Demóstenes sustenta existência de edições nas gravações da PF
Pela quarta vez na semana, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) subiu à tribuna do Senado para se defender das acusações que pesam contra ele no processo que pede a cassação de seu mandato. O pedido será votado no Plenário na quarta-feira (11).
Em seu pronunciamento nesta sexta-feira (6), o parlamentar sustentou mais uma vez que houve edição ilegal nas conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal em que ele foi flagrado conversando com Carlinhos Cachoeira e outros suspeitos de envolvimento com o grupo do contraventor.
Demóstenes também reclamou do fato de não ter sido permitida a análise dos áudios originais pelo perito contratado por ele. Ele apresentou as conclusões do perito Joel Ribeiro Fernandes, com base em alguns trechos das gravações.
- O doutor Joel Ribeiro Fernandes, sem os áudios originais, só com cópias em mãos, analisou poucos minutos das 250 mil horas de gravações e onde ele pesquisou encontrou indícios graves de violações. Foram apenas alguns trechos e todos eles contêm indícios de fraudes – disse o senador.
Ao ler as conclusões do perito, Demóstenes assinalou que não há no material prova científica que demonstra que as gravações sejam autênticas e mencionou novamente dois trechos citados por ele durante discurso desta quinta-feira (5).
No primeiro, em que supostamente pede dinheiro a Carlos Cachoeira para pagar o frete de um avião, Demóstenes assegurou que a voz que cobra o pagamento do avião não é dele, mas de uma terceira pessoa, que fala ao fundo da gravação. No segundo áudio, que trata da entrega de R$ 20 mil, Demóstenes sustentou que foram ignorados na transcrição diálogos anteriores e posteriores que esclareceriam o contexto da conversa e revelariam que o dinheiro não era destinado a ele.
- É um acumulo de más intenções. As escutas são ilegais, que produzem provas montadas, que por seu turno rendem transcrições não fidedignas – lamentou o senador.
O parlamentar também repetiu ter sido investigado ilegalmente durante as operações contra o grupo de Cachoeira e criticou ainda a velocidade do Conselho de Ética em julgar o processo apresentado contra ele.
- [O Conselho de ética] manteve os prazos estreitos no rito sumário exigido pela mídia – disse Demóstenes.
Na segunda-feira, o senador subiu pela primeira vez ao plenário após a decisão do Conselho de Ética de recomendar sua cassação. No discurso, o parlamentar se disse vítima de uma campanha difamatória, questionou as escutas feitas pela polícia e se desculpou com os colegas que o apoiaram quando surgiram as primeiras denúncias.
06/07/2012
Agência Senado
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