Duas empresas incubadas na Unesp ganham Prêmio Inovação Tecnológica
Nanox e Angelus conseguem primeiro lugar e menção honrosa no concurso anual da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep)
Duas empresas incubadas no Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de Araraquara, ficaram com o primeiro lugar e menção honrosa na categoria Pequena Empresa – Região Sul e Sudeste – do prêmio Inovação Tecnológica 2007. O concurso anual é iniciativa da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia.
As empresas laureadas são a Nanox e a Angelus. Seus representantes participaram da premiação, na solenidade realizada em Brasília, em dezembro. Ambas surgiram no sistema spin-off, uma modalidade de negócio iniciada a partir do trabalho conjunto de professores e alunos de uma universidade ou centro de pesquisa.
O spin-off visa a desenvolver produtos e serviços com alta tecnologia agregada. Depois de consolidada, a empresa mantém o vínculo com a universidade por meio de convênios e parcerias e gera emprego e renda na região em que está instalada.
A Angelus representou a região Sul e recebeu menção honrosa. Sediada em Londrina (PR), produz materiais odontológicos com fibra de vidro em vez de metal. Essa substituição confere aos produtos mais resistência e elasticidade e diminui riscos de fratura. A empresa tem encaminhados seis pedidos de patentes e vende sua linha para todo o País.
Primeiro lugar da categoria Pequena Empresa, região Sudeste, a Nanox é especializada em nanopartículas. Um de seus produtos é o Nanox Clean, material transparente e invisível a olho nu, usado para higienizar e eliminar microrganismos de objetos como, por exemplo, secadores de cabelos e bebedores de água.Premiação nacional – Cerca de 30 empresas concorreram à premiação em seis categorias. Segundo Vera Marina da Cruz, coordenadora do prêmio Inovação Tecnológica 2007, o número e a qualidade dos projetos vêm aumentando a cada edição. No ano passado, foram recebidas 732 inscrições.
Os vencedores recebem troféu, bolsas de estudo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e participam de um workshop na sede do British Council no Rio de Janeiro. O evento reúne especialistas em inovação do Reino Unido e promove a divulgação e troca de experiências entre as empresas.
A Petrobras patrocina o evento e concede bolsas de estudo integrais para um curso Master in Business Administration (MBA), na cidade sede da empresa vencedora. Oferece também visita às instalações operacionais na sua unidade de negócios da bacia do Solimões, na Amazônia. Outro patrocinador, a Tavares Propriedade Intelectual, oferece subsídio para depósito de pedido de patente ou registro de marca para os vencedores.
Prêmio adicional – O vencedor na categoria Pequena Empresa teve direito a mais prêmios: um laptop oferecido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e uma bolsa de estudos integral do Instituto Coppead de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para um dos seus cursos (MBA em Marketing, Finanças, Saúde ou Logística).
Retorno do investimento
A Nanox é vinculada ao Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), uma das unidades de excelência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Um grupo de pesquisadores do centro integra o comitê científico da empresa.
O CMDCM é sediado no Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (Liec) do IQ e mantém equipes na USP São Carlos, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e no Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares (Ipen).
Sediada em São Carlos, a Nanox foi criada por Luiz Gustavo Simões em sociedade com dois ex-alunos do CMDMC. Após dois anos de trabalho, período mais crítico para a consolidação de micro e pequenas empresas, o grupo de sócios tinha recuperado o dinheiro investido no negócio.
No terceiro ano de vida, a Nanox captou recursos do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas da Fapesp. Hoje, emprega 15 pessoas e vende três linhas de produtos. Uma de suas últimas novidades é um revestimento desenvolvido sob medida para secadores de cabelo. Com ação bactericida, purifica o ar aspirado e expelido pelo bocal do aparelho. “A experiência na universidade, somada ao apoio dos pesquisadores, explica muito nosso sucesso”, observa Luiz Gustavo.
Papel da universidade
“O modelo spin-off cria negócios sustentáveis, rentáveis e capazes de promover o desenvolvimento regional”, explica o físico José Arana Varela, pró-reitor de Pesquisa da Unesp e pesquisador ligado ao CMDMC. Desde sua fundação, em 1998, o centro firmou mais de 70 contratos de prestação de serviço; 12 estão em operação.
A lista de clientes inclui a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), White Martins, Indústria Brasileira de Artigos Refratários, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração e o Sindicato de Cerâmica Artística de Porto Ferreira. No total, acumulou-se US$ 97 milhões em recursos e o registro de 13 patentes.
Segundo Arana Varela, um dos caminhos para inovar é atuar sempre nas fronteiras existentes entre as diversas áreas do conhecimento humano. Trata-se de terreno bastante fértil para a criatividade – permite ao cientista ultrapassar as barreiras atuais e anunciar avanços tecnológicos.
Sobre o spin-off, ele destaca a importância de a universidade pública repassar o conhecimento produzido para a sociedade. “O Brasil deixa de importar tecnologias e passa a ter um novo perfil, mais tecnológico e menos industrial. Começa a formar sua sociedade do conhecimento, uma revolução já experimentada por países como Alemanha e Estados Unidos no início do século passado”, esclarece.
Da Agência Imprensa Oficial e Unesp
(M.C.)
01/09/2008
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