Desenvolvimento do Vale do Caí passa pela superação de problemas agrícolas



Deputados e especialistas debateram o tema com a comunidade na primeira audiência do Fórum das Desigualdades Regionais Composta principalmente por pequenas propriedades rurais, que têm na agricultura de sustentação sua principal base econômica, a região do Vale do Caí vê no setor primário seus principais problemas de desenvolvimento. A diminuição do espaço físico para a produção e a falta de financiamento foram os pontos apresentados por autoridades e especialistas na primeira reunião do Fórum das Desigualdades Regionais, realizada hoje (13/09) pela manhã em São Sebastião do Caí. Os municípios do Vale do Caí têm como base a cultura do morango. Também são cultivados uvas, amora, figo, pepino, milho e repolho, além da produção de vinhos. Na indústria, destacam-se os setores cerâmico, moveleiro, calçadista e o têxtil. Sendo de cultura alemã, a região também é conhecida pela fabricação artesanal de chope. Para o diretor da UCS do Vale do Caí, Clóvis Assmann, os principais problemas do vale do Caí são a exaustão das terras utilizadas, a diminuição dos módulos rurais e a preservação ambiental das encostas dos rios, que impedem a ocupação destas áreas. Assmann apresentou o painel “Desafios Locais e Regionais de Desenvolvimento”. Segundo ele, há a necessidade de uma revisão dos conceitos de ocupação das terras da região, especialmente para as famílias que pretendem manter a atividade agrícola como seu sustento principal. Ele também considera necessária a inserção de novas tecnologias no processo produtivo e a especialização e qualificação do agricultor, não apenas para produzir mas para saber vender seu produto, trazendo um valor agregado ao seu trabalho. O prefeito de São Sebastião do Caí, Léo Alberto Klein, também destacou os problemas agrícolas da região. Ele citou o caso do cancro cítrico, bactéria que provoca lesões nas folhas, frutos e ramos. “Existe um projeto em nível federal, mas onde está o apoio do Estado e os investimentos dos municípios?” questionou. Ele também apelou para que houvesse uma maior união entre os as cidades, para que a região possa se equiparar com as outras áreas do Estado. “Um município isolado não consegue resolver problema nenhum”, completou. Para o presidente do Corede do Vale do Caí, Valério José Calliari, os problemas podem ser amenizados com um política agrícola favorável, com juros compatíveis com o mercado, e com a garantia de colocação dos produtos, principalmente nos casos de supersafra. Articulação O economista Antônio Carlos Galvão, analista de desenvolvimento cientifico e tecnológico do CNPq, apresentou o painel “Condicionantes Nacionais e Internacionais do Desenvolvimento Regional”. Ele apontou a articulação das pessoas como fator determinante para um desenvolvimento regional harmônico. “Nós temos um paradigma de desenvolvimento mais voltado ao macro desenvolvimento regional, que muitas vezes passou por cima das pessoas, e agora cada vez mais o desenvolvimento se sub-regionaliza, requer essa participação ativa e constante da sociedade para que os resultados sejam mais efetivos para essa população”, afirmou o economista. Galvão destacou que o Rio Grande do Sul é o povo que mais tem condições de apresentar esse tipo de desenvolvimento, pois tem instituições capazes e capital social suficiente para fazer valer essas prerrogativas. “Os níveis de desenvolvimento humano do Estado são muito elevados. Ao contrário de outras regiões, o Rio Grande do Sul tem uma cultura de envolvimento político dos cidadãos”, afirmou. Buscando a igualdade Os trabalhos foram coordenados pelo relator da Subcomissão das Desigualdades Regionais, deputado João Luiz Vargas (PDT). Segundo o parlamentar, o Fórum busca estudar as realidades e as necessidade regionais. “Quando falamos em desigualdades é porque estamos buscando uma igualdade para o Rio Grande do Sul”, explicou. O deputado Francisco Appio (PPB) representou o presidente da Assembléia, deputado Sérgio Zambiasi (PTB). João Luiz destacou ainda que, com a realização desse Fórum, a Assembléia está dando mais um passo para ampliar sua transparência, eficiência e competência. Estiveram presentes também o presidente do Fórum dos Coredes, Dinizar Becker; o prefeito do município de Harmonia e representante da Famurs, Carlos Fink; o presidente da Câmara de Vereadores de São Sebastião do Caí e representante da Uvergs, vereador João Carlos Caye; o diretor do Departamento de Desenvolvimento Regional e Urbano da Secretaria de Coordenação e Planejamento e representante do secretário Adão Villaverde, Tarson Nuñes; e os deputados Ronaldo Zulke (PT), Berfran Rosado (PMDB), Paulo Odone (PMDB) e Paulo Azeredo (PDT).

09/13/2001


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