Dirigente vascaíno não comparece para depor à CPI do futebol



"É mais um ato protelatório que tem por objetivo prejudicar os trabalhos da comissão". Dessa maneira, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias de irregularidades no futebol brasileiro, senador Álvaro Dias (PDT-PR), interpretou a ausência do presidente do conselho fiscal do Clube de Regatas Vasco da Gama, Geraldo Teixeira da Silva, que deveria depor nesta quinta-feira (4) perante a CPI. O dirigente vascaíno alegou "problemas de saúde", com base em atestado médico assinado pelo doutor Cerqueira Dantas.

Segundo Álvaro Dias, a CPI já está acostumada a esse tipo de protelação que, observou, faz parte de uma estratégia montada pelos convidados para esconder fatos graves que envolvem clubes e entidades do futebol. O senador adiantou que o dirigente vascaíno será reconvocado para depor na próxima terça-feira (9), "mesmo que seja conduzido por força policial". Sobre o atestado médico apresentado, Álvaro Dias foi enfático: os membros da comissão não acreditam na veracidade do documento, "que chega a desqualificar o próprio profissional".

- Apesar dessas manobras, não tenho dúvidas de que a CPI vai concluir os trabalhos até o dia 8 de novembro, conforme o previsto - disse Álvaro Dias.

Na próxima terça-feira deverão depor, além de Geraldo Teixeira da Silva, o ex-presidente do Vasco Antônio Soares Calçada e mais dois diretores do clube, Carlos Alberto Cavaleiro e Wanderley Doring. Na quarta-feira (10), deverão comparecer à CPI para depor o presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, e o diretor do clube Delair Dambrosch. Ambas as reuniões estão marcadas para as 10h.

ENFERMARIA

O relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), também lamentou a ausência do presidente do conselho fiscal do Vasco na comissão. Para ele, isso demonstra a falta de seriedade do dirigente vascaíno para com o clube e com a própria torcida que, observou, desejam explicações sobre várias denúncias, entre as quais a que envolve o nome do ex-diretor de futebol do Vasco, deputado Eurico Miranda, acusado de ter recebido dinheiro do clube para gastos com campanhas eleitorais em 1988, no valor de R$ 600 mil.

Geraldo Althoff tem certeza de que o atestado médico apresentado pelo dirigente vascaíno não condiz com a verdade e visa apenas atrasar os trabalhos da comissão. "Com esse atestado, a enfermaria da CPI recebe mais um paciente. Mas ela é grande e, portanto, tem espaço físico e tolerância para abrigar mais um enfermo", ironizou o senador, ao deixar claro que essas manobras fortalecem ainda mais a comissão para que aprofunde as investigações na busca da verdade, apesar de todas as dificuldades.

O relator da CPI entende que, após a apresentação do relatório final, o futebol brasileiro entrará numa nova fase. Caso as recomendações apresentadas pela CPI não sejam acolhidas pelos dirigentes de clubes e federações, prevê Geraldo Althoff, "o caos haverá de se instalar no futebol, com um iminente comprometimento do patrimônio dos clubes". Para o relator, a CPI é a última alternativa para que seja promovida uma mudança no curso da história do futebol brasileiro. "E o pensamento não é apenas dos membros da comissão. Tem respaldo na maior parte da crônica esportiva nacional", concluiu Geraldo Althoff.

04/10/2001

Agência Senado


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