DIRETOR DO BC DEFENDE MANUTENÇÃO DE LEILÃO DO BANESTADO



O diretor de Finanças Públicas e Regimes Especiais do Banco Central (BC), Carlos Eduardo de Freitas, defendeu nesta terça-feira (dia 3), em audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), a manutenção da data de 17 de outubro para o leilão de privatização do Banestado.

- É do interesse nacional que a privatização se realize na data marcada, pois qualquer adiamento poderá ter reflexos sobre o patrimônio público - afirmou Freitas na abertura da audiência, realizada a partir de requerimento do senador Osmar Dias (PSDB-PR), que apontou diversas irregularidades na gestão do banco e no processo de venda. O diretor do BC disse que a privatização não interromperá a apuração de responsabilidades por essas irregularidades.

Osmar Dias lembrou que, apesar de R$ 5,1 bilhões terem sido injetados no processo de saneamento do Banestado, o banco será negociado pelo preço mínimo de R$ 434 milhões, inferior ao valor de seu patrimônio líquido. Questionou a gestão do Banestado Leasing, que chegou a oferecer desconto de 94% em financiamento a um shopping center, e a garantia de manutenção no banco, por cinco anos, do monopólio dos depósitos tributários feitos pelo governo paranaense.

- O lucro obtido a partir desse monopólio já bastará para que a compra do banco se pague em três anos - observou Dias. Carlos Eduardo de Freitas disse que a manutenção dos depósitos estaduais servirá como atrativo para os candidatos à privatização - que já incluem três bancos nacionais e dois estrangeiros. Por sua vez, a diretora de Fiscalização do BC, Teresa Grossi, concordou com as acusações feitas por Osmar Dias em relação à gestão do Banestado. "O que encontramos lá foi estarrecedor", afirmou.

De acordo com Teresa, entre as irregularidades constatadas pelo Banco Central estava a de um empréstimo a empresa que tinha o mesmo endereço do pai do diretor do Banestado Leasing. A diretora afirmou que as irregularidades estão sendo apuradas por procedimento administrativo e defendeu a mudança da legislação, para permitir que o BC possa atuar preventivamente em situações semelhantes.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse ter notado uma defesa clara, por Carlos Eduardo de Freitas, do que classificou de "negociata" entre o governo do Paraná e o Banco Central, para permitir a privatização do Banestado. Freitas repeliu a afirmação, que considerou uma "ofensa pessoal, gratuita e não verdadeira".

Depois de conhecer detalhes da gestão do Banestado, os senadores José de Alencar (PMDB-MG) e Edison Lobão (PFL-MA) afirmaram que os bancos estaduais são responsáveis por boa parte da dívida pública. O presidente da CAE, senador Ney Suassuna (PMDB-PB), defendeu a realização de um amplo levantamento dos processos administrativos abertos contra diretores de bancos de todo o país. "O que mais dói é ver que os responsáveis por esses desmandos estão soltos", lamentou Suassuna.

03/10/2000

Agência Senado


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