Desenvolvimento deve priorizar objetivos humanos, diz Campolina



O novo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Clelio Campolina, empossado nesta segunda-feira (17) ressaltou na cerimônia de transmissão de cargo que, no período recente, o desenvolvimento econômico, as novas tecnologias e os processos de inovação estão totalmente articulados com o desenvolvimento científico. Ele ponderou, no entanto, que falta prevalência dos objetivos sociais e humanos no processo de desenvolvimento.

“Vem ocorrendo um gnosticismo tecnológico, transformando o avanço da tecnologia num fim em si mesmo, subordinando a sociedade a uma corrida tecnológica sem precedentes, a qual vem comprometendo o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, mais humana e ambientalmente sustentável”, avaliou Campolina, em que destacou a missão de criar um programa ousado para a área.

Em seu discurso, o ministro Campolina apontou a existência de uma nova revolução tecnológica em curso no mundo. A seu ver, ao contrário das anteriores, ela resultará da combinação de múltiplas trajetórias tecnológicas, com seu avanço e aperfeiçoamento.

Ele citou as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) e sua capacidade de generalização, a exemplo da inteligência artificial, da robótica, da manufatura digital, das redes e sistemas de computação; o uso da nanotecnologia, em diferentes aplicações; a biotecnologia e a engenharia genética, e seus feitos sobre a saúde humana e animal; novos paradigmas e trajetórias energéticas; e novas formas de manejo e sustentabilidade ambiental.

“Essas trajetórias estão enraizadas e sustentadas no avanço da ciência, em todas as áreas e linhas de pesquisa”, afirmou. Nesse sentido, sustentou, há uma ampliação do cruzamento interdisciplinar, gerando um processo de interação crescente entre áreas de conhecimento e processos produtivos.

Para Campolina, todos esses elementos indicam que o novo ciclo tecnológico terá uma integração cada vez maior das dimensões científicas, tecnológicas, humanas e ambientais.

Missão

Dar continuidade aos programas existentes, criar um projeto que combine crescimento econômico, justiça social e sustentabilidade ambiental e promover um salto de qualidade na produção científica e tecnológica. Essas são as metas do novo ministro. 

Campolina defendeu a necessidade de criação de um plano ousado para a ciência brasileira e contou que essa foi a orientação da presidenta da República, Dilma Rousseff, ao convidá-lo. “Um plano com prioridades claras, porta pública de projetos, com critérios objetivos de seleção permitirão superar a pulverização atual do investimento em pesquisa e desenvolvimento [P&D] e estimular toda uma nova geração de pesquisadores cientistas e empresas inovadoras”, detalhou.

Ele convidou a comunidade científica, o sistema acadêmico-universitário, instituições de pesquisa, secretarias estaduais de ciência e tecnologia, fundações de amparo à pesquisa (FAPs) e o sistema empresarial a contribuírem para o aperfeiçoamento e para a implementação da política de ciência e tecnologia.

 “É preciso formular um grande programa para ciência brasileira, ter visão de futuro e andar rápido. E esse programa só terá legitimidade e viabilidade se for construído de forma conjunta com as instituições de ciência e tecnologia e a comunidade científica”, observou. “O Brasil tem pressa e capacidade para definir e priorizar os domínios tecnológicos e áreas científicas críticas para a transformação da estrutura produtiva brasileira.”

Formação

Para o ministro, um plano de investimento deve criar para as próximas décadas uma geração de cientistas que coloque o País mais próximo da fronteira do conhecimento. A ideia é que as prioridades, meios e caminhos estratégicos para a construção do arrojado programa sejam discutidas no âmbito do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT).

Ele apontou a formação de recursos humanos qualificados, em ciência básica e aplicada e em tecnologia como questão crítica para um País que pretende melhorar a qualidade de vida da sua população. “É prioridade absoluta, uma ênfase, uma política de capacitação e recursos humanos. O Brasil já tem um programa de pós-graduação muito avançado, mas essas coisas precisam ser complementadas principalmente pela educação básica e por essa interface com o sistema produtivo, com as empresas, pois são elas que na prática materializam a inovação”, enfatizou.

Segundo o novo titular do MCTI, que é economista e foi reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é preciso traduzir o avanço científico verificado, nos últimos anos, em geração de riqueza e na capacidade de competitividade de que o país necessita. Se há consenso sobre o papel da ciência para a inovação, ao lado do sistema acadêmico-universitário e de pesquisa, o grande desafio está relacionado com a forma de organização, institucionalização desses processos, disse Campolina.

Internalizar e internacionalizar

Para o ministro, outro desafio é incentivar a internalização da pesquisa e da inovação do capital estrangeiro no Brasil, para que a pesquisa seja feita no País. “Todos os países desenvolvidos fizeram isso. Ampliaram a internacionalização do esforço de pesquisa. Os Estados Unidos se industrializaram com empresa europeia fazendo pesquisa lá, o que a China está condicionando as empresas a fazer”, explicou.

Com o objetivo de viabilizar a internalização da pesquisa, Clelio Campolina defendeu a criação de um ambiente cooperativo, de estímulo e de condicionantes para facilitar o processo. “O Brasil é uma fronteira do desenvolvimento mundial e nós estamos diante de um quadro reestruturação da ordem global. Temos que mostrar que o Brasil é um país viável que tem potencialidades, e o capital estrangeiro, à medida que se convencer disso, internalizará a pesquisa”, sustentou.

“O caminho não é fácil. É preciso ter consciência política e social dessas dificuldades e agir de forma objetiva e permanente para aproveitar as oportunidades surgidas, o que só se faz com muita determinação e trabalho”, ressaltou.

Para o novo titular do MCTI, há uma nova revolução tecnológica em curso. Ele analisou que o desenvolvimento econômico, as novas tecnologias e os processos de inovação estão hoje totalmente articulados com o desenvolvimento científico, mas falta prevalência dos objetivos sociais e humanos.

Participaram do evento na capital federal os ministros Mauro Borges, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e Henrique Paim, da Educação, além de dirigentes de instituições de pesquisa e de entidades ligadas à área científica e tecnológica, parlamentares e dirigentes e servidores do MCTI.

Fonte:
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação



18/03/2014 11:25


Artigos Relacionados


Fórum Mundial de Direitos Humanos deve priorizar superação da violência, afirma ministra

Política de desenvolvimento produtivo deve priorizar competitividade industrial, diz BNDES

Governo vai priorizar direitos humanos na política externa

CDH discute objetivos do Fórum Mundial de Direitos Humanos e a participação popular

Ministério discute Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Inscrições para Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil vão até dia 31