Deputados do PT acham que delegados foram irresponsáveis nos depoimentos
O líder do governo na Assembléia, Ivar Pavan (PT), classificou os depoimentos dos delegados Farnei Araújo Goulart e Nelson Oliveira como uma tentativa de desgastar o Governo com fatos e informações imprecisas. Os dois policiais foram ouvidos ontem (17/5), quinta-feira, durante mais de quatro horas pelos integrantes da CPI da Segurança Pública da Assembléia. “Ambas testemunhas agiram como se jogassem fofocas ao vento. Primeiro confirmaram que ouviram o ex-Chefe de Polícia, Luiz Fernando Tubino, comentar que bicheiros teriam liberado verbas para obras sociais do Governo estadual. Depois, quando questionados mais seriamente, não responderam claramente às perguntas dos deputados, afirmaram não lembrar direito do episódio, das datas, das pessoas envolvidas. Além disso, concordaram que as declarações eram maldosas e inverídicas. E não respondem diretamente se têm conhecimento de algum esquema envolvendo jogo de bicho, policiais ou autoridades do governo”, observa Pavan.
O deputado está convencido que os delegados agiram de forma irresponsável e leviana. “É inadmissível que policiais do alto escalão e com larga experiência na função tomem conhecimento de denúncias gravíssimas que associam o Poder Público com atividades ilegais e permaneçam omissos, sem tomar nenhuma providência diante de um claro indício de crime”, observou Pavan, referindo-se às afirmações das testemunhas.
Farnei Goulart disse que, em janeiro de 1999, o ex-chefe de Polícia falou que bicheiros estariam disponibilizando verbas para o Governo estadual aplicar em programas sociais. Já, segundo Nelson Oliveira, Luiz Fernando Tubino disse que, agora (janeiro de 99), o dinheiro do jogo do bicho ficava com o chefe. “A passividade destes delegados frente a estas declarações comprovam as tese do secretário e Justiça e Segurança do Estado, José Paulo Bisol”, avaliou Pavan.
Um requerimento apresentado pela bancada petista, solicitando que a transcrição dos depoimentos seja encaminhada ao Ministério Público, ao Chefe de Polícia e à Corregedoria-Geral da Polícia, assim como que ambos sejam ouvidos no inquérito aberto pela Polícia Civil para investigar as ramificações do jogo do bico no Estado foi motivo de forte polêmica entre os deputados Ronaldo Zülke (PT) e Vieira da Cunha (PDT), relator da CPI. O pedetista tentou indeferir o pedido, alegando intimidação das testemunhas. Zülke contestou, dizendo que não admitia tal insinuação e que seu pedido visa contribuir para transparência e elucidação de todos os fatos associados com o jogo do bicho. “Independente da postura do relator, o Governo vai perseguir a verdade e não abre mão de investigar até o fim qualquer vestígio de ligação de policiais ou outros servidores com o jogo do bicho”, anunciou Zülke.
Os representantes do PT acreditam que os delegados foram coniventes com fatos que indicavam a presença de um crime grave, fugindo da obrigação que tinham como policiais. “Um era diretor do DEIC – Departamento Estadual de Investigações Criminais e outro era diretor da divisão jurídica do gabinete do Chefe de Polícia. Portanto, tinham incumbência de investigar o assunto”, reafirma Zülke. Para esclarecer a questão, os petistas estão solicitando a presença na CPI do ex-chefe de Polícia, Luiz Fernando Tubino.
05/17/2001
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