DIVERGÊNCIAS À PARTE, SENADORES RESSALTAM IMPORTÂNCIA DO PT NA POLÍTICA NACIONAL



Dezoito senadores apartearam Marina Silva para associar-se à homenagem que ela prestou aos 20 anos de existência do PT. Dos relatos que trataram da proximidade que muitos mantiveram com os petistas no período de redemocratização às divergências que os opuseram em momentos posteriores, os senadores referiram-se a qualidades que caracterizam o partido - coragem, ousadia e perseverança - e homenagearam a principal figura do PT, Luís Inácio "Lula" da Silva, que esteve presente no plenário em companhia do presidente do partido, José Dirceu. Como salientou o líder do PFL Hugo Napoleão (PI), "hoje não é um dia desses", comparados "aos momentos de divergências e de votos contrários". Como líder do governo, José Roberto Arruda (PSDB-DF) cumprimentou o PT por sua contribuição à consolidação da democracia no Brasil e, especialmente, Lula, dizendo que "qualquer país exibe com orgulho a biografia de um filho seu que tem a biografia que ele tem" e Marina, que "enfrenta divergências com galhardia, força, veemência e também muita elegância".Romeu Tuma (PFL-SP), para quem o PT correu riscos devido às facções que contém e só sobreviveu "graças à perseverança de Lula", relatou que duas vezes teve Lula sob sua "custódia". No encerramento de uma greve de fome, acrescentou o senador, foi a um restaurante e levou lula à doré aos sindicalistas. Então membro do Partido Comunista e contrário à criação do PT, Roberto Freire (PPS-PE) lembrou acirrado debate que reuniu em São Bernardo lideranças do MDB e intelectuais - como Francisco Weffort, Fernando Henrique Cardoso, Almino Afonso e Leonel Brizola, entre outros. Hoje ele reconhece que, se na época interessou ao regime militar a criação do PT, "o tiro saiu pela culatra", pois, ao invés de dividir a oposição, acabou criando novos personagens.O PT, segundo Jefferson Péres (PDT-AM), preencheu um vácuo de representação - de trabalhadores organizados e humildes em geral - e, nessa condição, "foge à média dos partidos brasileiros", por se reunir em torno de princípios e não de interesses. Tião Viana relembrou que, há 20 anos, o PT estava sendo criado e ele iniciava sua vida como cidadão filiando-se ao partido. Francelino Pereira (PFL-MG), que se iniciou na política "na luta contra o despotismo do Estado Novo", informou que nas eleições de 1989 para a Presidência da República seu voto foi para Lula e não Collor. "Não votei assim galhardamente, mas não podia votar em seu opositor", disse.José Eduardo Dutra (PT-SE), por sua vez, registrou que, na realidade plural que é o PT, duas figuras sintetizariam o partido: Marina Silva, ou "os excluídos que passaram a ter voz com o PT" e o afiliado nº 1, Mário Pedrosa, que representa "o intelectual em seu sentido mais grandioso". Maguito Vilela (PMDB-GO) externou sua simpatia pelo PT de Goiás e de sua cidade, Jataí, e afirmou sua expectativa de que o partido continue revelando talentos políticos como os da bancada petista no Senado. Como "irmão" partidário, Roberto Saturnino Braga (PSB-RJ) fez questão de "partilhar a festa do PT com orgulho de democrata que preza a justiça social e a ética". Seu colega de bancada, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), considerou que se todas as propostas petistas fossem assumidas pelo governo, "não haveria tanta pobreza no país".Pedro Simon (PMDB-RS), por sua vez, ressaltou que, nas eleições de 1994, afirmou que o Brasil ganharia com qualquer um dos dois candidatos à Presidência - Lula ou Fernando Henrique. Para ele, é graças a partidos como o PT e figuras como Lula "que não teremos novos 1964". Iris Rezende (PMDB-GO) disse que "o PT tem uma extraordinária folha de serviços prestada ao país". Embora muitas vezes radical, o partido é, na sua opinião, movido por ideais e pureza de propósitos. Bernardo Cabral (PFL-AM) agradeceu à atuação de Lula, na Assembléia Nacional Constituinte, em favor da Zona Franca de Manaus e destacou a manutenção do acordo, "em nenhum instante quebrado", que permitiu a aprovação do capítulo dos direitos sociais.José Sarney (PMDB-AP), para quem o corporativismo getulista retardou a implantação da democracia no país, disse acreditar que o movimento iniciado em São Bernardo e a criação do PT foram fundamentais para a consolidação democrática. Nesse sentido, a biografia de Lula "é muito mais um patrimônio do país do que dele mesmo", afirmou. José Alencar (PMDB-MG) homenageou o PT "pelo sentimento nacional e sensibilidade social", enquanto Emilia Fernandes (PDT-RS) registrou sua expectativa de o PT "ter cada vez mais os que pensam o povo, a exclusão e as injustiças sociais". Sérgio Machado (PSDB-CE) salientou que seu partido e o PT buscam "a maior inclusão possível, cada um dentro de sua visão".

09/02/2000

Agência Senado


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