DESEMBARGADOR CONFIRMA AMIZADE COM JOSINO GUIMARÃES



O desembargador Odiles de Freitas Souza confirmou aos membros da CPI do Judiciário nesta quinta-feira (dia 28) que tem laços de amizade com o empresário Josino Guimarães, acusado em depoimento prestado à comissão pelos advogados Elarmin Miranda e Marco Aurélio Rodrigues Ferreira de intermediar a venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Porém, o magistrado negou que Josino o tenha procurado alguma vez tentando influenciar no resultado de qualquer decisão judicial tomada por ele.
Indagado pelo senador Paulo Souto, relator da CPI, Odiles Souza disse que também tinha relações comerciais com Josino através da revendedora Rondomaq, do pai do empresário, de quem teria comprado tratores. O relator pediu explicações sobre o fato de uma diligência da Polícia Federal ter encontrado alguns cheques do magistrado relacionados a um imóvel pertencente a Josino.
Sobre os cheques, Odiles disse que estava pagando algumas duplicatas na revendedora de tratores quando foi abordado por Josino, que teria pedido quatro cheques emprestados para vincular ao contrato para início de construção de uma casa. O magistrado informou que, como o empresário não dispunha de conta em banco e era seu amigo, concordou em fazer o empréstimo dos cheques.
Respondendo aos senadores Geraldo Althoff (PFL-SC) e Carlos Wilson (PPS-PE), vice-presidente da CPI, Odiles Souza disse que não acredita que Josino Guimarães esteja envolvido na intermediação da venda de resultado de sentenças. O magistrado justificou o fato de o empresário ter se negado a responder às perguntas dos membros da CPI, quando convocado a depor, por achar que ele estava sofrendo muita pressão, principalmente por ter sido preso sob a acusação de estar envolvido com o assassinato do juiz Leopoldino Marques do Amaral.
Diante das várias perguntas feitas por Paulo Souto e pelo senador Djalma Bessa (PFL-BA), Odiles Souza negou que tenha ocorrido irregularidades na sua decisão de indeferir um recurso de suspeição sobre o juiz responsável pelo processo de inventário da herdeira do ex-desembargador Péricles Rondon, Beatriz Rondon. De acordo com o dossiê encaminhado por Leopoldino do Amaral à CPI, o desembargador Ernani Vieira de Souza era enteado do magistrado falecido e teria se apossado de todo o espólio, que teria Beatriz como única herdeira legítima.

28/10/1999

Agência Senado


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