Deputado cubano agradece apoio de parlamentares brasileiros em caso de presos cubanos nos EUA
Durante a sessão solene do Congresso em homenagem a José Martí, nesta terça-feira (1º), o presidente da Assembléia Nacional do Poder de Cuba, deputado Ricardo Alarcón de Quesada, manifestou pesar pela morte da ex-primeira dama do Brasil Ruth Cardoso e agradeceu o apoio dos parlamentares brasileiros à luta pela libertação dos cinco cubanos presos nos Estados Unidos há dez anos sob a acusação de espionagem. Ao encerrar a sessão, o senador Inácio Arruda (PC do B-CE) expressou o apoio da Frente Parlamentar de Amigos de Cuba.
Quesada fez uma comparação entre a situação dos cubanos presos nos Estados Unidos e as torturas sofridas por José Martí nas mãos dos colonizadores espanhóis. Os cinco cubanos presos nos Estados Unidos há dez anos não tiveram, segundo o Grupo de Trabalho de Detenção Arbitrária da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) acesso apropriado a seus advogados.
Gerardo Hernández, René González, Ramón Labañino, Antonio Guerrero y Fernando González foram detidos em 1998, nos Estados Unidos, acusados de espionagem a favor do governo cubano em instalações militares americanas e em organizações de exilados cubanos nos EUA. Em 2002, foram condenados por um tribunal de Miami a penas que vão desde 15 anos de reclusão até prisão perpétua.
O Tribunal de Apelação de Atlanta, em agosto de 2005, considerou que os acusados não haviam tido um processo justo e imparcial. O caso, entretanto, continua em tramitação na Justiça. Quesada disse que recentemente uma comissão de três juízes norte-americanos chegou à conclusão de que os cubanos não cometeram nenhum ato contra a segurança dos Estados Unidos.
Até hoje, as visitas de familiares cubanos aos presos são dificultadas e, em alguns casos, proibidas. Em Cuba, eles são considerados heróis, pois se negaram a fazer declarações contra o país.
O parlamentar cubano disse que Cuba tem recebido manifestações de solidariedade de vários países, entre eles a Bélgica, em relação aos cubanos presos nos Estados Unidos.
Sobre José Martí, Quesada afirmou que o herói cubano foi o primeiro a recomendar aos latino-americanos que não caíssem na tentação de participar de um mercado comum com os Estados Unidos, do qual os norte-americanos já falavam mais de cem anos antes de proporem a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
A questão econômica e monetária já era considerada por Martí o principal obstáculo à independência latino-americana. Quesada acrescentou, porém, que o principal objetivo de José Marti era a Justiça. A frase "Conquistaremos a Justiça", escrita por Martí numa carta a um amigo filho de escravos cubanos, foi apresentada por Quesada como a síntese do pensamento do herói cubano.
- Essa frase pode resumir o programa radical revolucionário que o povo cubano se empenha em continuar - disse Quesada.
O deputado cubano disse que as relações atuais do Brasil e de Cuba são ótimas.
01/07/2008
Agência Senado
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