Vale do Rio Pardo debate seus problemas de desenvolvimento regional



A comunidade do Vale do Rio Pardo teve a oportunidade de participar, hoje (07/12) pela manhã, em Santa Cruz do Sul, da 19ª audiência do Fórum das Desigualdades Regionais. Autoridades e lideranças debateram os principais problemas de desenvolvimento da região e suas possíveis soluções.

O vice-presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo e reitor da Unisc, Luís Augusto Campis, considera o problema de concentração de renda em alguns municípios como um dos principais a serem solucionados na região. Segundo ele, no Vale do Rio Pardo existe uma região mais desenvolvida, que abrange municípios como Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Vera Cruz, que tem sua economia baseada no minifúndio e na industrialização do fumo. Por outro lado, há também a parte norte, onde boa parte da população vive com índices de qualidade de vida negativos, como nos municípios de Lagoão e Segredo.

Para Campis, a solução poderia ser a construção de uma malha rodoviária que pudessem colocar os municípios que ainda não contam com acesso asfáltico em contato com o resto do estado e facilitar o escoamento da produção local, propiciando também o estabelecimento de novos empreendimentos na região. O prefeito de Rio Pardo, Edvilson Brum, destaca a necessidade da reforma tributária para o Brasil e para os municípios. “No momento em que tivermos uma distribuição equilibrada dos impostos entre os municípios, estados e a União, as desigualdades sociais vão diminuir”, avaliou. Campis e Brum apresentaram o painel Desafios Locais e Regionais de Desenvolvimento.

O representante do Vale do Rio Pardo no Parlamento gaúcho, deputado Osmar Severo (PTB), considera a região privilegiada, pois possui um setor empresarial desenvolvido e uma economia baseada em pequenas propriedades. Ele também destaca a importância da administração pública e da universidade no progresso da região. O deputado Berfran Rosado (PPS) falou sobre a importância do debate na eliminação das desigualdades regionais. Para ele, esse processo depende da capacidade do setor produtivo de se organizar e gerar empregos e também do apoio dos organismos governamentais.

O economista Ilvo Debus falou sobre as condicionantes nacionais e internacionais do desenvolvimento regional. Na sua avaliação, o conjunto de fatores que compõem a globalização, como as restrições ao comércio internacional e o subsídios são os principais condicionantes internacionais para o desenvolvimento regional. Segundo ele, esses fatores acabam refletindo na economia dos países e direta ou indiretamente afetam as microrregiões. No âmbito nacional, Debus aponta a falta de políticas públicas voltadas para o combate às desigualdades como principal condicionante para o desenvolvimento regional. Ele lembrou que, a partir da constituição de 1988, o governo federal vem atuando nesse sentido em nível das macrorregiões, mas na prática foi comprovado que essa sistemática não atua efetivamente na redução das desigualdades. Portanto, seria necessária a adoção de uma nova sistemática de atuação do poder público, no sentido de viabilizar políticas voltadas para as microrregiões, levando em conta as diferenças entre elas.

Para o Rio Grande do Sul, o economista destaca a necessidade de investimentos na educação e no apoio às pequenas e médias empresas. Debus é consultor da Fundação Getúlio Vargas e da Confederação Nacional de Municípios, para assuntos da Lei de Responsabilidade Fiscal e consultor-geral adjunto de Orçamento, Fiscalização e Controle do Senado Federal. Representando o governo Estado, o coordenador regional do Gabinete de Relações Comunitárias, Albino Gewehr, falou sobre as ações do governo no combate às desigualdades regionais.

O Fórum das Desigualdades Regionais conclui seus debates na próxima semana, completando 22 audiências em todas as regiões do Estado. No dia 13 de dezembro, as audiências acontecem nos municípios de Taquara e Tramandaí. No dia 14, em Porto Alegre, será realizada a audiência final, quando será apresentado o relatório das reuniões e os resultados da pesquisa realizada pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Ufrgs sobre as desigualdades regionais.




12/07/2001


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