DESFLORESTAMENTO DA AMAZÔNIA PREOCUPA MARINA



Caso o desflorestamento da Amazônia prossiga dentro dos mesmos índices registrados nos últimos 20 anos, em 90 anos a floresta terá desaparecido. O alerta foi feito nesta sexta-feira (dia 14) pela senadora Marina Silva (PT-AC), com base nos últimos números da devastação divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe).
A Amazônia tem 5,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 10%, ou 551.780 quilômetros quadrados, foram desflorestados em duas décadas, informou a senadora. Nesses cálculos não estão incluídas as derrubadas feitas pelos madeireiros. Se isso acontecesse, os índices da devastação se elevariam para 27% da floresta, esclareceu.
De acordo com os dados do Inpe, o desflorestamento na Amazônia atingiu 17.383 quilômetros quadrados no período 97/98; 13.227, no período 96/97; 18.161 em 95/96; 29.054 em 94/95; e 14.896 no período 93/94.
Marina Silva atribuiu às políticas oficiais equivocadas a responsabilidade pelos altos índices de desflorestamento e pelo agravamento dos problemas sociais da região Amazônica. A principal falha dessas políticas estaria na desatenção à cultura local, que tem no habitante da região seu principal representante. A senadora enfatizou que uma política voltada para o enriquecimento da Amazônia deverá responder a pergunta: "o projeto tem sustentabilidade ambiental, política, cultural, social e econômica?"
Na avaliação da senadora, as diferentes fases da ocupação da Amazônia revelam uma dissociação entre os planos dos governos e seus técnicos e a realidade objetiva da região. Ela citou como exemplos a serem seguidos os dos governos do Acre, de Jorge Viana, e do Amapá, de João Capiberibe.
Marina reconheceu a contribuição de organizações não governamentais e do Centro Indigenista Missionário (Cimi) para a solução de problemas graves da Amazônia. No entanto, observou, "laboratórios americanos e japoneses têm-se apropriado indevidamente de plantas da região, transformando-as em produtos altamente lucrativos, sem trazer qualquer benefícios para os moradores da Amazônia".
A principal mudança no que diz respeito à Amazônia, ressaltou a senadora, deverá acontecer dentro do próprio governo.
- Não podemos responsabilizar unicamente o Ministério do Meio Ambiente pelos insucessos no que se refere a uma política de ocupação da Amazônia. O governo deveria ampliar sua ação através da integração de ministérios como o da Fazenda e o de Minas e Energia, para fazer o zoneamento ecológico e promover o desenvolvimento auto-sustentável da região - afirmou.
Em aparte, o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) concordou com Marina ao admitir que falta à Amazônia uma política de desenvolvimento coerente com a sua realidade. No entanto, ele ponderou que os dados divulgados pelo Inpe abarcam um período que vem desde os tempos pré-coloniais.
- Quero dizer que as informações do Inpe demonstram que não foi a atividade madeireira a responsável pela grande devastação. Bem orientada, a extração da madeira pode ser lucrativa e não destrói a floresta - disse Mestrinho.

14/04/2000

Agência Senado


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