprovar os empréstimos absurdos da prefeitura de São Paulo. E já vem outro aí - alertou.

O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) lembrou que é obrigação dos senadores zelar pelo interesse nacional e solicitar informações é parte desse zelo. Ele afirmou que a prefeitura de São Paulo já emitiu títulos no valor de R$ 9 bilhões que, -misteriosamente-, segundo disse, estavam todos estocados no Banco do Brasil (BB), o que acabou exigindo do Senado a aprovação da rolagem dessa dívida para não quebrar o banco. Para o senador, a prefeita não estava suficientemente informada sobre a decisão da CAE e, por isso, -cometeu essa injustiça-. Demostenes registrou que o que Suassuna chama de ignorância, ele considera ser má-fé.



16/10/2003

Agência Senado


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