Deputados derrubam vetos de Olívio



Deputados derrubam vetos de Olívio Magistério tem plano de carreira Os vetos do governador Olívio Dutra a duas emendas incluídas no projeto que reajusta em 25% o salário do magistério estadual foram derrubados ontem pelos deputados de oposição. Uma delas obriga o governo a encaminhar, em 90 dias, um projeto de lei aumentando o índice de reajuste para 190%. A outra estende o reajuste de 25% a todos os demais servidores públicos. Os deputados governistas José Gomes, Maria do Rosário, Edson Portilho, Luciana Genro e Cecilia Hypolito foram à tribuna criticar as emendas, que classificaram de “demagógicas e oportunistas”. – Na ânsia de engessar a ação do Executivo, a oposição aprova medidas descabidas esquecendo que a defasagem salarial do magistério não começou no governo de Olívio Dutra – disse Gomes. O secretário da Administração, Marco Maia, disse que o governo vai se reunir com a Procuradoria-Geral do Estado para discutir as medidas jurídicas a serem tomadas assim que o resultado da votação for publicado no Diário da Assembléia. A procuradoria deve alegar a inconstitucionalidade das emendas para pedir sua anulação. A Assembléia aprovou também o projeto do governo que institui o quadro de cargos e salários do magistério público estadual, que aguardava para ser votado desde a convocação extraordinária de julho. O projeto garante a seleção de funcionários por concurso público e o progresso na carreira a por meio de níveis e graus. Prorrogado prazo da CPI da Segurança A Assembléia Legislativa aprovou ontem, por 30 votos favoráveis e 12 contrários, a prorrogação da CPI da Segurança Pública por mais dois meses. A comissão foi instalada em meados de abril para investigar irregularidades na área da segurança pública no Estado. Até agora, realizou 26 reuniões e ouviu depoimentos de 71 testemunhas e de dois palestrantes. O relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT), disse que a prorrogação se tornou “absolutamente indispensável” para que as investigações sejam realizadas com a profundidade que a importância do tema requer. – Ainda não recebemos papéis importantes como a documentação relativa às quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico autorizadas pelo Judiciário. Terminar os trabalhos agora seria frustrar todos aqueles que querem apurar a verdade dos fatos, com seriedade e transparência – disse Vieira. Os votos contrários das bancadas do PT e do PC do B foram interpretados pelo relator como um sinal claro de que o governo não quer a investigação: – Como quem não deve não teme, só posso concluir que eles estão devendo. E se estão, é bom mesmo que temam, porque vamos apurar cada uma das graves denúncias com todo rigor. Brizola e Itamar se encontram hoje Aliança para sucessão será proposta O governador de Minas Gerais, Itamar Franco, e o presidente do PDT, Leonel Brizola, se reúnem hoje em Belo Horizonte para discutir a sucessão presidencial. Brizola tenta convencer Itamar a deixar o PMDB para ingressar em seu partido. Na semana passada, o líder pedetista se encontrou no Rio com Ciro Gomes (PPS) e os dois conversaram sobre a continuidade do projeto de aliança com Itamar para as eleições de 2002. A esperança do líder pedetista em atrair o governador cresceu depois da convenção do PMDB do último domingo, na qual foi escolhido o deputado federal governista Michel Temer para a presidência da agremiação. Com esse resultado, aumentam os obstáculos para que Itamar se lance candidato por seu atual partido. A aproximação entre Itamar e Ciro foi formalizada em um encontro promovido por Brizola no mês passado, no Rio. Na ocasião, os dois disseram que abdicavam da pretensão de encabeçar uma chapa eleitoral, de forma a possibilitar uma aliança das oposições a Fernando Henrique Cardoso. Os freqüentes contatos de Itamar com o presidente do PDT incomodaram líderes do PMDB que apóiam sua candidatura, como o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia e o senador Iris Rezende (GO). Jader ganha tempo para defesa PMDB conseguiu adiar para semana que vem votação de relatório Em uma sessão tumultuada, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar decidiu ontem encaminhar à Mesa Diretora uma recomendação para impedir que o presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), reassuma o comando da Casa na terça-feira. Aprovada por nove votos a cinco, a proposta cria mais um constrangimento ao peemedebista, por representar um veto político à sua permanência no cargo. A bancada do PMDB ficou isolada na posição de defendê-lo, embora tenha conseguido adiar para a semana que vem a votação do relatório que recomenda a abertura do processo por quebra de decoro parlamentar contra o senador paraense. De autoria do bloco de oposição, a recomendação foi aprovada com apoio de PSDB e PFL e determina que se Jader mantenha afastado da presidência até o final do julgamento do processo no Senado. Apenas os cinco senadores do PMDB, entre os quais o líder do partido, Renan Calheiros (AL), votaram contra. Hoje, a proposta será lida em plenário e enviada à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), para que seja verificada a legalidade da matéria. O assunto será também discutido na reunião do colégio de líderes, na próxima semana, onde a decisão poderá ser ratificada. Os integrantes do conselho deixaram claro que a decisão, embora não tenha poder de garantir a saída imediata de Jader do comando da Casa, por ser apenas uma sugestão, contribuiu para tornar mais delicada a situação do senador. – É um veto político e moral ao senador Jader – afirmou Waldeck Ornélas (PFL-BA). A sessão de leitura do relatório foi marcada por bate-boca, principalmente entre o senador João Alberto Souza (PMDB-MA) e seus outros dois colegas, Jefferson Peres (PDT-AM) e Romeu Tuma (PFL-SP). O presidente interino do conselho, Geraldo Althoff (PFL-SC), teve de interromper a reunião por alguns minutos para garantir a continuidade dos trabalhos e acabar com a troca de insultos. Indignado com o teor do relatório, Souza, que não assinou o documento apesar de ser integrante da comissão, acusou Tuma e Peres de comandarem o “linchamento moral” de Jader. – Isso é uma falta de respeito – devolveu Tuma, que teve de recorrer ao serviço médico da Casa depois da discussão. O principal motivo foi o voto em separado de João Alberto, que atacou e levantou suspeitas sobre a atuação de Tuma em vários momentos e inocentou Jader. Para ele, o caso só pode ser julgado depois de analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar do quadro desfavorável, a bancada do PMDB pressionou e conseguiu convencer os demais membros a marcar para hoje a escolha do novo presidente do conselho. O objetivo é eleger o senador Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS). Projeto de saneamento provoca protesto Prefeitos pedem adiamento da votação Uma tentativa de abraçar a Hidráulica do Moinhos de Vento, em Porto Alegre, marcou o protesto realizado ao meio-dia de ontem contra o projeto que fixa as diretrizes nacionais para o saneamento básico. A proposta tramita na Câmara dos Deputados. Manifestações também ocorreram em Brasília, Vitória (ES) e Goiânia (GO). Em Porto Alegre, o ato reuniu o vice-prefeito João Verle (PT), vereadores e centenas de servidores municipais. Apesar da participação expressiva, os manifestantes não conseguiram completar todo o contorno do quarteirão que abriga as instalações da Estação de Tratamento de Águas Moinhos de Vento e a direção do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE). Das seis ruas que circundam o terreno, três foram ocupadas – 24 de outubro, Doutor Vale e Fernando Gomes.. Segundo o vice-diretor da instituição, Ricardo Collar, a intenção era “demonstrar a inconformidade com o projeto que abre caminho para a privatização do DMAE”. Em Brasília, representantes da Frente Nacional de Prefeitos pediram a intermediação do secretário- geral da Presidência da República, ministro Aloysio Nunes Ferreira, para o adiamento da votação do substitutivo do projeto de lei. Com apreciação marcada para 17 de outubro, o texto do deputado Adolfo Marinho (PSDB-CE) mantém a sugestão do projeto original, que transfere dos municípios para os Estados a titularidade da exploração de água e esgotos. – O texto é dúbio. É melhor do que o do governo, mas não resolve a questão da titularidade – disse o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT), um dos que estiveram em Brasília, sobre o substitutivo. Tarso informou que o ministro deve reunir-se novamente com os prefeitos no prazo de 15 dias para analisar a questão. Artigos A face do terrorismo ANTÔNIO MESQUITA GALVÃO A manhã de 11 de setembro vai ficar indelevelmente gravada na memória mundial como a data em que a barbárie, desentocando-se, mais uma vez, de sua sórdida e anônima morada, mostrou suas garras, atacando sem aviso, ferindo pessoas inocentes e – mais que isto – dando um duro golpe naquele conjunto de valores que nós, pelo menos os ocidentais, chamamos de civilização. As guerras, mesmo as convencionais, declaradas e tornadas explícitas, trazem consigo toda uma gama de violência, intolerância e exposição de força bruta, que pelas suas conseqüências posteriores, desautorizam quaisquer razões iniciais. O preço de uma guerra, em transtornos sociais, perda de vidas, equipamentos e referenciais morais, não justifica sua deflagração. Mesmo assim, a guerra formal ainda é menos suja que o terrorismo, pois nela o soldado luta cara a cara, ao invés do terrorista que, movido por sentimentos baixos, ideologias pobres ou fé religiosa fanática, ataca de forma cruel e traiçoeira, fazendo como alvo, em geral, populações civis e, como tal, inocentes. Ainda não se sabe quem seriam os terroristas do ataque aos Estados Unidos, mas suspeita-se de grupos radicais islâmicos, egressos do Afeganistao, da Palestina, do Iraque ou de algum grupo exacerbado da região. É inadmissível usar a religião, as promessas de um “céu de Alá” para mandar homens ao suicídio, ao genocídio e ao assassinato em massa. As conseqüências vão ser, sem dúvida, danosas a todos. Primeiro, nos Estados Unidos e países do Primeiro Mundo, vai se instalar, com mais vigor – e com alguma justificativa – a paranóia da segurança. Depois, os americanos não vão deixar barato seus prejuízos. Vai haver uma caça às bruxas sem precedentes, na qual vão sofrer os países árabes não-alinhados, o próprio Estado palestino ainda em fase de afirmação, bem como as populações de imigrantes árabes que pululam na América. Todo indivíduo de origem oriental vai ser declarado suspeito nos Estados Unidos. É hora de pensar, pois buscar vingança e desforra, só vai piorar as coisas De outro lado, a visão política revela uma certa pedagogia na tragédia. Em tudo tem ensinamento, às vezes doloroso, mas nem por isso menos pedagógico. Por décadas, desde o começo do século passado, os Estados Unidos se arvoraram em xerifes do mundo, intervindo onde bem entendiam, sempre com violência e rapina, “em nome” da paz e da democracia. Assim foi nos antigos confrontos com o México e com Cuba, depois na II Guerra Mundial, no genocídio de Hiroshima e Nagasaki, passando pelo Vietnã, pela ilha de Granada, pelos ataques (travestidos de ONU) a Kosovo e Macedônia, bem como retaliações à Líbia de Kadafi e ao Iraque de Saddam Hussein. Isso para a CNN é notícia; para o cinema é roteiro para filmes de Chuck Norris; para o povo americano é motivo de orgulho e ufanismo nacionalista. E, sobretudo, para a indústria bélica, alguns milhares de dólares em negócios. No entanto, para as populações atacadas, é dor, luto, destruição e fogo. Assim como ocorreu em Manhattan, na terça-feira passada. É hora de enterrar os mortos, sarar as feridas, reconstruir, sentar para conversar e pensar. Pensar muito, pois buscar vingança e desforra, só vai piorar as coisas. Se é que podem ficar piores. Conclamação à paz MARIA DO ROSÁRIO “A fraqueza fundamental da violência é que ela é uma espiral que se afunda cada vez mais, gerando a mesma coisa que procura destruir” Martin Luther King Jr A humanidade sofre profundamente pela seqüência de atentados terroristas que atingiram milhares de cidadãos norte-americanos na terça-feira. No sofrimento não há bandeira que possa nos separar. Somos todos família humana buscando alguma luz para superar a barbárie. Jamais poderíamos imaginar que a nação do “destino manifesto”, única superpotência mundial, pudesse ser atingida em seus centros financeiro e militar: o Pentágono e o World Trade Center (com seus dois arranha-céus de 110 andares). Inimigo interno ou externo? Realmente não importa. Repudiamos e condenamos o terrorismo promovido por quem quer que seja. A violência é uma espiral que se afunda. Hoje, a humanidade não sabe se terá futuro Estes atentados, como qualquer ato terrorista, são em si mesmos atos de covardia, pois atingem civis de modo implacável, sem avisar. Crianças, adolescentes, jovens e idosos, todos são alvos do inesperado. Neste aspecto, a prática do terrorismo é ainda pior do que a da guerra, onde papéis estão claramente definidos e os movimentos são previsíveis. Diz-se que os Estados Unidos são um império e, de fato, assumiu atribuições imperiais ao longo da segunda metade do século 20. Atuando nos cinco continentes, intervém em conflitos milenares (como o israelense-palestino), mas também criou terroristas dentro e fora de seu território. Em 1995, em Oklahoma City, um prédio do governo americano veio abaixo após a explosão de uma bomba que vitimou inclusive filhos e filhas de servidores públicos. Naquele momento muitos se apressaram em atribuir a grupos fundamentalistas islâmicos a suspeita pelo atentado, contudo, os autores eram cidadãos norte-americanos. Os Estados Unidos também alimentaram a ascensão de Osama Bin Laden, o qual é hoje objeto de ódio e temor sem precedentes. De fato, a violência é uma espiral que se afunda... Hoje, a humanidade não sabe se terá futuro. Os acontecimentos impõem uma reação mundial pela paz e não a reação bélica dos EUA. Essa paz pressupõe o respeito às diferenças, o reconhecimento dos direitos dos povos e das obrigações dos seus governos e exige a redução das desigualdades econômicas entre as nações. Neste contexto, o Brasil deve ocupar um lugar de destaque, fazendo valer os princípios expressos no art. 4 da Constituição Federal, entre os quais: independência nacional, prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, não-intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. Colunistas JOSÉ BARRIONUEVO – PÁGINA 10 Anselmo volta às ruas de Pelotas A votação, ontem, do projeto que proibiu a instalação de catracas eletrônicas no transporte coletivo de Pelotas fez ressurgir um dos políticos mais controvertidos do Estado: Anselmo Rodrigues, do PDT. Duas vezes prefeito da cidade, ele interrompeu o auto-exílio ao qual havia se submetido após a derrota na eleição do ano passado e circulou sorridente e num dia estratégico para ele pelos corredores da Câmara. Foi ovacionado pelas centenas de cobradores e motoristas de ônibus presentes. Passado recente Com a carreira política forjada no movimento sindical, o vereador pelotense Luiz Carlos Matozzo (PSB, ao microfone) enfrentou ontem seu calvário particular. Em 1998, foi autor de um projeto de lei que proibia a instalação das catracas eletrônicas nos ônibus. Ontem, votou contra um projeto similar, desta vez, originário do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Pelotas, ao qual sempre defendeu. Foi chamado de traidor, xingado e viu motoristas e cobradores virarem de costas a ele em sinal de protesto. Arroz-de-festa O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está sempre onde o povo está. Onde há protesto ou greve, lá estão as já conhecidas bandeiras vermelhas. Ontem o MST ajudou a engrossar o protesto dos previdenciários, que levaram caixões para a Esquina Democrática, em Porto Alegre, para atacar o governo federal pela falta de reajustes. Regime de engorda Boa parte da extensa agenda de conversações que o vereador José Fortunati cumpre esta semana com os partidos que o assediam para que assine ficha de filiação será em restaurantes. Somente hoje, Fortunati almoça com a cúpula do PSB no restaurante Copacabana e janta com o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, na Churrascaria Barranco. Se não conseguir um bom partido, o ex-petista pelo menos fará um belo regime de engorda. Bochechas coradas O cerco do PDT de Leonel Brizola deixou Fortunati enrubescido, ontem, no salão nobre da Câmara de Porto Alegre. Não pela oficialização do convite para que ingresse nas fileiras trabalhistas, mas pela poesia recitada pelo deputado João Luiz Vargas (foto acima). Além da poesia, Fortunati ganhou um button com o símbolo do PDT do deputado Adroaldo Loureiro. O adereço ficou sobre a mesa e será devidamente afixado na lapela do terno caso este seja o partido escolhido. Os dozes do PDT O PDT se reuniu com Fortunati num dia e horário estratégicos para o partido. Dono do número 12 no registro da Justiça Eleitoral, o PDT formalizou o convite ao vereador exatamente no dia 12, às 12h. Vereadores, integrantes da executiva estadual e deputados foram saudar pessoalmente aquele que esperam que se transforme no mais novo trabalhista gaúcho. Ainda ontem recebeu a visita de Rogério Portanova, candidato a presidente da República do PV, e o do deputado federal Roberto Argenta, do PHS. Sexta será a vez do PL. Planos futuros O presidente estadual do PSB, secretário Beto Albuquerque, pensa em vôos mais elevados para Fortunati, como a prefeitura de Porto Alegre na eleição de 2004. Não que os socialistas não reservem algo atraente para o vereador na disputa do ano que vem, o que deverá ser tratado no almoço de hoje no Copacabana. Beto explicou que só não falou com Fortunati publicamente antes porque ele ainda estava comprometido com o PT: – Homem solteiro é mais fácil de assediar. Prazo final Já está disponível na Internet (www.famurs.com.br) dados atualizados sobre a população dos municípios pela estimativa do IBGE de 2001. As prefeituras têm até o dia 18 de setembro para contestar os dados na Delegacia Regional do IBGE, em Porto Alegre. Interiorização Hoje, a deputada Cecilia Hypolito (PT) leva a Comissão de Finanças e Planejamento da Assembléia, a qual preside, a Candiota, na região da Campanha. Em conjunto com a Câmara local, a comissão debaterá a implantação de três usinas termelétricas na região, a exploração de carvão, o projeto de capitalização da Companhia Rio-grandense de Mineração (CRM) e a manutenção da Conta Consumo de Combustível. Prestígio O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra será o anfitrião hoje, em Marau, dos dois pré-candidatos a governador do Estado do PPB: Celso Bernardi e Fetter Júnior. Mais de 30 prefeitos da região confirmaram presença no debate, atraídos pelo prestígio. Depois de ter sido deputado estadual duas vezes, prefeito, vice-prefeito, presidente da Conab, e ministro, Turra disputará uma das vagas de deputado federal em 2002. ROSANE DE OLIVEIRA Coisas que dão medo Certas frases do presidente George Bush são de arrepiar a espinha, principalmente considerando-se suas atitudes nestes primeiros meses de governo. Bush anuncia que “os Estados Unidos vão entrar em uma monumental luta do bem contra o mal’’. O medo advém da dúvida sobre o que Bush, em nome do “bem”, considera lícito na guerra contra o mal, que desta vez não é um alvo objetivo como era Saddam Hussein na Guerra do Golfo, mas o terrorismo disseminado pelo planeta. Famoso por suas gafes e pelo escasso conhecimento de geografia, Bush tem no momento uma espécie de carta branca dos americanos para promover retaliações. Contra quem? Eis a questão. O terrorismo não tem pátria. Se para aniquilar o “mal”, personificado no terrorista Osama bin Laden, Bush achar que é preciso bombardear, por exemplo, o Afeganistão inteiro, estará lavando com sangue o ato que ensangüentou a América – como nas sociedades primitivas. Dá medo a perspectiva de agravamento do ódio racial no mundo, o crescimento do preconceito contra certas etnias. Já começaram nos Estados Unidos as hostilidades contra os árabes, como se fossem todos cúmplices dos terroristas que planejaram e executaram os atentados da terça-feira sombria. Como os terroristas que seqüestraram os aviões e os jogaram contra o World Trade Center e o Pentágono se autocondenaram à morte, fica mais difícil identificar a quem punir. Assusta, também, o conteúdo de certas manifestações registradas em território brasileiro. Como a do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região Metropolitana, que distribuiu uma “sugestão de pauta” com o título “Atentados em Nova York – Trabalhadores continuarão combatendo o imperialismo”. Milhares de trabalhadores filiados ao Sindicato dos Bancários por certo não viram no atentado nenhuma contribuição à melhoria das suas condições de vida, nem acham que essa seja uma forma legítima de combater o imperialismo. Diz o subtítulo da nota do sindicato que “os milhares de mortos e feridos no terrível atentado em série ocorrido nos Estados Unidos reabrem um debate no movimento sindical de esquerda sobre o terrorismo como forma de manifestação pública”. Editorial A sinistra eficiência Pouco mais de um dia depois da mais impressionante demonstração de sinistra eficiência por parte de um grupo terrorista ainda sem face, o mundo continua no perplexo rescaldo do episódio, tentando tirar lições e buscar segurança. A primeira evidência é de que, diante da ação terrorista, a sociedade se apresenta indefesa e assustada. A arma utilizada pelos autores dos atentados de Nova York e Washington não poderia ser mais singela nem mais terrivelmente devastadora: um avião de qualquer vôo transcontinental ou transoceânico dispõe de tal carga de combustível que, pilotado por um camicaze, se transforma numa bomba inteligente e poderosa. E há, só nos EUA, 40 mil bombas potenciais que decolam todos os dias. O múltiplo ataque sofrido pelos Estados Unidos, que pela primeira vez sentem a trágica experiência da guerra em seu território continental, colocou a nu o paradoxo que vive a maior potência mundial. Washington conferiu absoluta prioridade a um polêmico e sofisticado sistema de defesa antimísseis com custos avaliados em US$ 60 bilhões. Seus gastos militares ascendem a gigantescos US$ 300 bilhões por ano, conferindo ao país a condição de única potência capaz de bombardear qualquer ponto do planeta. Mas – e aqui entra o paradoxo – essa máquina de defesa foi incapaz de detectar e impedir a série de atentados para cuja execução bastaram planejamento, audácia e aviões de carreira. Iniciados os ataques terroristas, unidades da Marinha posicionaram-se ao longo da costa atlântica, para prevenir novas investidas, ação absolutamente inútil, pois os aviões dos seqüestradores suicidas partiram de dentro de seu próprio território. Os culpados é que devem ser punidos, não os inocentes: o terror não se combate com terror A grande lição a retirar do episódio é a de que não bastam tecnologias de ponta para combater esse inimigo. Muito mais eficientes serão as ações de inteligência, capazes de prevenir a tempo novas eclosões de barbárie e fanatismo. Mas provavelmente mais fundamental que o uso da tecnologia, da inteligência e de verbas bilionárias na preparação dos esforços de defesa e de ataque será a identificação da raiz dessa violência. O desafio do mundo será desativar as bombas de tempo representadas pela intolerância e pela desigualdade, para devolver tranqüilidade ao transporte aéreo e às cidades. A caça e a punição dos grupos terroristas responsáveis pelo trágico 11 de setembro, prometidas pelo presidente Bush e reclamadas pelos norte-americanos, não eliminarão as causas históricas, econômicas, sociais, culturais, religiosas ou de qualquer outra índole que fazem nascer e crescer o terrorismo. Castigar populações indefesas de nações que eventualmente venham a ser identificadas com os atentados de terça-feira será apenas um ato de vingança na base do dente por dente e seu resultado mais presumível será o de adubar a lavoura onde viceja o terrorismo. Os culpados é que devem ser punidos, não os inocentes. O terror não se combate com terror. O bom senso exige que o marco histórico representado pela drástica amputação de um dos cartões-postais mais conhecidos do mundo seja capitalizado pelos Estados Unidos e pela comunidade internacional na busca de novos padrões mundiais de convivência, de justiça e de segurança para todos. Hora de ponderação Enquanto os Estados Unidos continuavam ontem contando seus mortos, empenhados igualmente em resgatar e salvar feridos, os bancos centrais dos países ricos tentavam evitar que a tragédia transborde para o âmbito econômico. A exemplo de 1987, quando as bolsas de valores entraram em colapso, as nações desenvolvidas procuraram se antecipar à ameaça de pânico financeiro comprometendo-se a garantir liquidez dos mercados. Um atentado terrorista sem precedentes históricos como o desfechado contra os Estados Unidos impacta indistintamente todos os países. O ônus, porém, é sempre maior para os emergentes como o Brasil, razão pela qual é preciso que se empreenda um grande esforço para limitá-lo ao inevitável. Embora os efeitos só possam ser avaliados mais claramente depois da retomada dos negócios em Wall Street, a iniciativa dos Bancos Centrais do Grupo dos 7 (G-7) de se antecipar aos riscos é, portanto, providencial. Em momentos de atordoamento generalizado como o atual, é sempre difícil discernir o que é provisório e o que é permanente. Circunstancialmente, as preocupações se voltam para aspectos como os relacionados às cotações internacionais do petróleo e para o comportamento do consumidor norte-americano no que diz respeito a suas decisões de consumo. Os analistas são praticamente unânimes na estimativa de que os atentados vão apressar o processo de desaceleração da economia mundial, que já vinha sendo puxada justamente pelos Estados Unidos. A dúvida é se o horizonte econômico sombrio previsto pela maioria dos analistas terá caráter efêmero ou duradouro. O país precisa se manter atento a correções de rumo que poderão ser imperiosas a partir de agora Eis aí um cenário que pode levar o Brasil a uma expansão ainda menor do Produto Interno Bruto (PIB) do que as já reduzidas projeções, a exportar menos, a assistir à depreciação da moeda e a defrontar-se com novas dificuldades para fechar o seu balanço de pagamentos. Eis aí um quadro que deve merecer atenção prioritária do governo e, em especial, da equipe econômica. Uma das particularidades do Brasil, até mesmo pelo seu insatisfatório nível de inserção na economia mundial, é superar adversidades, contornando previsões pessimistas. Raras vezes, porém, o país se viu diante de dificuldades externas nos níveis atuais com uma dependência tão acentuada de recursos internacionais para financiar o setor público. E isso num momento de retração, dentre outras razões devido ao componente político dos atentados. Países como os Estados Unidos já demonstraram sua excepcional capacidade de reverter expectativas diante de traumas como o da crise de 1929 e do ataque a Pearl Harbor em 1941. A capacidade de reação do Brasil, porém, é incomparável à do parceiro americano. Por isso, o país precisa se manter atento a correções de rumo que poderão se mostrar imperiosas a partir de agora. Topo da página

09/13/2001


Artigos Relacionados


Ilusões do PT derrubam o governo Olívio

Deputados derrubam mais um veto

Deputados derrubam o primeiro veto da ordem do dia

Deputados derrubam veto ao projeto que cria Política Cooperativista

Deputados derrubam veto à emenda que obriga demonstrativo do caixa único

Deputados derrubam veto e mantêm emenda ao projeto dos servidores de escolas