Depoimento de Vedoin à CPI sana dúvidas e facilita relatório, diz Biscaia



O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse nesta quinta-feira (3) que o depoimento de cerca de oito horas prestado ao longo do dia pelo empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin deu segurança à comissão para apresentar à sociedade, no próximo dia 10, um relatório sobre o esquema de venda fraudulenta de ambulâncias e outras unidades móveis a prefeituras, governos estaduais e ministérios.

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De acordo com Biscaia, as afirmações de Vedoin (sócio-proprietário da Planam, empresa com sede em Mato Grosso), somadas às provas materiais, como depósitos em contas-correntes, e indícios, como atos oficiais e a presença em reuniões, incriminam "um elevado número de parlamentares" .

- Já temos elementos, por exemplo, que confirmam a participação de três senadores - disse Biscaia, referindo a Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT).

O presidente da CPI afirmou que Vedoin trouxe elementos que comprovam que, em inúmeros casos, os parlamentares citados tinham conhecimento que seus assessores recebiam vantagens indevidas. De acordo com o presidente da CPI, Vedoin afirmou que as denúncias contra esses parlamentares podem ser comprovadas porque eles tomavam providências, como o envio de ofício ao Ministério da Saúde ou da Ciência e Tecnologia, entre outras provas.

Segundo Biscaia, mesmo os parlamentares que participaram de encontros destinados à negociação de emendas posteriormente não apresentadas devem ser considerados culpados, uma vez que se mostraram dispostos à corrupção. Biscaia, entretanto, preferiu ater-se à convicção de que a CPI já dispõe das informações e provas necessárias a mapear o esquema fraudulento e a participação - ou não - de aproximadamente 90 parlamentares.

- Os juízos de valor a serem registrados no relatório deixo por conta do relator, mas não podemos aceitar que parlamentares façam parte de uma sociedade para negociar emendas - disse o presidente da CPI.

Na opinião do vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), o depoimento de Vedoin contribuiu para confirmar a participação de parlamentares em torno dos quais havia dúvidas, uma vez que o recebimento da propina teria sido feito em dinheiro, por exemplo.

O deputado Fernando Ferro (PT-PE) observou que Vedoin também contribuiu no sentido contrário, ao inocentar entre quatro e seis parlamentares, antes colocados sob suspeita. Mas como outros foram incriminados, a "lista dos inocentes" deverá se situar em torno de 15 parlamentares.

Da mesma forma, o depoimento "não incrimina pessoalmente" o ex-ministro da Saúde e candidato pelo PT ao governo de Pernambuco, Humberto Costa, mas apenas o integrante do PT do Ceará Airton Cirilo, que teria intermediado a liberação de R$ 8 milhões que o Ministério da Saúde devia à Planam, empresa de Luiz Antônio e seu pai, Darci. Cirilo teria recebido comissão por meio de depósito na conta corrente do sobrinho Raimundo Lacerda e de José Caubi Diniz.

Os membros da CPI também deixaram o depoimento dizendo-se sem elementos que incriminassem governadores de estado, como Wellington Dias, do Piauí, e Zeca do PT, de Mato Grosso do Sul, embora Vedoin tenha se reunido com os dois para tratar de emendasao orçamento relativas à compra de ambulâncias.

Uma das novidades trazidas pelo depoimento de Vedoin foi o esclarecimento sobre a participação de outras empresas do esquema. Uma delas a KM Empreendimentos, de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, dominava no Nordeste, se especializou na montagem e venda de ônibus para "inclusão digital" e impedia a entrada da Planam naquela região.



03/08/2006

Agência Senado


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