Dólar cai abaixo dos R$ 3,00








Dólar cai abaixo dos R$ 3,00
O dólar, pela primeira vez desde 25 de julho, encerrou o pregão abaixo dos R$ 3,00. O desempenho da moeda norte-americana que caiu 3,64% refletiu o alívio dos investidores com o fechamento do acordo entre o governo e o Fundo Monetário Internacional (FMI). O risco-país (Embi+), do JP Morgan, cedeu 10,37% para 1.763 pontos e os títulos mais líquidos da dívida brasileira, os C-Bonds dispararam 1,69% para 60,25% do valor de face. Na mínima do dia, o Embi+ recuou para 1.658 pontos.

O otimismo no mercado de câmbio só não foi maior devido à declaração do presidente do Banco Central Armínio Fraga de que a autoridade monetária não vai mais realizar as intervenções diárias de US$ 50 milhões. "Na verdade foi um erro de interpretação do mercado, mas quando Fraga explicou que só iria atuar quando necessário já era tarde demais", explica o gerente de câmbio da Novação Corretora, José Roberto Carreira.

Operadores disseram que, quando a moeda estava abaixo de R$ 2,90 os importadores entraram na ponta compradora. O volume de negócios subiu consideravelmente pela manhã. Os analistas agora esperam que o dólar fique entre R$ 2,80 e R$ 2,90. "A tendência de apreciação do real não é de curto prazo. A transição política vai ser mais tranqüila, mas nem tudo está resolvido", diz o economista do BBV Banco, Luiz Afonso Lima.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais do Extremo Sul (Abamec Sul), Cody Pires, a permanência do alívio no mercado ainda depende do cenário externo. "O acordo com o FMI traz um pouco de tranqüilidade para o mercado atual. A visão era de que o Brasil não teria recursos suficientes para o pagamento das dívidas. Agora há uma reação de alívio ao sufoco", diz.

O total de pagamentos externos do setor privado, incluindo dívidas, juros e financiamento previsto para esse trimestre supera a soma da ração diária do BC de US$ 50 milhões, que vinha sendo empregada para dar liquidez ao mercado. "O acúmulo de saídas de recursos pressionava o câmbio", justifica Pires. Segundo o relatório do ABN Anro, com dados do BC, o montante das dívidas com vencimento em agosto chega a US$ 2,726 bilhões, em setembro US$ 2,315 bilhões e em outubro a US$ 4,285 bilhões.

A tendência do câmbio no Brasil também está relacionada ao compromisso assumido dos próximos candidatos. "A preocupação relacionada à dúvida quanto ao próximo governo foi resolvida em parte. É difícil que os outros candidatos recusem o empréstimo, logo a política vai ser condizente com as metas do FMI", acredita o economista do Banco Fibra, Guilherme da Nóbrega.

Bovespa ultrapassa os 10 mil pontos
Os investidores retornaram a Bovespa. Ontem, o volume financeiro quase alcançou a casa de R$ 1 bilhão. O índice acumulou forte alta de 4,52% e rompeu a resistência dos 10 mil pontos. A euforia vivida pelo mercado brasileiro contaminou as bolsas internacionais, um dia após o anúncio do pacote do FMI.

"O dia foi favorável para operações day trade", destaca o consultor de investimentos da Agente Corretora, João Marcos Cicarelli. Ele explica que a volatilidade ainda permanece e a bolsa pode registrar hoje um movimento de realização de lucros.

As bolsas norte-americanas e européias encerraram em alta. O acordo brasileiro com o FMI alavancou as ações dos bancos Citigroup e J.P. Morgan Chase que dispararam 7%. Os papéis de empresas espanholas com exposição no Brasil também dispararam, caso do Santander Hispano. A bolda de Madri encerrou em alta de 5%. Pelo segundo dia consecutivo o índice Latibex, que reúne ações de empresas latino-americanas cotadas em euros na Bolsa de Madri subiu forte, 6,03%. O motivo foi a valorização dos papéis brasileiros.

A tranqüilidade nos próximos dias está ligada ao cenário internacional. Para que o Ibovespa continue em movimento de recuperação é preciso melhorar o humor em Wall Street. A aposta é de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, realize mais um corte nos juros norte-americanos, o que pode impulsionar as bolsas novamente. Até quarta-feira, o Dow Jones acumula no ano queda de 18%, o Nasdaq 37% e o índice alemão, Dax, 32%.


CDL cadastra interessados em trabalhar aos domingos
Mais de 200 pessoas procuraram a CDL Emprego, serviço da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, somente nos dois primeiros dias de funcionamento do cadastro de pessoal para trabalhar aos domingos. A CDL Emprego, que intermedia a contratação de trabalhadores para o varejo, montou uma estrutura especial para atender à solicitação dos lojistas que vão ampliar o quadro de funcionários em função da abertura aos domingos.

"O aumento da jornada implica na necessidade de novas vagas", destaca o presidente da CDL, Atílio Manzoli Jr. A entidade orienta os empresários a abrir as lojas a partir do dia 18 de agosto, tempo necessário para treinamento dos novos trabalhadores.

A Federasul e a Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA) apóiam a decisão judicial que permitiu a abertura das lojas aos domingos. Para o presidente da Federasul, Paulo Afonso Feijó, todos ganham com a medida, a começar pela economia da região, que terá um incremento da produção, da renda e dos empregos.


Acordo traz metas mais folgadas
O governo obteve um acordo "espetacular" com o Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo qual receberá US$ 30 bilhões "sem custo", comemorou o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, em uma entrevista coletiva no Ministério da Fazenda, convocada para explicar o que envolve a negociação.

O acordo traz metas mais folgadas para a inflação, aumenta o poder de fogo do Banco Central no mercado de câmbio e não pressupõe nenhuma mudança na condução da política monetária, ou seja, nos juros. Também não prevê apertos adicionais para as contas públicas em 2002 e 2003, embora preveja que o arrocho fiscal continuará em 2004 e 2005.

Segundo o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o acordo não requer assinatura dos candidatos à Presidência da República. "Mas facilitaria enormemente o processo se os principais candidatos expressassem de forma clara algo que estamos convencidos: que esse acordo serve aos interesses do País e será reiterado." Ele afirmou que a ajuda garantirá uma transição tranqüila para o próximo governo.

Ambos afirmaram que o custo de não obter o empréstimo seria muito mais alto e se traduziria em taxas de crescimento menores, mais desemprego e maiores dificuldades na obtenção de recursos externos. Malan disse que o acordo nessas condições foi obtido graças "ao peso do Brasil na região e no mundo". Na sua avaliação, também contou o prestígio internacional do presidente Fernando Henrique Cardoso e de Armínio Fraga e a competência da equipe negociadora.

Apesar dos valores acertados com o FMI, o governo não alterou a sua meta oficial determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) que é de 3,5%, podendo chegar ao teto de 5,5% em dezembro. No entanto, o próprio BC já admitiu na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que esse valor será extrapolado.

Irritado, o presidente do BC preferiu desqualificar questionamentos sobre quando o novo acordo poderá surtir efeito nos juros. "Isso é perda de tempo", reagiu Fraga, mostrando desconforto com o tema. Mais tranqüilo, o ministro Pedro Malan tentou corrigir a indelicadeza do presidente do BC e disse que esse era um assunto decidido nas reuniões do Copom.

Números e metas
  • Os primeiros US$ 3 bilhões estarão disponíveis ao País no início de setembro
  • Outros US$ 3 bilhões poderão ser sacados em dezembro
  • Os outros US$ 24 bilhões serão desembolsados ao longo de 2003
  • O governo está negociando novos empréstimos com o B anco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
  • A meta central da inflação para dezembro foi fixada em 6,5% e a margem de tolerância ampliada de 2 para 2,5 pontos porcentuais.
  • A inflação de 2002 poderá chegar a 9% no ano
  • Inflação de 2003: 4%
    Superávit de 3,75% tem apoio da oposição
    As metas para as contas públicas fixadas no novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para os próximos três anos não amarram o próximo governo, afirmou o ministro da Fazenda, Pedro Malan. Segundo ele, as assessorias econômicas dos principais candidatos à Presidência reconhecem que é necessário obter por vários anos o superávit primário (receitas menos despesas, antes do pagamento de juros) de 3,75% do Produto Interno Bruto - cerca de R$ 53 bilhões - para controlar o crescimento da dívida pública.

    "Estamos respeitando a meta já assumida pelo Congresso para 2003 e agora refletida neste acordo", enfatizou o ministro, referindo-se à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). "A LDO foi aprovada com o amplo apoio dos partidos, inclusive todos da oposição." Para 2004 e 2005, a meta de superávit primário proposta ao Fundo é de no mínimo 3,75% do PIB para todo o setor público (União, Estados, municípios e estatais).

    O ministro acredita que a meta é suficiente para estabilizar a relação entre o endividamento público e o PIB, hoje em 58%. Malan não informou as projeções feitas no acordo com o FMI para a relação dívida-PIB, pois esses detalhes ainda estão sendo definidos. A relação dívida-PIB é um dos principais indicadores da saúde financeira do governo.

    BC ainda não sabe como ampliar linhas de crédito
    Apesar do anúncio do novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo não deixou claro como será resolvido uma das principais fontes de pressão no mercado cambial atualmente: a escassez de linhas de crédito.

    O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse que a equipe econômica está estudando medidas para ampliar essas linhas, mas não deu detalhes de quanto dessa nova ajuda externa será destinado para esse fim.
    "Isso é algo que nos preocupa e vamos explorar uma possibilidade pontual para lidar com essa questão", afirmou Fraga. "Estamos estudando um mecanismo direto para retomar as linhas de crédito".

    O ministro da Fazenda, Pedro Malan, confirmou que o governo continua em entendimentos com o Banco Mundial (Bird) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para obter recursos adicionais aos US$ 30 bilhões acertados com o Fundo. Como tradicionalmente o dinheiro do FMI não pode ser usado para suprir a falta de crédito comercial, é possível que esses organismos multilaterais dêem o suporte necessário nesse momento.

    A dúvida ontem no mercado, após o anúncio oficial do governo, era se o BC irá repassar recursos para bancos oficiais, como o Banco do Brasil e o Bndes, para que eles ofereçam às empresas esse tipo de financiamento ou se fará leilões de linhas específicas para o comércio de forma direta. Desde junho, o BC vem ofertando linhas de crédito para que as empresas que estão com dificuldade para renovar os empréstimos que estão vencendo possam quitar suas dívidas.

    Na avaliação do presidente do BC, o passo mais importante já foi dado: o fechamento do novo acordo com o Fundo. Isso, na avaliação dele, deverá recuperar a confiança em relação ao futuro da economia e, dessa forma, o mercado de crédito poderá ser retomado para o setor privado. "O principal é a recuperação da confiança, que ocorrerá gradualmente", comentou.

    "Mas as bases estão lançadas." Fraga acha que a tendência, de agora em diante, é a melhora gradual do balanço de pagamentos, com a volta das linhas de crédito e do investimento no País. Isso porque, com o alto volume de recursos obtido com o novo programa, o Brasil mostra que tem "condições de superar o aperto de liquidez" que ocorre no mercado.

    "Não há razão clara para a aversão ao risco e, por isso haverá retomada da liquidez que havia encolhido", comentou. "Se eu estivesse olhando como investidor, enxergaria oportunidades muito boas de negócios", diz Fraga.

    A opinião dos candidatos a Presidência

    Antonhy Garotinho
    O candidato à Presidência da República pelo PSB, Antonhy Garotinho, disse que está preocupado com o acordo fechado com o FMI porque os US$ 6 bilhões a serem liberados este ano são insuficientes para manter as reservas cambiais num bom nível. "O ministro da Fazenda, Pedro Malan, nos pediu para tornar pública nossa opinião e nosso sentimento é de preocupação. Para fechar suas contas em 2002, o Brasil precisa de, no mínimo, US$ 18 bilhões. Vamos supor que utilize os US$ 6 bilhões do FMI, mais os US$ 10 bilhões das reservas cambiais. Ainda assim faltam US$ 2 bilhões", calculou Garotinho. "O País vai ser entregue ao próximo presidente numa crise muito dura, faltando US$ 2 bilhões sou com reservas muito baixas. Nós queremos que o Brasil encontre soluções duradouras."

    Ciro Gomes
    O economista Mauro Benevides Filho, que integra o comando de campanha do candidato da Frente Trabalhista à presidência da República, Ciro Gomes, afirmou que um eventual governo Ciro vai honrar o acordo fechado com o FMI, mas pretende implementar reformas que venham a evitar que o governo tenha que utilizar todos os recursos colocados à disposição pelo Fundo. Benevides questionou a meta de superávit primário estabelecida (3,75% do PIB) no acordo e disse que só é possível avaliá-la em comparação com a necessidade de pagamento de juros. "Se isso não ocorrer, o governo estará mantendo a crise", disse. "É a terceira vez que isso acontece, e as soluções de curto prazo não resolvem o problema do Brasil".

    José Serra
    O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, disse que apóia o acordo de US$ 30 bilhões feito pelo governo brasileiro com o FMI. "Eu sempre apoiei e continuo apoiando porque o acordo não traz sacrifício econômico adicional e aumenta a segurança econômica para o futuro", comentou. Ele considerou positivo o acordo para o Brasil. Segundo o candidato, seu apoio ao acordo vem desde o primeiro momento em que se levantou a possibilidade de novas conversas com o FMI. Serra disse ainda que o problema atual é decorrente de um ataque especulativo e que é necessário ter mais dólares na economia brasileira. "Isso se consegue com exportação e substituição de importações, que são a base do meu programa de governo", afirmou.

    Luiz Inácio Lula da Silva
    O candidato a Presidência da República pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou hoje termos do acordo do governo federal com o FMI, mas disse que, dentro do atual modelo econômico, era "inevitável" não procurar o Fundo.

    Os principais alvos de crítica foram a redução do piso das reservas internacionais e a meta de superávit primário de 3,75% do PIB para os anos de 2004 e 2005. No entanto, Lula disse que, se for eleito, irá preservar a meta de superávit primário para 2003, e que irá honrar contratos já estabelecidos. "Tendo se tornado inevitável, entendemos que este acordo permite tranqüilizar o mercado e, com isso, dar uma chance, se forem tomadas as medidas corretas, de o país voltar a crescer", diz a nota oficial divulgada por Lula sobre o acordo.


    JC premia destaques do agronegócio
    O prêmio O Futuro da Terra, entregue anualmente pelo Jornal do Comércio aos destaques do setor primário gaúcho, chega à sexta edição em 2002, contemplando nove projetos. Criado em 1997 através de uma parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), a premiação tem o objetivo de destacar iniciativas científicas e tecnológicas no setor agropecuário. A entrega dos troféus aos premiados será realizada durante a Expointer, no dia 29 de agosto, na sede da Federação da Agricultura do Rio Grande do Su l (Farsul) no Parque Assis Brasil, em Esteio.

    A comissão julgadora do prêmio é formada pelos integrantes do Comitê de Ciências Agrárias da Fapergs, coordenado pelo professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Claudio Mario Mundstock. Os demais especialistas são Alci Loeck, José Carlos Fachinello, Enio Marchesan, João Restle, Luiz Antenor Rizzon, Sandra Cristina Milach, Rodrigo Costa Mattos, Paulo Roehe e Elemar Cassol.

    Na categoria prêmio especial, o contemplado será o pesquisador João Manoel Carvalho Pompeu. Responsável por inúmeros trabalhos de melhorias do trigo, o especialista também responde pelo lançamento de diversas variedades do cereal no Estado.

    Na categoria cadeias de produção, um dos troféus será recebido pela Associação Gaúcha de Produtores de
    Maçã (Agapomi), que através de permanente qualificação, tem auxiliado no trabalho de aceitação internacional da maçã gaúcha. Na mesma categoria, também será premiado o Conselho Regulador Herval Premium, que ajudou a elevar a qualidade da carne ovina pela união de todos os elos da cadeia produtiva.
    A categoria tecnologia rural vai contemplar a produção de mudas de plantas frutíferas do engenheiro agrônomo pelotense Claudiomar Fischer. "Um dos grandes problemas que atingem essas mudas são as doenças, e, por desenvolver um trabalho eficiente na prevenção desse problema, elegemos o projeto", ressalta o professor Mundstock.

    Também nesta categoria, a Escola Agrícola de São Vicente será consagrada. "Acreditamos que a escola representa muito bem o ensino agrícola organizado, que tem papel fundamental na formação de técnicos capazes de qualificar nossas lavouras", explica o professor.

    O outro premiado na categoria tecnologia rural é a Cooperativa de Nova Palma, que reúne pequenos agricultores com grandes resultados de produtividade em lavouras de arroz. A alta tecnologia empregada permite que alguns produtores alcancem um rendimento de até 10 toneladas de arroz por hectare.

    Na categoria novas alternativas, um dos agraciados é o Condomínio Agropecuário Itapororó, de Alegrete. "O projeto simboliza o esforço empregado no aperfeiçoamento dos cavalos da raça crioula, que já representam uma atividade econômica importante do Estado", analisa Mundstock.

    O Programa de Melhoramento de Bovinos (Promebo) também será premiado na categoria novas alternativas.

    O trabalho, que objetiva aumentar a qualidade de bovinos de corte, tem bases científicas e além de estar
    difundido no Rio Grande do Sul, já é utilizado por outros estados brasileiros.

    Ainda na mesma categoria, será contemplada a empresa OR Melhoramento de Sementes Ltda. Criada pelo agrônomo Ottoni Rosa, a empresa vem alcançando sucesso nas lavouras gaúchas pela qualidade das variedades ofertadas no mercado. A partir da próxima segunda-feira, dia 12, o Jornal do Comércio inicia a publicação de matérias que relatam a atividade de cada um dos contemplados pela premiação.


    Mudanças na fiscalização aduaneira geram polêmica
    A Medida Provisória nº 38 que retira dos auditores a exclusividade da conferência física das mercadorias para importação e exportação, está gerando divergências entre fiscais e empresas exportadoras. A votação da MP na Câmara de Deputados está prevista para o final do mês. Caso aprovada, a verificação das cargas poderá ser feita por alguém fora dos quadros da Receita Federal, e, até mesmo, terceirizada.

    "É um absurdo. Se a MP 38 for aprovada, a fase mais importante da fiscalização, que é a conferência física (etapa que verifica a identificação da mercadoria e a constatação de contrabando ou descaminho) poderá vir a ser feita por qualquer um", reclama o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Unafisco), Paulo Gil Introíni.

    Para Introíni, essa situação abre o caminho para a terceirização da fiscalização. A MP 38 elimina, ainda, a etapa da vistoria aduaneira a veículos procedentes do exterior, como navios. "E o pior é que a formulação de tais dispositivos saiu de dentro da própria administração da Receita Federal", diz Introíni. Para o Unafisco, o modelo da MP 38 copia o que foi feito na Argentina. A liberalização levou à infiltração de organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas, por meio de empresas terceirizadas de inspeção de cargas, afirma a Unafisco.

    Para o gerente de cargas Internacional, Nelson Guahnon, o projeto pode trazer uma agilização na liberação das cargas. "Desde que feita corretamente, a medida pode trazer vantagens. O que não pode acontecer é dos exportadores ficarem reféns das greves de auditores como a que está ocorrendo", argumenta.

    Guahnon afirma que menos de 10% das cargas têm uma verificação da parte física. Ele relata que de 10 mil a 13 mil caminhões passam na aduana de Uruguaiana todo mês. "É humanamente impossível a fiscalização de todos veículos. O contrabando acontece atualmente, uma terceirização não implica necessariamente uma facilitação aos contraventores", diz Guahnon.

    Introíni informa que os auditores fiscais devem intensificar as paralisações que vêm ocorrendo até a votação da MP 38 e da MP 46 que determina normas que regem a categoria.


    Ser pai é a chance de crescer
    Já houve tempo em que o pai era apenas o provedor da família. Para os filhos, era um afeto que tratavam com toda a solenidade. Era o "senhor", que mantinha seus sentimentos sob controle. Era a lei. E muitos a aplicavam como "dura lex". O amor que brinca, aquele que passeia no parque, que rola no chão, que ri de bobagens, que dá beijinhos para afugentar a dor depois de uma travessura desastrada, que fica à janela esperando a volta do filho, que fica insone para não perder a hora do remédio e que inventa novos personagens para a historinha não ficar enjoativa, este amor os filhos encontravam na mãe.

    Pois é, naquele tempo se vivia assim. Agora, não mais. Talvez menos rapidamente do que deveria - ainda existem os reticentes - mas em muitas situações, em muitas casas, a transformação já é visível, produzindo belos momentos entre o pai e seus filhos. E todos ganham com isso. E já há muitos por aí acreditando, como Alexandre Dossin, que ser pai é crescer um pouco mais.

    Pianista de carreira internacional, Dossin descobriu a importância da paternidade quando nasceu Sophia. É sua filha com a russa Masha, professora de regência coral. A emoção que viveu na sala de parto foi tão grande, que afetou toda a sua vida. Tudo mudou, inclusive profissionalmente. Deixou de ser apenas concertista e passou a dar aulas na Universidade de Wisconsin, porque assim pode ficar mais tempo com Sophia, com quem se divertiu no parque da Redenção quando esteve em Porto Alegre, em julho. Para ele, na vida de um homem nada pode ter significado maior do que um filho.

    O filho verdadeiramente amado pelo pai vai retribuir com amor. E não se recusará a demonstrar isso. Foi assim que Harry C. Meeck, então presidente do Lions Club (EUA), criou o Dia dos Pais em 1910. Ele quis homenagear o seu, William Jakson Smart. No Brasil, a data é comemorada desde 1954. E todo bom pai merece esse carinho.


    Artigos

    Cultura e a juventude
    Margarete Moraes < /i>

    (...E eu não vou me perder por aí.../Flávio Bicca) A violência em nosso cotidiano tem origem na história de exclusão, persistente desde a conquista do Brasil, situação agravada pelo modelo neoliberal e pela adoção do Estado Mínimo. Desobrigado dos investimentos de cunho social, o Estado propicia maior concentração de renda e, por conseqüência, o empobrecimento da maioria. A crianças e adolescentes nascidos em famílias pobres resta o trabalho precoce ou o abandono, e daí a exposição a toda sorte de abusos. Nas grandes cidades, redes criminosas atrae m os jovens acenando com benefício material imediato e com a vantagem simbólico-afetiva do poder. O adolescente passa a ter acesso a bens de consumo da classe média; pela conquista de poder hierárquico na organização, é admirado e temido pelos seus. Dessa forma, sua auto-estima aumenta, precisamente em uma fase da vida em que é inseguro face à própria identidade e valores. Pouco importa se a glória e a vida são efêmeras. Se considerarmos que a segregação cultural é tão destruidora e cruel quanto o confinamento étnico e o racismo, é preciso insistir na arte e na cultura, capazes de transformar a realidade e de conferir sentido à vida. Resignação e conformismo não são parâmetros para nenhum modelo de sociedade, e a juventude "não pode se perder por aí". Não podemos aceitar o que acontece no sul do continente africano, onde os jovens, analfabetos, sem perspectivas, são dizimados pelo vírus HIV.

    Uma rede de órgãos da prefeitura de Porto Alegre ampara crianças e adolescentes, apontando-lhes novos caminhos. Na Cultura, oficinas do Projeto de Descentralização criam espaços de diálogo e convivência em toda a cidade, propondo outros códigos, atitudes e valores. Um deles é o "Olho da Rua", projeto da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia, que levou a linguagem do cinema a meninos e meninas de rua, conseguindo estabelecer um elo de mútua confiança. Primeiro resultado foi um vídeo, em que estes jovens tomam a palavra, apropriam-se do instrumental e expressam sua sensibilidade, tantas vezes ferida. A partir desta ação, muitos deles passaram a freqüentar a Sala P. F. Gastal e a participar da oficina de cinema, onde são atores, criadores, protagonistas. Seria ingenuidade pensar que arte e cultura conseguem, por si só, resolver o problema da exclusão social e da banalização da violência, da vida e da morte. Mas, sem dúvida, esporte, lazer, arte, cultura e educação disputam, no plano simbólico, o reforço narcísico dos jovens às supostas vantagens do crime, das drogas, do olho da rua. A cultura também faz parte desta idéia.


    Editorial

    ACORDO COM FMI SERVE MAIS AO PRÓXIMO PRESIDENTE

    O acordo feito com o Fundo Monetário Internacional servirá como colchão protetor mais ao próximo presidente do que a Fernando Henrique Cardoso, embora a conjuntura adversa que enfrenta. Isso é deduzido pelo pequeno desembolso até dezembro e pelos restantes US$ 24 bilhões sendo colocados à disposição do País em 2003, quando será outro o inquilino do Palácio da Alvorada. São US$ 30 bilhões, mais US$ 10 bilhões das reservas, uma fábula, levando-se em conta que quando da crise de 98 que antecedeu à flutuação cambial de fevereiro de 1999 o pacote foi de US$ 41 bilhões, dos quais parte sequer foi usada, tal a exuberância das finanças internacionais então, na bolha da Nova Economia, que espargia lucros pelo mundo.

    Menos de quatro anos depois, o Brasil volta ao Fundo, ganha apoio e não tem nada do que reclamar da Casa Branca. É certo, George Bush sentiu o perigo do Brasil, malgrado estar seguindo o receituário do FMI, ir à bancarrota, implodindo a economia mundial, em recessão, justo em ano eleitoral nos EUA, mais do que aqui.

    Além disso, nada justificava o risco-Brasil ter passado, em dois meses, de 800 para 2.300 pontos-base, com as
    linhas de crédito comercial cortadas, num círculo vicioso infernal que auto-confirmava as expectativas pessimistas. Isso que os EUA registraram déficit comercial de US$ 470 bilhões em 2001, sendo que 25% das exportações brasileiras foram para lá, enquanto apenas 1% das vendas norte-americanas vieram para cá.

    Somos a 11ª economia mundial mas nossa participação no comércio é de bizarros 0,9%, quando chegou a 1,5%. Com o Trade Promotion Authority em mãos, George Bush arrancará para acordos de livre comércio bilaterais, com o Uruguai e o Chile, depois com países centro-americanos e culminando com a "Jóia da Coroa", o Mercosul, Brasil à frente. Além disso, não podemos nos esquecer que está em fase finalíssima a megaconcorrência da Força Aérea Brasileira, de US$ 700 milhões, para aquisição de 12 a 24 caças supersônicos, os EUA querem vencê-la.

    Como os EUA são o país do comércio por excelência e onde o presidente é o primeiro mascate dos produtos ianques, deduz-se que haverá maior pressão pela vitória do caça F-16. De qualquer maneira, os candidatos a presidente não podem mais fazer beicinho para o acordo. Ele mantém o arcabouço que está em vigor, com superávit primário de 3,75% do PIB nas contas da União, estados e municípios, além de compromisso óbvio, o de manter austeridade e honrar o que foi assinado, em nome do País. Ao não liberar dinheiro para a Argentina, o Fundo mantém a política ditada pelos Estados Unidos, ou seja, quem não fizer a "lição de casa", sanear os bancos, cumprir tratados, gastar menos do que é arrecadado e manter metas de inflação estará fora do jogo. O Uruguai foi uma exceção por conta do auxílio que deu a Washington, quando apresentou moção contra Cuba na ONU, por causa dos Direitos Humanos, em nome da Casa Branca. O Brasil de Fernando Henrique vinha batendo forte contra a falta de ação do FMI no caso argentino, tendo ajudado na rapidez da liberação dos dólares o medo dos bancos norte-americanos, os mais expostos no Brasil, caso do Citigroup, com US$ 12,8 bilhões aqui, a maior aplicação entre os estrangeiros. Não por acaso, dois vice-presidentes do Citi são Robert Rubin, ex-secretário do Tesouro dos EUA e antecessor de Paul O'Neill, e Stanley Fischer, oriundo do FMI. Finalmente, sacramentado o acerto, será possível uma transição suave entre os dois governos após as eleições, desde que os candidatos não voltem com bravatas em busca de votos. A melhor resposta que o Brasil pode dar ao FMI, EUA e ao mundo é organizar suas contas para não mendigar dólares, como faz, sistematicamente.


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    08/09/2002


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