Diretor da Fundação O Boticário apresenta documentos rebatendo denúncias



Nesta terça-feira (13), o diretor técnico da Fundação O Boticário, Miguel Milano, apresentou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar irregularidades cometidas por Organizações Não Governamentais (ONGs) documentos comprovando a posse de terreno de 2 mil hectares, adquirido em 1994 no Paraná. Milano trouxe ainda documentos em que o Ministério Público (MP) aprova as contas da Fundação. Segundo ele, o MP apresentou apenas reparações sobre a forma de apresentação da contabilidade e nenhum indício de irregularidades. Os documentos foram apresentados em reposta a denúncias feitas na CPI pelo deputado estadual Neivo Beraldim. Segundo o deputado, não haveria documento comprovando a posse do terreno pela a Fundação, e o MP teria encontrado irregularidades nas contas da Boticário.

Miguel Milano, em resposta à senadora Marina Silva (PT-AC), afirmou que a CPI representou uma ótima oportunidade para responder a essas denúncias. "Imagine como se sente um empresário que vê seu nome enlameado por fazer o bem. Os poucos que investem em conservação tem problemas com isso", afirmou. O senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR), presidente da CPI, destacou mais uma vez que o objetivo da comissão é fazer um raio-x das ONGs atuantes no Brasil para descobrir quais agem irregularmente.

Questionado pela relatora da CPI, senadora Marluce Pinto (PMDB-RR), Miguel Milano explicou que O Boticário não usa as plantas da reserva para fazer cosméticos nem perfumes. Segundo Milano, o Boticário compra de terceiros as essências usadas em seus produtos. O diretor explicou ainda que a fundação recebe recursos de cerca de 600 dos mais de 2 mil franqueados do Boticário e de alguns convênios.

Milano afirmou que pode até haver casos em que o perigo de extinção de espécies animais seja exagerado por alguma ONG para dar evidência ao trabalho, como questionou o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM). Mas o trabalho da maioria das instituições é sério, afirmou Milano, e a extinção de espécies não pode ser negada. Ele citou como exemplo a ararinha azul, extinta recentemente. Sobre desmatamento Milano lembrou o caso do Paraná, que tinha cobertura vegetal em 40% de seu território há 45 anos e hoje tem apenas entre 5% a 7%. A situação causa erosão e diminuição dos recursos hídricos.

Milano informou que a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza foi criada em 1990 com missão de destinar 1% do faturamento líquido de O Boticário para fins sociais, sendo que 80% desse valor são para projetos de conservação ambiental. Os projetos de conservação encaminhados à Fundação são examinados por 84 consultores voluntários e um conselho escolhe os que vão receber recursos. A Fundação apoiou cerca de 700 projetos e investiu um total de US$ 4 milhões ao longo desses anos. Criou há dois anos o parque de Salto Morato, no Paraná, reconhecido como patrimônio da humanidade pela Unesco. No local, são formados 240 técnicos ambientais por ano. A Fundação tem ainda um programa de educação, publicação de livros e doa 100 mil kits com cadernos escolares a alunos de escolas públicas do Paraná.

13/11/2001

Agência Senado


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