DEPUTADOS DESTACAM QUALIDADES DE LUÍS EDUARDO
Dos 18 oradores da sessão solene realizada pelo Congresso Nacional em homenagem ao primeiro aniversário da morte de Luís Eduardo Magalhães, os 12 deputados que ocuparam a tribuna - e conviveram com o homenageado desde 1987 - destacaram as qualidades do ex-colega na convivência diária.O líder do PSDB na Câmara, deputado Aécio Neves (MG), disse que uma das principais preocupações de Luís Eduardo Magalhães foi consolidar a imagem da Câmara dos Deputados como "a mais representativa das instituições democráticas, como uma Casa de gente que trabalha efetivamente em projetos importantes para o país e sua gente". Luis Eduardo, afirmou, "era exemplo de verdadeiro democrata. Jamais se negava a ouvir os adversários. Tinha clara convicção de que é do confronto honesto de posições diversas que surge o consenso".Autor do requerimento para realização da homenagem na Câmara, o deputado José Carlos Vieira (PFL-SC) acredita que Luís Eduardo se doou por inteiro à solução dos graves problemas que afligem o Brasil. "Aquele homem, de alma tão enobrecida, colocava os interesses da coletividade acima dos seus pessoais, transbordava de qualidades de caráter e de tranqüilidade", disse Vieira, destacando a capacidade do colega de manter a palavra.Em nome da liderança do PMDB na Câmara, o deputado Geddel Vieira Lima (BA) declarou que o espírito conciliador e a incontestável liderança de Luís Eduardo fez com que o PMDB e o PFL baiano se unissem. Para Geddel, o seu conterrâneo teve vida longa o bastante para deixar exemplos de honra e coragem. "Tornou-se herói, imortal, nossa estrela a nos guiar no céu. Mas não precisamos de heróis. Precisamos de outros "Luíses", vivos, que lutem por um Brasil melhor", afirmou.O deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM) destacou a ternura que Luís Eduardo dedicava aos seus adversários e o respeito que tinha no trato com seus aliados. O deputado pelo Amazonas lembrou ainda a casualidade que faz de abril "um mês de heróis", data em que morreram, além de Luís Eduardo, o ex-ministro Sérgio Mota, Tiradentes e o ex-presidente Tancredo Neves.Como representação da pluralidade presente na Câmara, o líder do PT na Casa, deputado José Genoíno (SP) disse que gostaria de participar da homenagem usando o microfone de apartes e questões de ordem. "Luís Eduardo fazia política com alegria, sem raiva ou intolerância diante da diferença", afirmou o deputado do PT, que, na maioria das vezes, divergia do ex-deputado.Signatário do requerimento que pediu a realização da sessão solene, o deputado João Herrmann Neto (PPS-SP) disse que tinha em Luís Eduardo um amigo. Herrmann relatou que, quando sua esposa teve dificuldades durante a gravidez, diante da negativa de visto do governo americano "por motivos ideológicos", Luís Eduardo intercedeu e conseguiu para ele o passaporte e, assim, ela pôde ser tratada nos EUA. "Hoje, meu filho Rodrigo, de dez meses, tem uma parte de sua família dentro dele", disse o deputado do PPS, dialogando com o senador Antonio Carlos Magalhães.Os deputados Odelmo Leão (MG) e Jonival Lucas Júnior (BA) dividiram seu tempo para falar em nome do PPB. Odelmo disse que aprendeu com Luís Eduardo que era necessário conceder, para avançar. Jonival lembrou as iniciativas do ex-deputado no sentido de modernizar e desenvolver o país.A inteireza de caráter foi a qualidade de Luís Eduardo mais destacada pelo deputado Miro Teixeira (RJ), líder do PDT na Câmara. "Luís Eduardo tinha luz própria, não bajulava, tinha voto, não era subserviente ao poder, tinha determinação. Era o elo, o negociador confiável com quem estabelecemos projetos capazes de nos unir", declarou.Filho de político, o deputado Roberto Jefferson (RJ), líder do PTB na Câmara, disse que, como Luís Eduardo, aprendeu a crescer com o brilho do pai. "Ele se afirmou nesse amor que tinha pelo senhor e o senhor tinha por ele", afirmou Jefferson a Antonio Carlos.A relação entre pai e filho foi o ponto abordado também pelo deputado Pedro Valadares (PSB-SE). Para ele, Luís Eduardo tinha um carisma pessoal raro e não precisou de Antonio Carlos para ganhar espaço. "O amor que os unia era visível", disse.
28/04/1999
Agência Senado
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