Depoimento de sobrevivente do Holocausto marca sessão do Senado
O Senado participou nesta segunda-feira (8) das homenagens que estão sendo feitas no mundo inteiro aos 70 anos da insurreição do Gueto de Varsóvia, durante a qual morreram cerca de 13 mil judeus. O depoimento do moldávio Michael Stivelman, remanescente da perseguição nazista, foi o momento marcante da sessão plenária especial requerida pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
Em 14 de setembro de 1941, durante uma das muitas marchas de judeus que os nazistas promoviam na Europa Central, deram uma ordem para que todos os homens, de 15 a 60 anos, se apresentassem para fazer um trabalho de limpeza de uma estrada. Eles não deveriam levar bagagem e voltariam à noite, com um quilo de pão como pagamento. Aos 13 anos de idade, Stivelman, egresso da Bessarábia (região entre a Ucrânia, a Moldávia e a Romênia), despediu-se de seu pai, um dos convocados:
- Com lágrimas nos olhos, olhando fixamente para mim, ele colocou a mão direita sobre a minha cabeça e me recomendou tomar conta de minha mãe - relembrou.
"Ao sobreviver, você terá a obrigação de relatar ao mundo as atrocidades cometidas pelos nazistas”, instou o pai de Stivelman, já intuindo que não voltaria vivo. Nesse mesmo dia, foi fuzilado, juntamente com todos os outros homens.
O hoje banqueiro, relatou ser o único sobrevivente de sua numerosa família, graças à sua mãe adotiva, que correu vários riscos para salvá-lo. Ele presenciou parentes, amigos e desconhecidos morrendo pelo cansaço das caminhadas impostas pelos nazistas, por fuzilamento, fome e desnutrição.
Stivelman disse que acatou o pedido do pai como uma ordem e, por isso, não deixa de dar seu depoimento. Para Stivelman, lembrar o Holocausto, mesmo causando sofrimento, é importante para que não se repita tanta violência e para que haja um futuro melhor para todos.
– Se tantas foram as vítimas martirizadas, tantos foram sacrificados, tenhamos esperança de que tal genocídio sirva como redenção de toda a humanidade de qualquer nova tentativa de cultivar a maldita intolerância – afirmou.
O senador Flexa Ribeiro afirmou que lembrar a tragédia do Holocausto deve servir para alertar contra os perigos que a discriminação, o preconceito e o ódio representam para a sociedade.
– Esta sessão especial desperta e revigora em todos nós a necessidade imperiosa de afirmação dos valores universais da tolerância racial e do respeito à diversidade, fundamentos de qualquer regime democrático verdadeiramente autêntico – disse.
Também participaram da sessão a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes; o embaixador de Israel, Rafael Eldad; o presidente do Museu do Holocausto, Miguel Krigsner; e o presidente da Confederação Israelita do Paraná, Manoel Knopfholz, representando o presidente da Confederação Israelita do Brasil, Claudio Lottenberg.
08/04/2013
Agência Senado
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