Depois de mais de 80 reuniões, CPI dos Bingos aprova relatório final



Por 12 votos a dois, os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos aprovaram nesta terça-feira (20) o relatório do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). Com isso, a CPI completou 82 reuniões, em 356 dias de atividades. Instalada em 29 de junho de 2005, a comissão CPI colheu mais de 100 depoimentos. O colegiado teve o prazo inicial estipulado em 120 dias, porém em outubro de 2005 foi prorrogado seu funcionamento por mais 180 dias. Já em março deste ano aconteceu nova prorrogação, desta vez por mais 60 dias, o que transferiu o prazo final do colegiado para o próximo dia 24.

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Foi o senador Magno Malta (PL-ES) que, em março de 2004, requereu a criação da CPI dos Bingos. Contrário à legalização de qualquer tipo de jogo no país, o senador sempre desconfiou que as casas de bingo funcionavam como um canal para a lavagem de dinheiro, além de manterem estreitas ligações com o crime organizado. A intenção de Magno Malta de criar uma CPI para investigar as casas de bingo ficou engavetada por mais de um ano. A proposta começou a decolar somente em meados de 2005, quando foi divulgado o teor do vídeo em que o ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República Waldomiro Diniz aparece pedindo propina ao empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Diante das denúncias, a oposição insistia para que a CPI fosse instalada de imediato, enquanto a base do governo tentava procrastinar a instalação da comissão. Depois de muita discussão e manobras políticas, coube ao Supremo Tribunal Federal (STF) bater o martelo e autorizar o funcionamento da nova comissão. As prorrogações permitiram investigações sobre várias questões. A CPI dos Bingos, que chegou a ser tachada por parte da imprensa de "CPI do Fim do Mundo" e "CPI contra o PT", investigou ao longo de um ano vários fatos, incluindo os assassinatos dos prefeitos petistas das cidades de Santo André, Celso Daniel, e de Campinas, Toninho do PT, ambas em São Paulo.

No relatório de 1.300 páginas elaborado pelo relator, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), destacam-se ainda episódios que marcaram o noticiário político dos últimos meses. Entre eles estão o chamado "esquema do mensalão"; o caso da renovação do contrato entre a multinacional GTech e a Caixa Econômica Federal (CEF) para o processamento de loterias; a entrada de supostos dólares cubanos para ajudar a campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República; a "máfia do apito" no Campeonato Brasileiro de Futebol; o caso Waldomiro Diniz e Carlinhos Cachoeira; e as acusações de prática de lobby contra o irmão do presidente Lula, Genival, o Vavá. A CPI analisou também o suposto envolvimento de João Arcanjo Ribeiro, o Comendador - apontado como o chefe do crime organizado em Mato Grosso - no assassinato de Celso Daniel.

No final de janeiro deste ano, os senadores apreciaram e votaram o relatório parcial da CPI sobre o caso Gtech/CEF, que pediu o indiciamento de 34 pessoas e três empresas acusadas de participarem de esquema de tráfico de influência e pagamento de propinas durante a renovação do milionário contrato para processamento de loterias federais entre a estatal e a empresa norte-americana presente em mais de 40 países.



20/06/2006

Agência Senado


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