CCJ convoca Graziano para retratar-se acerca de declaração preconceituosa
Depois de duas horas de discussão sobre a proposta do senador Almeida Lima (PDT-SE) que pedia a aprovação de voto de censura ao ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano da Silva, os senadores da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovaram requerimento do relator da matéria, senador Amir Lando (PMDB-RO), para que o ministro seja ouvido pela comissão, em conjunto com as comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Assuntos Econômicos (CAE).
Na reunião desta quarta-feira (12), os senadores concordaram que Graziano terá a oportunidade de se desculpar pessoalmente ao Senado acerca de uma declaração polêmica, tida como preconceituosa, que relacionava os nordestinos à violência urbana nas grandes metrópoles. Com a aprovação do convite a Graziano, Almeida Lima retirou o seu requerimento de voto de censura.
Em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no dia 7 de fevereiro passado, o ministro afirmou: -temos de criar emprego lá (no Nordeste); temos de gerar oportunidade de educação lá; temos de gerar cidadania lá. Porque, se eles (os nordestinos) continuarem vindo para cá (São Paulo), nós vamos ter de continuar andando de carro blindado-. A afirmação ganhou destaque no Jornal Nacional da Rede Globo, relacionando a violência com a presença de migrantes nordestinos em São Paulo.
- Nesse trecho do discurso o ministro supostamente teria se manifestado de maneira preconceituosa com relação aos nordestinos. A declaração causou mal-estar e constrangimento aos que defendem a igualdade de tratamento aos cidadãos brasileiros independentemente de sua origem - declarou Amir Lando.
Em seu relatório, Lando analisou o contexto em que a frase de Graziano foi proferida, amenizando o preconceito apontado na mídia. Ele apontou que a declaração - reproduzida no requerimento de Almeida Lima - -destoa das outras partes do pronunciamento do ministro, em defesa dos excluídos, da geração de emprego e renda no local de moradia para evitar a migração forçada, causadora da exclusão social, por sua vez, ligada à violência nos grandes centros-.
Lando acentuou que Graziano reconheceu que sua declaração permitia interpretações equivocadas e, por isso, pediu desculpas em nota pública, esclarecendo que essa não era sua intenção. O relator registrou ainda que dificilmente se pode relacionar a prática discriminatória a Graziano, que, de acordo com Lando, tem sua biografia comprometida com a superação dos problemas sociais.
12/03/2003
Agência Senado
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