Demostenes Torres denuncia que poder econômico está decidindo eleições



O senador Demostenes Torres (PFL-GO) manifestou-se "enojado" com o uso do poder econômico nas atuais eleições em Goiás "e no resto do país".Ele sustentou nesta quarta-feira (15) que "não há um único município" onde não seja empregado o poder econômico ou os programas governamentais de distribuição de renda, de cesta básica, de bolsa de estudo e de medicamentos em troca de votos.
- Trocou-se o cabresto e a chibata do coronelismo pelo tilintar da moeda sonante. O poder de convencimento de incomensuráveis quantias arrebata as manifestações de vontade, cala o descontentamento, esmigalha a reação dissonante e faz legítimo o exercício da traição - afirmou. Conforme Demostenes Torres, é até curioso notar que, num momento em que se discute o Conselho Federal de Jornalismo, no interior do país "simplesmente é proibido discordar". Para ele, o poder econômico dos governos está sufocando a liberdade de imprensa, impedindo o direito à opinião e de manifestação das vontades.

Chegou-se a tal ponto, conforme o senador de Goiás, que é impossível separar hoje a corrupção no país do sistema eleitoral existente. Desde a Constituinte de 1988, lembrou, foram feitas várias tentativas de mudança no sistema eleitoral, para inibir o poder do dinheiro nas campanhas, que acabam beneficiando quem tem recursos ou está no poder governamental naquele momento.

O PT, que no passado pressionou por uma reforma política, agora simplesmente abandonou o assunto na Câmara dos Deputados, acrescentou Demostenes. Para ele, o governo do PT só lembrou de mudar o sistema eleitoral no momento em que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula estava em baixa. Agora, com a melhoria nos índices de aceitação, "não se fala mais no assunto".

- No país, o dinheiro sujo proveniente do crime organizado é hoje o maior agente financeiro das campanhas eleitorais - denunciou. Para Demostenes, recursos desviados do ensino fundamental ou da saúde e os "lucros do narconegócio" se misturam para formar "um fundo de campanha, sem origem nem nome". Por isso, observou, o senso comum acaba por avaliar "os políticos como malandros".



15/09/2004

Agência Senado


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