Diretora do Ibict fala sobre os desafios de sua gestão
Conscientizar a sociedade sobre a importância da informação científica e tecnológica para o desenvolvimento do País e demonstrar a presença da ciência e da tecnologia no dia a dia do cidadão estão entre os principais desafios da nova diretora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict/MCTI), Cecília Leite Oliveira.
Com graduação em letras licenciatura plena, mestrado e doutorado em ciências da informação, todos pela Universidade de Brasília (UnB), a nova titular do instituto tem experiência no uso das novas tecnologias para solução informacional nos diversos campos de atuação da área em que se pós-graduou.
Pesquisadora da Embrapa Informação Tecnológica, Cecília foi cedida ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para atuar como coordenadora geral de Pesquisa e Desenvolvimento Novos Produtos do Ibict e, posteriormente, como diretora interina. Após oito anos como coordenadora, ela assume este novo desafio.
Sobre sua gestão como diretora da instituição:
Segundo Cecília, desde que entrou no Ibict, em 2005, atuou como coordenadora geral de Pesquisa e Desenvolvimento de Novos Produtos, um cargo focado na inovação de produtos de informação, aderente às políticas públicas voltadas a ações de cunho social.
“O modelo de gestão mais apropriado para o Ibict neste momento, a meu ver, passa pela estruturação, reorganização de ações no setor de Informação em Ciência e Tecnologia (ICT) e pela socialização dos avanços e conhecimentos gerados. A ideia é que o Ibict atue como mediador entre as demandas dos diversos setores da sociedade e soluções informacionais para atendê-las. Atuará também como integrador de sistemas de informação das áreas do conhecimento com as quais lida, possibilitando que pesquisa e desenvolvimento constituam um ciclo contínuo”, informou.
O instituto tem sido demandado pelos diversos segmentos da sociedade - universidades, institutos de pesquisa, setores representantes da indústria, comércio, educação, segurança pública, entre outros. Todos em busca de competência em informação, isto é, informar-se, formar-se e informar a outrem, para a construção de sistemas de informação, bibliotecas digitais, aplicação de metodologias, integração de bancos de dados, desenvolvimento de ferramentas tecnológicas e capacitação em informação.
Essa demanda aponta, de forma clara e objetiva, para a necessidade de um diálogo mais estreito e permanente com todos esses interessados. Nessa ótica, a busca será para agregar valor a produtos e serviços já existentes e criar novos, alinhados às demandas atuais de nossos usuários.
Análise da situação atual do instituto:
De acordo com a diretora, o Ibict enfrentou diversas crises, especialmente no final dos anos 1990 e início do novo século, com trocas sucessivas de dirigentes interinos que fragilizaram o instituto, gerando insegurança e desmotivação na equipe. A partir de 2005, ao reconquistar a legitimidade de um diretor com mandato, o Ibict passou por um processo de recuperação de sua identidade como órgão de referência nacional para o setor de ICT.
A gestão passada, sob a direção de Emir Suaiden, foi marcada pela ampliação de ações, e o instituto passou a atender segmentos da sociedade que não faziam parte de seu universo até então. Criou o Programa de Inclusão Social, alinhado com as estratégias do MCTI, primeiro ministério a criar uma Secretaria Nacional de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social.
Seguindo esta linha, o Ibict investiu no aprimoramento de seus produtos tradicionais, na formação de mestres e doutores em ciência da informação e na realização de pesquisas na área; desenvolveu ações voltadas à formação de competência em informação; fortaleceu o movimento de acesso livre à informação, promovendo a ampla disseminação da produção científica nacional e a geração de novos conhecimentos; investiu na divulgação científica - visando à popularização da ciência junto ao cidadão e ao despertar dos jovens para a ciência - e apostou na disseminação de produtos e serviços em redes sociais; aproximou-se definitivamente do setor industrial e empresarial, por meio da integração de ações envolvendo governo, academia e iniciativa privada no desenvolvimento de serviços de informação tecnológica voltados ao setor produtivo.
“Hoje, podemos dizer que o Ibict está reconquistando seu lugar de destaque no cenário da ICT no Brasil. Tornou-se referência nacional na promoção do livre acesso à informação em ciência e tecnologia. Tudo isso é fruto de pesquisas e desenvolvimento de recursos informacionais destinados a levar à sociedade o conhecimento científico e tecnológico de forma simplificada, sistêmica e gratuita,” completou.
Aspectos fortes da instituição?
Ainda sobre o Ibict, Cecília Leite disse que os aspectos fortes da instituição sempre foi o trabalho com conteúdos, isto é, coletar, organizar, armazenar e disseminar informação. O diferencial está em conciliar essa expertise às novas tecnologias e metodologias inovadoras, buscando a integração das diversas áreas do conhecimento por meio da informação. Dessa forma, o instituto amplia o acesso à informação gerada em áreas específicas e integra essa informação com a de outras áreas.
Trata-se de um ciclo virtuoso de geração de conhecimento, desenvolvimento, autonomia e inovação. Neste novo momento, o instituto está se organizando para atender a diferentes setores da sociedade, integrando informação científica e tecnológica para o atendimento com qualidade a essa demanda e agregando valor a seus produtos e serviços de informação.
“O Ibict tem investido de forma decisiva na oferta de textos completos e gratuitos na web. Esta iniciativa o colocou, recentemente, em posição de destaque no ranking mundial de institutos de pesquisa na web. Ele ficou em 106º lugar entre oito mil instituições congêneres avaliadas no mundo e em 6º lugar entre as 98 do Brasil”, enfatizou.
Principais desafios da administração?
Por fim, ao responder o questionamento sobre os desafios da sua administração, Cecília informou que é conscientizar a sociedade sobre a importância da informação científica e tecnológica para o desenvolvimento do País; demonstrar a presença da ciência e da tecnologia no dia a dia do cidadão; e sensibilizar setores especializados a contribuírem para essa conscientização. “Para tanto, serão necessárias análises aprofundadas dos nossos processos e atenção especial às atividades de divulgação científica, assim como o estabelecimento de diálogos com setores específicos da sociedade com o uso de sistemas de informação especialmente desenvolvidos para tal,” avaliou.
Outro grande desafio é a integração do trabalho de ensino e pesquisa com as ações estratégicas do instituto. Com isso, os produtos e serviços existentes, assim como os novos, terão ganhos significativos por meio do respaldo acadêmico. Por fim, um desafio comum a todos os gestores, é a manutenção de uma equipe motivada. A meu ver, isso só se consegue por meio da valorização das competências existentes e da facilitação da capacitação contínua.
Metas a curto, médio e longo prazo:
“Em curto prazo, queremos integrar as equipes, projetos e ações do Ibict, de maneira que a participação de todos se faça na sua atuação específica e em contribuição com os demais setores internos da Casa. Em médio prazo, criar uma relação mais próxima entre os diversos setores da sociedade e áreas do conhecimento, favorecendo a ampliação, o desenvolvimento e a inovação de cada um deles a partir da atuação do Instituto. E, em longo prazo, alcançar o reconhecimento do instituto como importante órgão para o desenvolvimento nacional, considerando a transversalidade da informação e sua importância para uma sociedade competente no uso da informação para a melhoria de sua qualidade de vida,” concluiu.
Fonte:
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
10/01/2014 17:48
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