Discurso de Jereissati sobre a crise financeira internacional gera longo debate em Plenário



O discurso do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) nesta quarta-feira (8), em que criticou a forma como o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem lidando com a crise financeira internacional, provocou um longo debate em Plenário. Ao todo, 16 senadores, tanto da oposição como de partidos da base do governo, o apartearam para opinar sobre os reflexos da crise no Brasil e analisar as medidas que o governo vem tomando para enfrentá-los.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), mesmo se dizendo disposto a aprovar medidas de combate à crise financeira, também teceu críticas à forma como o governo enfrenta o problema.

- O que nos preocupa é ver o baixo nível do governo, com raras exceções. Este assunto é tratado no estilo da mediocridade - disse o senador pelo Paraná.

Para o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), as declarações de Lula sobre a crise financeira estão em descompasso com a realidade mundial. Segundo ele, o presidente da República precisa deixar de falar como sindicalista e se comportar à altura das exigências do momento.

O senador José Agripino (DEM-RN) disse que o Brasil não pode tratar a crise com gracejos, enquanto os representantes dos países da União Européia e de diversos bancos centrais vêm procurando encontrar uma solução para os prejuízos já registrados.

- O governo não deu uma palavra sobre racionalização de gastos, contenção de despesas. Está tratando a crise como se fosse uma eventualidade que está vindo do camarada chamado Bush e com a qual não temos nada a ver. Temos que agir com responsabilidade - disse.

Para o senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA), é impossível o Brasil não sofrer as conseqüências da atual crise financeira em tempos de mercado globalizado.

- O governo tem que cortar os gastos públicos, passar a ser austero, apertar os cintos. Teremos agravamento das contas fiscais, juros altos no ano que vem - afirmou.

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) também afirmou que o Brasil não está imune à crise, "ao contrário do que apregoa Lula".

Humildade

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) manifestou apoio a Tasso Jereissati, mas disse que mantém a confiança no presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na condução da crise.

- O governo deveria ter humildade e prudência para enfrentar a crise. Com essa instrumentalização partidária, sindical e ideológica que está fazendo, não colabora para a solução dos problemas; é uma visão deturpada do que é o mundo globalizado - disse.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que todos precisam ficar atentos à crise, lembrando que o presidente do Banco Central e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deverão comparecer ao Senado para debater o assunto, em data que deverá ser agendada na próxima semana. Convite nesse sentido foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) na terça-feira (7).

O senador Marco Maciel (DEM-PE) classificou o discurso de Tasso como oportuno, defendendo um cotejo entre o governo atual e o governo de FHC para enfrentar a crise.

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) não concordou com a equiparação feita por Tasso Jereissati entre o Proer do governo FHC e do governo Lula. Ele reconheceu que a redução do crédito prejudica a economia e reduz a geração de empregos, mas acentuou que o Proer de FHC foi adotado em função de denúncias de irregularidades praticadas por alguns bancos, enquanto o atual teve origem em função da crise internacional.

Para Demóstenes Torres (DEM-GO), Lula deveria alertar a população brasileira sobre os riscos grandes e inevitáveis da crise.

- O governo tem que reconhecer que, salvando os bancos, salva os correntistas, como fizeram os Estados Unidos, a Inglaterra e bancos centrais mundo afora. Tem que ter consciência tranqüila, plena e alertar a população, em vez de ficar mandando a população fazer compras - afirmou.

Para atenuar os efeitos da crise, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) sugeriu que o governo deveria reduzir o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como forma de diminuir os custos das operações de crédito.

Já o senador João Pedro (PT-AM) contestou as afirmações de Tasso Jereissati e classificou como correta a postura de Lula. Segundo ele, o governo vem atuando com responsabilidade e adotando medidas para proteger o país da crise financeira.

Na avaliação do senador Renato Casagrande (PSB-ES), o governo não pode ignorar a crise e nem ser alarmista, mas demonstrar com veemência as medidas tomadas para tranqüilizar a população.

Os senadores Jefferson Praia (PDT-AM), Rosalba Ciarlini (DEM-RN) e Mão Santa (PMDB-PI) também endossaram o discurso de Tasso Jereissati.



08/10/2008

Agência Senado


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