Hu Jintao cita Xiaoping e diz que Século 21 é do Pacífico e da América Latina



Em seu discurso durante a sessão solene do Congresso, no Plenário do Senado, o presidente da República Popular da China, Hu Jintao, lembrou a frase dita em 1988 pelo então líder chinês Deng Xiaoping ao então presidente do Brasil, José Sarney, que visitava aquele país: "o século 21 deverá pertencer ao Pacífico e, ao mesmo tempo, à América Latina". O presidente chinês afirmou que o desenvolvimento dos dois países enfrenta "novas demandas, condições de cooperação e uma conjuntura história sem precedentes":

- Devemos aproveitar esta oportunidade e trabalhar ombro a ombro para impulsionar conjuntamente o avanço da cooperação amistosa entre a China e a América Latina - afirmou Jintao, acrescentando que a China foi recentemente admitida como país observador no Parlamento Latino-Americano e na Organização dos Estados Americanos (OEA).

O presidente da China destacou os 30 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois maiores países em desenvolvimento nos hemisférios oriental e ocidental. Assinalou que, no âmbito internacional, a cooperação visa promover a implantação de uma nova ordem política e econômica internacional que seja justa e razoável. No âmbito econômico, ressaltou que os dois países se transformaram nos parceiros comerciais mais importantes entre as duas regiões.

- Nossa fecunda colaboração nos projetos de satélites e aviação regional merece ser qualificada como um excelente exemplo para a cooperação de alta tecnologia entre países em desenvolvimento - afirmou.

Hu Jintao disse também que as culturas chinesa e brasileira "competem em beleza e esplendor e se realçam reciprocamente". Segundo ele, na China, o futebol e o samba brasileiros encantam ao público de todas as idades, enquanto as artes marciais e a culinária chinesa fascinam os brasileiros.

O líder chinês enfatizou a troca de visitas presidenciais este ano - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na China em maio - e listou as diretrizes acordadas para reforçar os laços bilaterais: o fortalecimento das consultas entre os dois países; a expansão do intercâmbio econômico e comercial; ação coordenada na cooperação internacional, e a promoção de vínculos populares para aumentar o conhecimento mútuo.

- A associação estratégica entre a China e o Brasil não somente redundará em benefício da prosperidade e do progresso dos dois países, como também contribuirá para a salvaguarda da paz mundial e da promoção do desenvolvimento comum - afirmou Jintao.

Latinoamerica

Os dados econômicos citados pelo presidente enfatizaram as relações da China com a América Latina como um todo. O próprio discurso do presidente foi distribuído pela comitiva chinesa em versão em espanhol. Além de Lula e Sarney, as personalidades latino-americanas citadas foram Simon Bolívar, José Martí, Pablo Neruda e Jorge Luis Borges.

Assim, Jintao disse que o comércio entre a China e a América Latina aumentou seis vezes entre 1993 e 2003, tendo duplicado entre 2000 e 2003. As exportações da região para a China cresceram 79% apenas no ano passado e 48,1% entre janeiro e setembro deste ano. Acrescentou que a China tem US$ 1,6 bilhões em investimentos produtivos na América Latina, cifra que monta a US$ 4 bilhões se se considerar os investimentos financeiros.

Sobre seu país, afirmou que, nos últimos 25 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu em média 9,4% ao ano. Neste período, mais de 200 milhões de chineses deixaram de viver na pobreza. Mas, se o PIB chinês, que em 2003 chegou a US$ 1,4 trilhão, ocupa o sexto lugar no mundo, o PIB per capita está na 110ª posição, pois um quinto da população mundial - 1,3 bilhão de pessoas - são chineses.

O presidente chinês ainda enfatizou a posição de seu país sobre a questão de Taiwan (a ilha de Formosa), considerada pelo governo de Pequim como uma província rebelde. Jintao deixou claro que "a questão de Taiwan é assunto interno da China" e que "o governo e o povo chinês têm a confiança, a determinação, a sabedoria e a capacidade para consumar a reunificação completa de sua pátria".

- Iremos perseverar na orientação básica da reunificação pacífica e de um país, dois sistemas, e temos a maior sinceridade e faremos o máximo esforço por uma solução pacífica do problema de Taiwan - afirmou, acrescentando que, em hipótese alguma, a China aceitará a idéia de uma Taiwan independente. Agradeceu o apoio "dos povos latino-americanos" neste assunto.



12/11/2004

Agência Senado


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