Dilma prevê “século da América Latina”



Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (31), em Buenos Aires, ao lado da presidenta Cristina Kirchner, que escolheu a Argentina como destino para sua primeira viagem internacional por considerar que os dois países são cruciais para transformar “o século 21 em século da América Latina”.

“E estou falando necessariamente em transformar os povos brasileiro e argentino e também os [demais] da América Latina”, disse Dilma em pronunciamento à imprensa, na Casa Rosada, sede do governo argentino. No palácio, ela participou de reunião bilateral, assinou atos e encontrou-se com um grupo de mães e avós da Praça de Maio – movimento criado por mulheres que tiveram os filhos desaparecidos durante o período de ditadura militar na Argentina.

Dilma Rousseff assinou 14 acordos e outros documentos conjuntos com a chefe de Estado da Argentina, entre os quais destacam convênios de integração em matéria energética e um acordo para criar uma comissão bilateral de cooperação e desenvolvimento fronteiriço, além de acertar a construção de uma ponte entre a cidade Argentina de San Pedro e Paraíso, no lado brasileiro, sobre o rio Iguaçu.

O crescimento, aliado à inclusão social dos povos dos países latino-americanos, marcou o discurso das presidentas. Dilma disse se sentir em um momento especial na Argentina e afirmou que os dois países vão aprofundar vínculos para construir um mundo melhor na região.

No encontro de trabalho, ainda conforme o Ministério das Relações Exteriores, Dilma Rousseff destacou o interesse brasileiro em manter a regularidade dos contatos de alto nível, incluindo os do Mecanismo de Integração e Coordenação Brasil-Argentina (Micba), e em aprofundar a estreita coordenação entre os dois países nos foros regionais e multilaterais, em particular no Mercosul e na Unasul.

A brasileira defendeu ainda projetos de cooperação na área econômica, com exploração do potencial agrícola e por meio de projetos voltados à tecnologia, ciência e inovação, políticas nas áreas nuclear, de biocombustíveis, de habitações populares e de saneamento. 

Cristina Kirchner afirmou, por sua vez, que as duas mandatárias têm em comum a visão de que a inclusão social deve ter protagonismo na condução das políticas de Estado. “Nós duas achamos que o crescimento e a soberania de uma nação devem ter como protagonista a inclusão social. O crescimento econômico só é bom se atingir a todos por meio da educação, da moradia.”

Cristina Kirchner lembrou o caminho trilhado pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner (falecido no ano passado) para aprofundar as relações bilaterais. Agora, acrescentou, elas darão continuidade a essas ações.

Dilma afirmou que os acordos assinados entre os dois países, durante sua visita a Buenos Aires, reforçam os vínculos já existentes e que a cooperação vai beneficiar os dois lados: “Abrimos um caminho de cooperação para beneficiar as economias argentina e brasileira, a fim de criar uma integração de plataformas produtivas e de construir cada vez mais o bem-estar de nossos países.”

 

Acordos 

As duas governantes assinaram um acordo de cooperação entre a Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA) da Argentina e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) do Brasil para destinar os reatores de pesquisa dos dois países a aplicações com fins pacíficos.

Em uma declaração conjunta, Dilma e Cristina lembraram que a cooperação nuclear "constitui um patrimônio comum irrenunciável da associação estratégica entre Argentina e Brasil". E  destacaram os avanços no projeto para construir a usina hidrelétrica binacional Garabi (a licitação para a obra foi iniciada neste mês de janeiro).

Além disso, assinaram um memorando de entendimento para a promoção comercial conjunta e outro de cooperação em planejamento urbano e casas, além de um plano de ação conjunta até 2015 para avançar na cooperação bilateral na área de massificação do acesso a internet de banda larga.

Outro convênio prevê a troca de experiências entre o Ministério do Planejamento argentino e a Caixa Econômica Federal. Um memorando de entendimento foi firmado entre os ministérios de Ciência e Tecnologia para a cooperação no desenvolvimento de "luz de síncrotron".

Foi acertada ainda a criação de uma farmacopeia em nível regional, uma declaração conjunta sobre a promoção da igualdade de gênero e a proteção dos direitos das mulheres e outra sobre a exploração dos recursos hídricos compartilhados no rio Uruguai e seu afluente, o Pepirí Guazú.


Fonte:
Agência Brasil



24/02/2011 16:21


Artigos Relacionados


Hu Jintao cita Xiaoping e diz que Século 21 é do Pacífico e da América Latina

Cepal prevê redução em ritmo de crescimento na América Latina e no Caribe

Banco Mundial prevê queda em crescimento econômico da América Latina e do Caribe em 2012

Estudo prevê aumento do superavit comercial na América Latina e no Caribe mesmo com crise

Dilma participa encontro da Clinton Global Initiative na América Latina

Celac reflete importância geopolítica da América Latina e do Caribe, diz presidenta Dilma